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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Homens agressivos são recompensados e mulheres que agem da mesma forma são punidas (PESQUISA)





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Os estudos científicos podem ser fascinantes... mas também, bem confusos. Por isso decidimos retirar todo o jargão científico e explicá-los por partes para vocês.
O Contexto
Na newsletter de Lena Dunham, Lenny Letter, lançada no mês passado, a atriz Jennifer Lawrence descreveu um cenário em que várias mulheres poderiam se identificar. Ao dar a sua opinião a um colega (um homem que trabalhava para ela) recebeu a seguinte resposta:
"Opa! Nós aqui estamos todos no mesmo time!". Ele praticamente a acusou de ser agressiva e emotiva demais, deixando Lawrence extremamente chateada. "O que mais vejo e ouço todos os dias são homens dando opiniões e eu fiz exatamente o mesmo. Você pode até achar que eu falei algo ofensivo, mas não foi", escreveu ela.
Histórias como a de Lawrence são comuns.
A paixão intensa da CEO do Yahoo, Marissa Mayer, contribuiu para a sua descrição como alguém "absurdamente obsessiva com os detalhes"; a Senadora Claire McCaskill foi rotulada de "agressiva" em vez de se mostrar "como uma dama" na corrida eleitoral de 2012; e Sonia Sotomayer, ministra da Corte Suprema dos Estados Unidos, na discordância minoritária do caso “Schuette” versus “Coalition to Defend Affirmative Action” (Coalizão de Defesa das Ações Afirmativas) foi desacreditada por ser "esquentada demais" e se deixar levar pelas "emoções", em 2014.
Essa duplicidade de critérios pode ser bem frustrante, especialmente quando uma pesquisa acadêmica é necessária para dar suporte à enorme quantidade de evidências do que as mulheres vivem no dia a dia..
Pesquisas anteriores sugerem que as mulheres não só são estereotipadas como emotivas demais, mas também são vistas como menos influentes, competentes e racionais do que os homens em discussões de grupo.
Além disso, as mulheres são punidas especialmente quando demostram comportamento dominante e com uma postura firme.
Para investigar esta dinâmica, os pesquisadores da Universidade Estadual do Arizona e da Universidade de Illinois em Chicago conduziram um estudo para ver como as pessoas reagiam às mulheres versus homens que expressavam sua raiva quando estavam em grupo.
A Situação
Os pesquisadores juntaram 210 estudantes universitários para participar de um falso julgamento em uma simulação computadorizada, que aconteceria em um programa de mensagem instantânea.
Os participantes foram sorteados, de forma aleatória, e divididos em dois grupos virtuais de seis "jurados". Para começar a simulação, os pesquisadores apresentaram uma evidência de um julgamento real de um assassinato. Antes de entrar em contato com quem seria julgado por eles, eles reportaram seu veredicto.
A partir deste movimento, a conversa foi roteirizada com base no veredicto inicial dado a cada participante. Em cada conversa, quatro dos outros "jurados" concordariam com o veredito do participante e um "jurado" discordaria – os pesquisadores chamavam esse de "o jurado retentor".
O "jurado retentor" era um homem (Jason) ou uma mulher (Alicia). Na simulação, o retentor tinha duas escolhas: ou ele não usava emoção ou ele usava "uma clara expressão de raiva" do tipo: "É sério, isso me deixa com muita raiva", ou "OK, isso está ficando bem frustrante", escrito em letra maiúscula.
Depois da discussão acabar, os participantes relataram seus veredictos finais e o quão confiante estavam com as suas decisões. Eles também preencheram uma avaliação sobre os seus colegas jurados em termos de emotividade, raiva, confiança, influência, carisma, competência, credibilidade, persuasão e racionalidade.
A Descoberta
Depois de analisar a simulação completa, os pesquisadores chegaram à conclusão de que as mulheres acabam sendo prejudicadas quando demonstram emoções intensas como raiva ou insatifação, enquanto, para aqueles que analisaram os homens, este comportamento é uma "poderosa" ferramenta de persuasão e credibilidade.
Segundo a pesquisa, quando o "jurado retentor" era um homem que tinha expressado raiva, os participantes duvidavam, de forma significativa, da sua própria opinião, mesmo quando a maioria tinha a mesma opinião, por exemplo.
Mas se o jurado retentor era uma mulher que tinha expressado raiva, ela tinha bem menos influência sobre os participantes – tanto que foi o único cenário no estudo em que os participantes se sentiam mais seguros nas suas próprias opiniões, ou seja, quando estas eram contrárias às da mulher.
As pesquisas de percepção após a simulação lançaram luz sobre o motivo de terem descoberto essa dinâmica. Os retentores, tanto homens quanto mulheres, usaram exatamente o mesmo tipo de linguagem. Desta forma, os participantes não conseguiam julgar as possíveis diferenças de gênero no estilo de comunicação, nem na expressão facial. Mesmo assim as percepções tendenciosas ainda apareciam.
Quando o homem parecia emotivo, ele era considerado menos crível. Mas quando era a mulher, os participantes tinham mais certeza de suas próprias opiniões, mesmo que eles considerassem a mulher mais crível. Nas palavras dos pesquisadores: "quando uma mulher expressa raiva, isso não a deixa menos crível, mas parece que a sua credibilidade é irrelevante".
A Conclusão
De acordo com os pesquisadores essas descobertas demonstram que a "influência social é determinada, em parte, pelo efeito interativo entre qual emoção está sendo expressada e por quem". Isso poderia ajudar a contextualizar muitas narrativas de gênero que ouvimos – como, por exemplo, a liderança precisa de Mayer tem sido chamada de "robótica, metida e absurda" enquanto a de Steve Jobs, que é comparavelmente rigorosa em termos de gerenciamento, tem sido valorizada como admiravelmente "meticulosa".
Não se sabe ao certo o quanto essas descobertas são generalizadas ou se elas são capazes de serem replicadas. Mas incluir este estudo aos vários outros que sugerem preconceito na dinâmica de gênero pode ajudar a mitigar as frustrações das mulheres.
Pelo menos por enquanto, queridas mulheres do mundo, da próxima vez que alguém insinuar que vocês são sensíveis ou paranóicas demais, saibam que terão razões de sobra para ficarem com raiva.
(Tradução: Simone Palma)
Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

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