domingo, 2 de novembro de 2014

Quadrinistas brasileiras comentam representação feminina nos quadrinhos



Em vídeo, cartunistas e roteiristas debatem estereótipos e possibilidades para mulheres como personagens e como profissionais no mundo das HQs
Reprodução do vídeo "Representação das mulheres nas HQs"
A cartunista Laerte Coutinho comenta que, enquanto as mulheres têm feito a revolução feminista, aos homens "não lhes caiu a ficha ainda"


A indústria das HQs (histórias em quadrinhos), no Brasil e no resto do mundo, é dominada por homens, e um dos problemas da falta de mulheres criadoras de quadrinhos na grande indústria é a presença maciça de personagens femininas hipersexualizadas e estereotipadas nas páginas das HQs. “Quando a gente fala de figura feminina nos quadrinhos, é o exploitation: peitão, bundão, poses sexy, mas se a gente for ver, isso é uma fatia do mercado”, comenta a roteirista Petra Leão no vídeo “Representação das mulheres nas HQs”, realizado pelo site Lady’s Comics. “Você tem a mulher como uma motivação do herói. Mesmo as mulheres heroínas, elas são uma motivação para outro herói; elas são o interesse romântico, a irmã que morreu, a mãe, e a representação fica um pouco limitada”, acrescenta a quadrinista Mariá Raposa Branca.
“As representações femininas vão ser necessariamente estereotipadas enquanto existir essa cultura que divide a humanidade em dois gêneros, masculino e feminino”, comenta a cartunista Laerte Coutinho. “A diferença entre esses dois campos é que as mulheres vêm realizando desde o século XIX um processo de transformação radical que a gente costuma chamar de revolução feminista. E os homens não, eles ainda não perceberam, não lhes caiu a ficha ainda”, ri. A quadrinista Julia Bax ressalta que há sim mulheres e homens produzindo quadrinhos com personagens femininas mais próximas às mulheres que vemos todos os dias na rua e no espelho. “Acho que é só procurar um pouco que a gente acha coisas interessantes com personagens verdadeiros, tridimensionais, com qualidades e defeitos, que não são estereótipos”, diz. “Mas tem que procurar.”


Opera Mundi

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