Pesquisa da agência Heads analisa a representatividade na publicidade nacional
por Juliana Wallauer
28/10/2015
Em um levantamento inédito para mapear como gênero e raça são representados na publicidade, a agência Heads monitorou todos os comerciais veiculados nacionalmente na Globo e no Megapix, o canal de maior audiência na TV aberta e de maior audiência na TV fechada, respectivamente.
De 12 a 18 de julho desde ano, foram analisados 7.344 peças, entre vinhetas, oferecimentos e chamadas com 480 versões únicas de filmes de 259 marcas.
MULHERES SÃO PROTAGONISTAS EM 16% DOS FILMES, COM APENAS 1% DE NEGROS PROTAGONISTAS NO UNIVERSO MASCULINO E 7% NO FEMININO
As propagandas foram analisadas através de três perguntas:
· Quem são os personagens?
· Como eles são representados?
· O comercial contribui de alguma para a equidade de gênero e raça?
Aqui algumas das descobertas interessantes:
28% DOS PERSONAGENS REFORÇAM ESTEREÓTIPOS NEGATIVOS DE GÊNERO. MAS A MAIORIA DESSES DESVIOS ACONTECEM EM RELAÇÃO AO PAPEL DA MULHER.
A pesquisa avança para qualificar além de quantificar o problema através da análise de como os personagens são representados no comercial.
28% dos personagens reforçam estereótipos negativos de gênero. Mas a maioria desses desvios acontecem em relação ao papel da mulher. Comparando os estereótipos observados em ambos os sexos a maior diferença é o peso significativo que o padrão de beleza representa no grupo feminino, enquanto é irrelevante no masculino. A objetificação também é muito mais impactante entre as mulheres.
O ESTEREÓTIPO DO PADRÃO DE BELEZA TEM PESO SIGNIFICATIVO NO GRUPO FEMININO, ENQUANTO É IRRELEVANTE NO MASCULINO
Na contramão aparecem marcas que apostam no empoderamento ao quebrar estereótipos de gênero. Essa aposta ainda é restrita para um número reduzido de marcas que demonstram estar preocupadas em assumir protagonismo nesse momento de mudança, representando apenas 12% dos comerciais analisados.
São exemplos inspiradores como da Fructis que apostou em um discurso de aceitação ou provocadores como da Knorr que questiona os papéis tradicionais de gênero. É bom ver o Bradesco representando as marcas nacionais com uma campanha que coloca o personagem como sujeito da situação.
Quando confrontados com o desafio de promover a equidade as peças falham miseravelmente, com menos de 20% contribuindo de alguma forma para mudar o cenário.
O panorama apresentado não traz novidades, apenas materializa uma realidade que todos intuem e percebem, além de instrumentalizar consumidores e ativistas com dados para cobrar das agências e marcas uma comunicação mais responsável, que não aprofunde os problemas que já estão postos na sociedade, mas seja parte da mudança.
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