quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O Facebook não é lugar para criança - Opinião e Notícia

A única maneira de proteger seus filhos das tecnologias de reconhecimento facial e identificação biométrica na internet é mantendo-os fora das redes sociais

O hábito de muitos pais de capturar cada momento da vida dos filhos no Facebook faz com que uma geração de crianças já nasça com pegadas digitais rastreáveis, muitas vezes antes mesmo de serem capazes de engatinhar no mundo real.  O desejo de arquivar e compartilhar a infância dos filhos é compreensível — a primeira infância é efêmera e dura pouco –, mas esses registros podem trazer consequências negativas para as crianças na adolescência e na vida adulta.

Recentemente, o Facebook atualizou sua política de privacidade. A rede social agora explica que a ferramenta é “capaz de sugerir que seu amigo marque você em uma foto através de uma busca que compare suas fotos de perfil, informações na sua página e outras fotos em que você foi marcado”. Isso significa que a cada novo compartilhamento, os pais estão ajudando o Facebook a fundir os mundos digital e real de seus filhos. Algoritmos analisarão as pessoas em torno deles, as referências feitas a eles em mensagens e, com o tempo, serão capazes de determinar seu círculo íntimo de amizades mais provável. E o Facebook é apenas um site. A cada atualização de status em outras redes sociais, vídeos postados no YouTube ou postagens em blogs, pais estão reduzindo qualquer esperança futura de anonimato de seus filhos.

É duro o bastante sobreviver à puberdade. Por que dificultar ainda mais essa experiência compartilhando centenas de fotos embaraçosas ou sugestivas, pesquisáveis ​​e amplamente disponíveis de graça na internet? Se uma mãe escreve sobre uma experiência negativa na maternidade, isso poderia, quem sabe, afetar as chances de seu filho de conseguir um emprego no futuro ou entrar para um determinado programa, curso ou faculdade.

Há um problema ainda mais insidioso, porém, que promete assombrar as crianças digitalizadas quando elas se tornarem adultas.  Inúmeros aplicativos, sites e tecnologias para vestir (como o Google Glass e smartwatches) estão aperfeiçoando o reconhecimento facial e a bio-identificação via internet. Em 2011, um grupo de hackers construiu um aplicativo capaz de digitalizar rostos e exibir imediatamente nomes e detalhes biográficos básicos em um telefone celular. Os desenvolvedores do Google já criaram um aplicativo de reconhecimento facial e, embora a empresa tenha proibido aplicativos de reconhecimento facial fabricados oficialmente para o Google Glass , ela não pode impedir que aplicativos extra-oficiais sejam lançados.

A maneira mais fácil de pais preservarem seus filhos é não criar conteúdo digital para eles.

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