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segunda-feira, 7 de abril de 2014

O bullying que se pratica ‘inocentemente’ em nossas escolas - Opinião e Notícia

Crianças não têm o freio que impede que se 'bula' com os magricelas ou gordinhos, os feios ou bonitos, os orelhudos ou orelhinhas

por Claudio Carneiro

Um fabricante de chocolates teve seus produtos de páscoa recolhidos no estado do Rio de Janeiro por estimular o pequeno consumidor a praticar assédio contra seus amiguinhos. O parecer do Procon, aborda que “em épocas quando as questões relativas ao bullying estão sendo discutidas é inadmissível que um produto direcionado a crianças e adolescentes incite qualquer tipo de violência (como no caso, a verbal) entre eles”. A embalagem do chocolate trazia adesivos com as expressões ‘morto de fome’, ‘nerd’ e ‘nervosinho’ que deveriam ser coladas nos colegas de turma – seja de colégio, de rua ou condomínio.

Antes de mais nada, o anglicismo bullying bem que poderia ser definitivamente substituído pela expressão “bulir’ que, segundo o Aurélio, significa “caçoar”, “mexer” com alguém ou em alguma coisa. Em segundo lugar – todos sabemos – essa é uma prática preconceituosa, cruel e comum a todas as gerações que antecederam a esta dos dias de hoje. Todos tivemos um apelido do qual não gostávamos e ‘bulimos’ com nossos colegas com os mais perversos comentários sobre sua aparência, religião, tom de voz, condição social ou característica física. Ser “bulido” por alguém causa muito sofrimento.

Crianças não têm o freio que impede que se “bula” com os magricelas ou gordinhos, os feios ou bonitos, os orelhudos ou orelhinhas, os de cabelo liso ou crespo e uma série de outras características que nos deixam diferentes uns dos outros – com o objetivo natural de nos tornarmos únicos.

Fato é que, nas escolas, pouco se trata de impedir que esta prática nada louvável se perpetue, tanto no plano real quanto nas redes sociais. No ambiente escolar, por exemplo, grupos instituem um dia para homenagear determinada marca de consumo – como o “Gap Day”, por exemplo – no qual todos devem exibir roupas com etiquetas da famosa marca. Ai de quem não se enquadrar a esta atitude colonizada e ridícula.

Outro ícone de consumo é o iPhone. Antes mesmo de ingressar na adolescência, os pirralhos já exibem o aparelho como símbolo de status – como se o telefone fosse um item fundamental para o bom desempenho escolar e o relacionamento interpessoal. Quem não tem iPhone torna-se, irremediavelmente, “pobre” ou “estranho”.

Fato é que toda campanha publicitária com mensagem que estimule agressões como bulir com alguém está em desacordo com o artigo 37, parágrafo 2°, do Código de Defesa do Consumidor, por incentivar a discriminação entre crianças e adolescentes. O cientista sueco Dan Olweus define assédio como um comportamento agressivo e negativo, executado repetidamente, num relacionamento no qual há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Traduzindo do sueco para o Português: trata-se de agressão indesculpável com a qual os pais não devem compactuar.

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