"Vício em trabalho é apenas a fumaça", diz psicólogo espanhol
FELIPE MAIA
DE SÃO PAULO
Para Enrique Echeburúa, professor de psicologia clínica da Universidade do País Basco (Espanha) e autor de livros sobre vícios modernos, é importante que os profissionais descubram as causas da compulsão pelo trabalho.
Folha - Quais fatores podem indicar que alguém tem compulsão pelo trabalho?
Enrique Echeburúa - O vício surge quando há perda do controle. A pessoa fica no escritório mais do que deveria, quando está jantando com amigos está preocupada com a vida profissional e pode usar drogas estimulantes para se manter ativa.
Folha - Como lidar com essa situação?
É preciso reorganizar a questão do tempo, o que inclui adaptar o estilo de vida, dar atenção ao sono e manter dieta equilibrada. Também é preciso descobrir qual é o problema que gera essa compulsão. Em grande parte das vezes, o vício em trabalho é apenas fumaça.
E o que pode ser o fogo?
Além de a pessoa querer ter prestígio e reconhecimento social, pode ter problemas no relacionamento amoroso, depressão, solidão ou tédio.
Quem é mais afetado por esse tipo de problema?
É algo que está relacionado a prestígio, poder e reconhecimento social. Os viciados em trabalho em geral são diretores, artistas ou profissionais que podem trabalhar por conta própria. Em alguns setores não é bem visto sair do trabalho às 17h.
A tendência é que o problema cresça ou diminua no futuro?
Eu acho que vai melhorar, por causa da participação feminina no mercado de trabalho, por exemplo. Isso exige uma conciliação maior com a vida familiar, com horários flexíveis ou a possibilidade de trabalhar em casa, além de melhorar a produtividade, para que elas não precisem deixar seus filhos com febre ou estar sempre pensando em trabalho.
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