Por Jarid Arraes
agosto 20, 2014
O funk vem ganhando cada vez mais espaço em nossa sociedade, o que também gera muito debate e polarização de opiniões. Apesar de não ser uma unanimidade, o funk pode estimular reflexões complexas sobre sexualidade, consumo, cultura da periferia e feminismo. Se você acha que todos esses tópicos já preenchem bastante tempo de discussão, ainda precisa conhecer a MC Xuxu, travesti e funkeira que usa seu trabalho para combater o preconceito.
Quando seu primeiro vídeo – que mandava “um beijo pras travesti” – viralizou em todo o Brasil, a jovem da comunidade de Santa Cândida, em Juiz de Fora, teve a oportunidade de conquistar um público interessado em diversidade e foi parar até mesmo em rede nacional. Hoje, depois do estouro inicial, MC Xuxu continua trabalhando com uma proposta cada vez mais politizada, levando em frente uma mensagem de inclusão e respeito.
“Eu gosto de cantar o que eu vivo, o que eu sou, e também acredito que todo mundo tem um propósito na carreira e o meu é esse: amenizar o preconceito. Eu sinto necessidade de mostrar a verdade de muitos de nós”, afirma Xuxu, que começou cantando Rap em 2009, até passar uma temporada no Rio de Janeiro, onde conheceu o funk e se identificou com o estilo.
Em seu mais recente vídeo, produzido para sua música “Desabafo”, MC Xuxu mostra a que veio: na cena inicial é agredida por dois homens, exibindo uma encenação que é, na verdade, inspirada em sua própria vida. “Isso aconteceu comigo, só que levei duas facadas, mas não quis mostrar no vídeo; fiquei com medo de ficar pesado”, explica. Embora não seja tão extremo como o fato real, o conjunto emociona, especialmente porque Xuxu segue cantando com muita força, afirmando que se orgulha de ser quem é.
No Brasil, os casos de assassinatos de travestis ainda são ignorados ou tratados como trivialidades. A transfobia brasileira é grave e empurra para a marginalidade milhares de mulheres trans que precisam, assim como Xuxu, batalhar muito mais por direitos já garantidos para quem não é trans. Por isso, MC Xuxu sabe que representa muito bem esse grande grupo de travestis e transexuais. “Onde vou as gatas fecham comigo, é muito importante para mim saber que elas estão curtindo”, declara.
Muitas feministas começam a descobrir o trabalho da MC e se empolgam com suas letras e seu potencial para defender as demandas dos ditos grupos minoritários. No entanto, criar expectativas a respeito de representação e autoidentificação com o Feminismo nem sempre é uma atitude recompensada; várias artistas, sejam cantoras ou atrizes, muitas vezes acabam fazendo colocações lamentáveis e confusas a respeito do Feminismo. Mas Xuxu, que não decepciona, fala sem medo: “Sim, sou feminista e quero representá-las (as feministas) sempre, porque acho que lugar de mulher é onde ela quiser! Direito iguais para todos”.
A funkeira promete mais vídeos que levantem debates acalorados e dá a pista de que seu próximo clipe será polêmico. MC Xuxu não se abala com xingamentos e piadas. Para quem se recusa a refletir e prefere agredir, seu recado é direto: “Falem bem, falem mal, mas falem meu nome”.
Revista Fórum
agosto 20, 2014
Foto: Divulgação |
Quando seu primeiro vídeo – que mandava “um beijo pras travesti” – viralizou em todo o Brasil, a jovem da comunidade de Santa Cândida, em Juiz de Fora, teve a oportunidade de conquistar um público interessado em diversidade e foi parar até mesmo em rede nacional. Hoje, depois do estouro inicial, MC Xuxu continua trabalhando com uma proposta cada vez mais politizada, levando em frente uma mensagem de inclusão e respeito.
“Eu gosto de cantar o que eu vivo, o que eu sou, e também acredito que todo mundo tem um propósito na carreira e o meu é esse: amenizar o preconceito. Eu sinto necessidade de mostrar a verdade de muitos de nós”, afirma Xuxu, que começou cantando Rap em 2009, até passar uma temporada no Rio de Janeiro, onde conheceu o funk e se identificou com o estilo.
Em seu mais recente vídeo, produzido para sua música “Desabafo”, MC Xuxu mostra a que veio: na cena inicial é agredida por dois homens, exibindo uma encenação que é, na verdade, inspirada em sua própria vida. “Isso aconteceu comigo, só que levei duas facadas, mas não quis mostrar no vídeo; fiquei com medo de ficar pesado”, explica. Embora não seja tão extremo como o fato real, o conjunto emociona, especialmente porque Xuxu segue cantando com muita força, afirmando que se orgulha de ser quem é.
No Brasil, os casos de assassinatos de travestis ainda são ignorados ou tratados como trivialidades. A transfobia brasileira é grave e empurra para a marginalidade milhares de mulheres trans que precisam, assim como Xuxu, batalhar muito mais por direitos já garantidos para quem não é trans. Por isso, MC Xuxu sabe que representa muito bem esse grande grupo de travestis e transexuais. “Onde vou as gatas fecham comigo, é muito importante para mim saber que elas estão curtindo”, declara.
Muitas feministas começam a descobrir o trabalho da MC e se empolgam com suas letras e seu potencial para defender as demandas dos ditos grupos minoritários. No entanto, criar expectativas a respeito de representação e autoidentificação com o Feminismo nem sempre é uma atitude recompensada; várias artistas, sejam cantoras ou atrizes, muitas vezes acabam fazendo colocações lamentáveis e confusas a respeito do Feminismo. Mas Xuxu, que não decepciona, fala sem medo: “Sim, sou feminista e quero representá-las (as feministas) sempre, porque acho que lugar de mulher é onde ela quiser! Direito iguais para todos”.
A funkeira promete mais vídeos que levantem debates acalorados e dá a pista de que seu próximo clipe será polêmico. MC Xuxu não se abala com xingamentos e piadas. Para quem se recusa a refletir e prefere agredir, seu recado é direto: “Falem bem, falem mal, mas falem meu nome”.
Revista Fórum
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