Por: Larissa Costa*
No último dia 28, que por sinal é o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Legalização do Aborto, aconteceu em Belo Horizonte o Miss Brasil 2013. Esse evento, que se não me engano é o maior concurso de beleza do país, traz à tona pautas caras pra nós do movimento feminista. Por isso, nós da Marcha Mundial das Mulheres convocamos o Levante Popular da Juventude e mulheres de várias outras organizações e coletivos para irmos até a entrada principal do Minascentro levar o nosso recado: “Eu não sou miss, nem avião! Minha beleza não tem padrão!”.
Claro, tínhamos que denunciar o padrão de beleza excludente que é imposto às mulheres por essa sociedade capitalista e patriarcal. E isso fizemos. Gritamos alto que somos mulheres e não mercadorias, que não somos objetos para receberem nota. Que não temos que nos submeter a cirurgias plásticas para atingirmos um ideal de beleza, que é branco, magro, alto, cabelos lisos, que é inatingível para a maioria das mulheres. E incomodamos.
Logo que chegamos, fomos recebidas com vaias. Rapidamente, um dos organizadores do concurso partiu com violência para cima de nós, nos agredindo fisicamente e nos chamando de “feias”. No entanto, com as nossas palavras de ordem contra a violência, conseguimos afastá-lo. Mas nada nos calava. Com o passar do tempo, começamos a perceber que muitas mulheres que estavam na fila começaram a nos apoiar. Elas entenderam o recado. E muitas outras iam chegando perto de nós, algumas ficaram até emocionadas. Porque, no final das contas, estávamos ali por todas: por nós, por aquelas que estavam na fila, na passarela e por todas as mulheres trabalhadoras.
Esse padrão de beleza reproduzido e reforçado em eventos como o Miss Brasil violenta a nós mulheres e enriquece as grandes indústrias farmacêuticas, que vendem seus produtos prometendo a juventude eterna, o peso “ideal”. Com isso, a maioria de nós mulheres temos vergonha do nosso corpo, desenvolvemos anorexia, bulimia e morremos nas mesas de cirurgias plásticas. Somos do jeito que somos. Não temos que buscar a beleza que agrada os homens e a sociedade.
O que queremos é construir outra sociedade, com igualdade substantiva entre mulheres e homens. Uma sociedade que as mulheres sejam autônomas, sem padrões de beleza, sem violência sexista. Por isso, enquanto existir Miss Brasil, estaremos lá na porta dizendo pra toda a sociedade que não somos nem objetos e nem mercadorias. Somos mulheres. E seguiremos em marcha, incomodando os machistas, até que todas sejamos realmente livres. Livres dos padrões de beleza. Livres do capitalismo. Livres do patriarcado.
Larissa Costa, militante da Marcha Mundial da Mulheres de Minas Gerais.
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