sábado, 14 de setembro de 2019

Governo quer aumentar investimentos para prevenir gravidez na adolescência, diz coordenadora

11/09/2019
A coordenadora de Saúde Adolescente e de Jovens do Ministério da Saúde, Priscila Carvalho, informou nesta quarta-feira (11), na Câmara dos Deputados, que o governo federal está aumentando investimentos na atenção primária à saúde para, entre outros objetivos, acolher mais adolescentes no sistema e diminuir os índices de gravidez não intencional na adolescência.
Will Shutter/Câmara dos Deputados
Priscila Carvalho: 75% das meninas entre 15 e 17 anos que engravidam se afastam dos estudos
Por meio do Programa Médicos pelo Brasil, criado pela Medida Provisória 890/19, o governo pretende ampliar a oferta de serviços médicos em locais de acesso mais difícil, aumentando a atenção à família e acolhendo as pessoas para que possam planejar sua vida sexual e reprodutiva.
Outra ação, segundo a coordenadora, é a ampliação do atendimento nas unidades básicas de saúde, para que o adolescente possa ser atendido fora dos horários de estudo. Está em análise ainda, no ministério, uma política de adolescentes e jovens.
A gravidez não planejada na adolescência e seus impactos na economia do País foi tema de seminário promovido pelas comissões de Defesa dos Direitos da Mulher; e de Seguridade Social e Família. Dados do Ministério da Saúde indicam que cerca de 18% dos nascimentos no Brasil são de mães com idade entre 10 e 19 anos. De cada dez meninas com idade entre 15 e 19 anos que engravidam, sete são negras e seis não trabalham nem estudam.
Will Shutter/ Câmara dos Deputados
Carmen Zanotto: gravidez na adolescência também compromete o acesso das meninas ao mercado de trabalho
“Além disso, 75% das meninas com idade entre 15 e 17 anos que engravidam se afastam dos estudos”, observou Priscila Carvalho, ressaltando que ela própria tornou-se mãe na adolescência.
Pobreza
Essa realidade perpetua o ciclo da pobreza. Segundo o relatório "Situação da População Mundial" do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), de 2013, o Brasil elevaria sua produtividade em mais de US$ 3,5 bilhões se as jovens adiassem a gravidez para depois dos 20 anos.

A deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), que sugeriu o debate, considerou os números preocupantes e questionou onde o Brasil está falhando em suas políticas públicas. “Em especial entre as meninas menos favorecidas, a gravidez na adolescência significa o abandono dos estudos. Abandonando a escola, o acesso ao mercado de trabalho também fica comprometido”, destacou.
Presente no seminário, Laila Morais da Silva, de 21 anos, engravidou pela primeira vez aos 16. Ela disse que, à época, tinha conhecimento, mas não tinha acesso a meios contraceptivos. “A gente acha que não acontece com a gente, só com quem está do lado”, declarou.
Essa primeira gravidez, revelou, foi indesejável e sua filha nasceu prematuramente aos cinco meses de gestação, tendo falecido 15 minutos depois. Mais tarde, aos 19 anos, Laila engravidou novamente. Desta vez, segundo ela, foi planejado.
Autonomia
Participantes do seminário defenderam a possibilidade de as adolescentes definirem sua trajetória, decidindo sobre sua vida sexual, acessando meios anticoncepcionais e negociando com seus parceiros o uso do preservativo. Para tanto, precisam receber educação integral em sexualidade, livres de qualquer coerção ou violência.

A oficial de Programas no Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Anna Cunha, acredita que o melhor método contraceptivo é a educação. “Se você mantém a garota na escola, isso significa que ela vai ter muito mais interesse e engajamento em planejar sua vida reprodutiva para mais para frente.”
Outra defesa de Anna Cunha é o envolvimento dos meninos, que também devem estar conscientes de sua responsabilidade quando uma garota fica grávida. O Ministério da Saúde não possui dados sobre paternidade adolescente.
Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Marcelo Oliveira

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