A cada dia despontam no cenário musical novas MCs. Com letras escrachadas e conteúdo político elas falam sobre machismo, sexo, racismo, autocuidado e vida na periferia. Nesse webdoc, a Revista AzMina mostra o cotidiano e o que pensam as MCs que produzem funk no Brasil
REPORTAGEM E REALIZAÇÃO COLETIVO DOROTEIA
COORDENAÇÃO CAROLINA OMS
4 de fevereiro de 2019
“Eu comecei a cantar funk tem 2 anos, mas sempre ouvi funk e eu amo funk. Mas a partir do momento que eu vejo que essas letras não me representam eu vou falar a minha verdade, o que eu quero que as pessoas escutem, especialmente as mulheres e os LGBTs”, conta MC Deyzerre. Ela vive na periferia de São Paulo com seus cinco filhos homens. Encontrou no funk mulheres com voz e autonomia e descobriu nelas possibilidades de uma realidade mais livre enquanto mulher e mãe. Desde então vem desconstruindo padrões através de letras de funk e feminismo, exaltando seu corpo, suas vestimentas e seu lugar de fala.
A cada dia despontam no cenário musical novas MCs. Com letras escrachadas e conteúdo político elas falam sobre machismo, sexo, racismo, autocuidado e vida na periferia. Nesse webdoc, a Revista AzMina e o Coletivo Doroteia mostram o cotidiano e o que pensam as MCs que produzem funk no Brasil.
Mulheres que cantam funk putaria, ostentação, proibidão e consciente por uma perspectiva totalmente feminina.
“Eu me casei com 17 anos com um pastor, uma ótima pessoa, ótimo pai, porém eu não gostava dessas ideias de submissão ao marido. Aí as pessoas perguntam: Por que o funk? Pela liberdade de expressão”, resume Mc Baronnesa, que começou sua carreira como cantora gospel.
Sem medo de levantar a bandeira da igualdade de gênero, as MCs se reconhecem nas letras e músicas feitas por mulheres. “A gente vê muito funk falando mal da mulher: que ela tá fedendo, que a mulher tava cabeluda, que ela não sabe fazer, mas a gente não ouve falando que o cara brochou, é fraco, propaganda enganosa. E aí eu venho e falo isso”, diz MC Carol, cantora de funk carioca que encontrou nesse cenário o espaço necessário para falar das dificuldades de ser mulher, negra e gorda.
Suas músicas costumam inverter papéis comuns do funk (e da grande maioria dos gêneros musicais), trazendo a mulher como protagonista dessas histórias.
Ao falar sobre temas como empoderamento feminino, putaria lésbica, funk e feminismo, periferia, poder sobre seus corpos, liberdade na dança e no sexo essas MCs se encontram e criam também no funk um espaço para fala e reconhecimento.
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