quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Ligue 180 é acessado por 56% dos municípios brasileiros

De forma inédita, dados revelam interiorização das demandas. De janeiro a junho deste ano, a Central de Atendimento à Mulher, da SPM, atingiu 306.201 registros: 53% do público chegou ao serviço por divulgação na mídia. Tráfico de mulheres teve aumento de 1.547% das denúncias, na comparação com o primeiro semestre de 2012. Lei Maria da Penha alcançou mais de 470 mil pedidos de informação, de 2006 a 2013

Pela primeira vez, a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), atingiu 56% dos 5.566 municípios brasileiros. Entre janeiro e junho de 2013, foram 306.201 registros, ampliando para 3.364.633 o total de atendimentos, computados desde janeiro de 2006. 

No Distrito Federal e em 17 estados, o serviço foi acionado por mais da metade de seus municípios (ver tabela 1). Das unidades federadas, o DF teve 100%* de cobertura do Ligue 180, sendo seguido por: Rio de Janeiro (83 das 92 cidades, com 90,22%), Espírito Santo (64 das 78 localidades, com 82,05%), Pará (113 de 143, com 79,02%), Sergipe (56 de 75, com 74,67%) e Pernambuco (137 de 185, com 74,05%). Foram menos alcançados os municípios amazonenses, dez das 62 localidades - o que corresponde a 16,13% de busca ao Ligue 180.

“Esse levantamento inédito, sobre a origem das chamadas, revela que o Ligue 180 é um serviço conhecido por boa parte da sociedade brasileira, ao ponto de as vítimas ou pessoas próximas a elas, em pequenas e grandes cidades, saberem onde encontrar ajuda. Esse é um dos passos decisivos para enfrentar a violência, assegurar os direitos das mulheres e o acesso delas às políticas públicas”, afirma a ministra Eleonora Menicucci, da SPM.

Tabela 1: Número de municípios que ligaram para o 180 por Unidade Federativa
UF
Quantidade de Municípios - Dados IBGE 2010
Quantidade de Municípios Atendidos - Ligue 180
% Municípios Atendidos
AC
22
8
36,36%
AL
102
62
60,78%
AM
62
10
16,13%
AP
16
10
62,50%
BA
417
312
74,82%
CE
184
99
53,80%
DF
1
1
100,00%
ES
78
64
82,05%
GO
246
141
57,32%
MA
217
139
64,06%
MG
853
481
56,39%
MS
78
51
65,38%
MT
141
79
56,03%
PA
143
113
79,02%
PB
223
97
43,50%
PE
185
137
74,05%
PI
224
85
37,95%
PR
399
219
54,89%
RJ
92
83
90,22%
RN
167
66
39,52%
RO
52
29
55,77%
RR
15
5
33,33%
RS
496
232
46,77%
SC
294
116
39,46%
SE
75
56
74,67%
SP
645
389
60,31%
TO
139
53
38,13%
Total
5.566
3.137
56,36%
Fonte: Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180/SPM
*O Distrito Federal é computado somente com um município (Brasília), conforme o IBGE.

Municipalização – Quando avaliados, os 50 municípios que mais acessaram o Ligue 180, proporcionalmente à sua população, percebe-se que a maior parte são municípios com menos de mil e até 20 mil habitantes (grifado). Essa informação sinaliza a interiorização das denúncias sobre violência de gênero e dimensiona o desafio das políticas públicas para o enfrentamento ao fenômeno.

Nos primeiros seis meses deste ano, Gabriel Monteiro (SP, com 2.708 residentes), Rio Doce (MG, de 2.468 habitantes) e Amapá (AP, população de 8.005 pessoas) ocuparam, respectivamente, as primeiras posições em acesso ao serviço da SPM. É o que revela o ranking de 50 municípios por taxa, segundo a população feminina por grupo de 100 mil mulheres (ver tabela 2).

Outra evidência da municipalização do Ligue 180 é demonstrada pelos dois mil atendimentos procedentes de áreas rurais, alcançando quase 7% dos relatos de violência (37.582). A expectativa da SPM é fortalecer os serviços prestados às mulheres do campo e da floresta, por meio das 54 unidades móveis, que estão sendo doadas pelo órgão, aos governos estaduais, por meio do programa ‘Mulher, Viver sem Violência’ e do Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres.

“A partir deste mês, os ônibus itinerantes começam a circular pelo interior do Brasil, levando direitos e serviços sobre a Lei Maria da Penha às brasileiras que vivem em áreas remotas, muitas vezes, silenciadas pelo isolamento dos locais onde moram”, considera a ministra Eleonora sobre o início da operação em Goiás e no Distrito Federal.

Tabela 2: Os 50 municípios que mais ligaram para a Central, proporcionalmente a sua população feminina por grupo de 100 mil mulheres, com destaque aos municípios de até 20 mil habitantes 
Posição
UF
Município
Quantidade de Registros
População Feminina
Taxa de Registro pela população feminina por grupo de 100000 mulheres
População Total Censo 2010
SP
GABRIEL MONTEIRO
40
1.332
3.003,00
2.708
MG
RIO DOCE
35
1.238
2.827,14
2.465
AP
AMAPA
107
3.819
2.801,78
8.069
MG
ARACAI
28
1.162
2.409,64
2.243
RS
SALVADOR DAS MISSOES
30
1.292
2.321,98
2.669
RS
SAGRADA FAMILIA
26
1.256
2.070,06
2.595
SP
CAMPINA DO MONTE ALEGRE
49
2.714
1.805,45
5.567
PI
SANTO ANTONIO DOS MILAGRES
17
1.035
1.642,51
2.059
SP
URU
9
610
1.475,41
1.251
10º
SP
IACANGA
71
4.848
1.464,52
10.013
11º
MG
PIEDADE DE PONTE NOVA
30
2.071
1.448,58
4.062
12º
MG
PATIS
38
2.673
1.421,62
5.579
13º
SP
ESPIRITO SANTO DO TURVO
29
2.100
1.380,95
4.244
14º
RS
SAO MARTINHO DA SERRA
20
1.554
1.287,00
3.201
15º
MG
DELFINOPOLIS
42
3.280
1.280,49
6.830
16º
SP
NANTES
17
1.350
1.259,26
2.707
17º
BA
CRAVOLANDIA
30
2.488
1.205,79
5.041
18º
RS
TUPANDI
22
1.856
1.185,34
3.924
19º
MG
DORESOPOLIS
8
693
1.154,40
1.440
20º
MT
RONDOLANDIA
19
1.678
1.132,30
3.604
21º
MG
ARGIRITA
16
1.416
1.129,94
2.901
22º
RS
CAMPOS BORGES
19
1.740
1.091,95
3.494
23º
RS
ITAPUCA
12
1.108
1.083,03
2.344
24º
MG
CAMPANHA
82
7.674
1.068,54
15.433
25º
GO
CRISTIANOPOLIS
15
1.435
1.045,30
2.932
26º
PR
MARUMBI
24
2.316
1.036,27
4.603
27º
SC
PAIAL
8
824
970,87
1.763
28º
SP
ITAPURA
20
2.103
951,02
4.357
29º
PI
GUADALUPE
49
5.180
945,95
10.268
30º
PB
PARARI
6
635
944,88
1.256
31º
PI
NOSSA SENHORA DE NAZARE
21
2.227
942,97
4.556
32º
GO
AGUA FRIA DE GOIAS
22
2.357
933,39
5.090
33º
PB
DESTERRO
38
4.098
927,28
7.991
34º
SP
TABAPUA
51
5.622
907,15
11.363
35º
MG
FAMA
10
1.169
855,43
2.350
36º
MG
SANTA FE DE MINAS
16
1.883
849,71
3.968
37º
RS
SANTA TEREZA
7
830
843,37
1.720
38º
PE
CEDRO
45
5.387
835,34
10.778
39º
PI
BETANIA DO PIAUI
24
2.901
827,30
6.015
40º
MG
LAMIM
14
1.710
818,71
3.452
41º
RS
MACHADINHO
22
2.753
799,13
5.510
42º
GO
BONFINOPOLIS
30
3.759
798,08
7.536
43º
MG
RIO MANSO
20
2.510
796,81
5.276
44º
SP
GETULINA
39
4.905
795,11
10.765
45º
SP
CABRALIA PAULISTA
17
2.145
792,54
4.365
46º
PI
SANTO ANTONIO DE LISBOA
24
3.029
792,34
6.007
47º
RN
SANTO ANTONIO
87
11.116
782,66
22.216
48º
GO
AGUAS LINDAS DE GOIAS
623
79.692
781,76
159.378
49º
SP
UBARANA
20
2.576
776,40
5.289
50º
MG
MORRO DO PILAR
13
1.690
769,23
3.399
Fonte: Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180/SPM


Tráfico de mulheres – De janeiro a junho, o Ligue 180 registrou 263 denúncias relacionadas a tráfico de pessoas, sendo 173 casos internacionais e 90 no Brasil. Em 34%, havia risco de morte da vítima. Em comparação com o primeiro semestre de 2012, houve aumento de 1.547%. No ano passado, foram registrados 17 casos. 

imagem1.png 
Fonte: Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180/SPM

Dos 90 relatos de tráfico interno, 64 denúncias revelaram fins de exploração sexual, 25 exploração do trabalho e um para fins de adoção. Em relação ao tráfico internacional, 129 casos foram referentes à exploração sexual, 42 à exploração do trabalho e dois para a remoção de órgãos.

A denúncia foi feita pela mãe da vítima em 19,53% das ocorrências. Em 15,98%, a própria vítima foi em busca de ajuda. Parentes e vizinhos somaram 23,08% das pessoas denunciantes. O restante foi iniciativa de amigos, amigas, conhecidos, companheiros, ex-namorados e até de pessoas desconhecidas das vítimas.

Brasileiras no exterior – Foram efetuados 31 atendimentos internacionais, sendo 15 a brasileiras que vivem na Espanha, dez na Itália e seis em Portugal.  Até dezembro de 2014, por meio do programa ‘Mulher, Viver sem Violência’, o Ligue 180 estará disponível para mais dez países.

Lei Maria da Penha - Em sete anos de Lei Maria da Penha, o Ligue 180 prestou mais de 470 mil informações sobre a lei. Somente no primeiro semestre deste ano, foram 15.593 atendimentos, totalizando 14% das 111.037 informações referentes a legislações. Por dia, a média foi de 86 informações sobre a Lei Maria da Penha. E, por semana, cerca de 2.600.

Dos 306.201 registros, 111.037 (36,3%) foram relacionados a solicitações de informação sobre leis; 59.901 (19,6%) das demandas foram direcionadas para a rede de atendimento à mulher e serviços públicos de segurança pública, saúde e justiça; 37.582 (12,3%), relatos de violência (física, psicológica, moral, patrimonial, sexual, cárcere privado e tráfico de pessoas); 1.675 (0,5%), sobre reclamações de serviços, alguns configurados como violência institucional; e 365 (0,1%), referentes a elogios e sugestões. Em média, foram 51 mil ocorrências por mês, correspondendo a 1.691 demandas diárias. 

Quadro estatístico - Dentre os relatos de violência (37.582 ocorrências em que há detalhamento sobre as agressões), a física é a mais frequente, atingindo 20.760 ocorrências - 55,2% dentre os cinco tipos definidos pela Lei Maria da Penha. A violência psicológica teve 11.073 (29,5%); moral, 3.840 (10,2%); sexual, 646 (1,7%) e patrimonial, 696 (1,9%). Foram 304 cárceres privados e 263 casos de tráfico de pessoas.

Mulheres jovens, independentes e mães – Do total dos relatos identificados, no primeiro semestre de 2013, em 98,8% dos casos, as vítimas eram mulheres, e agredidas por homens, em 94%. Quase 60% tinham entre 20 e 39 anos, 62% não dependiam financeiramente do agressor e 82,7% eram mães – 64% de filhas e filhos presenciaram a violência e, em quase 19% dos registros, eles sofreram diretamente as agressões.
imagem2.png 
Fonte: Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180/SPM

Chegada ao 180 - A maioria das pessoas que acessaram o Ligue 180 (306.201 registros), no primeiro semestre deste ano, tiveram conhecimento do serviço pela imprensa: 53% informadas por televisão, internet, jornal e revistas. Pouco mais de 19% revelaram ter obtido o contato por meio de serviços públicos, tais como fóruns, consulados do Brasil no exterior, Disque 100, 190, delegacias e outros.  Quase 14% chegaram ao serviço por recomendação de pessoas amigas, parentes, vizinhas e vizinhos. 
imagem3.png 
Fonte: Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180/SPM

Campanhas institucionais de empresas, dentre elas as desenvolvidas pela Avon e pela Petrobras, colaboraram para a difusão do serviço em, pelo menos, 8% dos acessos. Outras modalidades de divulgação do Ligue 180, como lista telefônica, correspondem a 4,7% dentre os meios de comunicação e divulgação.

Panorama das agressões – Em 83,8% dos relatos de violência (37.582), o agressor era companheiro, cônjuge, namorado ou “ex” da vítima. Ou seja, a mulher é alvo de pessoas com quem ela mantém ou manteve uma relação íntima de envolvimento afetivo e sexual. 

imagem4.png 
Fonte: Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180/SPM

Das informações coletadas sobre o tempo de relacionamento entre a vítima e o agressor, 40% indicaram vínculo há mais de dez anos. Em 18,8% dos casos, a relação tinha entre cinco e dez anos. Relacionamentos entre um e cinco anos ultrapassaram 31% dos relatos. Em 8,7%, menos de um ano. A pessoa demandante não soube informar o tempo de relacionamento em 1,3% das demandas.

Segundo as usuárias do Ligue 180, os primeiros sinais da violência de gênero apareceram no início do relacionamento, como expresso em 28% dos registros. Em 39% dos casos, a vítima estava submetida à violência há mais de um ano, sendo que em 6% ocorreu há mais de 10 anos. Foram registrados episódios de violência há menos de um ano de relacionamento em cerca de 30%. Em pouco mais de 3%, a/o demandante não soube informar o tempo que a violência ocorre. 

As relações familiares concentraram 10,6% dos casos em que agressões foram feitas por filhas, filhos, mães, pais, entre outros. Em 5,4%, as mulheres foram vítimas de pessoas com quem possuíam vínculos externos (vizinhas, vizinhos, chefes e pessoas desconhecidas). Em relacionamentos íntimos de envolvimento sexual entre mulheres, ocorreram 67 casos. 

A prática diária da violência foi constatada em 42,3% dos casos. Ocorreu algumas vezes por semana em 31,5% dos registros, e, em 10,3%, algumas vezes no mês. 

Riscos para a vítima - No primeiro semestre de 2013, 46,3% dos relatos (37.582) alertaram risco de morte para as vítimas. Em 27,7%, o risco de dano físico foi denunciado, inclusive o de espancamento, com 4.655 registros. 

Em 15,8% dos casos, foram identificados o risco de danos psicológicos, incluindo o suicídio das vítimas, com 117 registros. Possibilidade de estupro foi sinalizada em 265 situações.

Dentre as demais vulnerabilidades para as vítimas, houve 5,9% sobre aborto, ameaça a terceiros, danos morais e perda de bens e/ou direitos. Em 3,2% dos casos, a/o demandante não soube informar se havia risco à integridade da vítima.

imagem5.png
Fonte: Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180/SPM

Urgências e emergências - Dos 306.201 atendimentos do Ligue 180, no primeiro semestre, 95.461 (31,2%) foram direcionados a outros serviços de telefonia pública, tais como 190, 192 e 193. São a polícia, os bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que recebem pedidos de ajuda de emergência e realizam socorro imediato às mulheres e prisão em flagrante dos agressores.

A Polícia Militar recebeu 46.462 casos (48,7%), o que representa, em média, 127,3 encaminhamentos diários. A Polícia Civil absorveu 12,6% dos direcionamentos; o Samu, 6,62%; e o Corpo de Bombeiros, mais de 3%. Cerca de 16% desses registros são orientações para o Disque Direitos Humanos – Disque 100, que atende principalmente crianças e adolescentes, pessoas com deficiências, idosos/as, o público LGBT, entre outros segmentos.

imagem6.png 
Fonte: Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180/SPM

Melhorias e aumento de estrutura – Nos primeiros seis primeiros meses de 2012, o Ligue 180 fez 388.953. Em 2013, a redução foi de 82.752 atendimentos. São fatores considerados pela SPM: campanha de comunicação de massa, no final de 2010, e limitação da capacidade de ação da Central, tendo em vista a impossibilidade de resolutividade imediata frente aos casos de violência.

O Ligue 180 receberá R$ 25 milhões de investimentos até o final de 2014.  Os recursos serão alocados em aumento da capacidade técnica, triagem e distribuição das demandas. O serviço se tornará porta de entrada para a Casa da Mulher Brasileira, um dos eixos do programa ‘Mulher, Viver sem Violência’. 

O 180 passará a ser um disque-denúncia, com o encaminhamento imediato das denúncias às autoridades competentes de todo o país. Atendimentos classificados como urgentes serão encaminhados diretamente pelo Ligue 180 ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pelo 192, ou à Polícia Militar, pelo 190. 

Além disso, o programa realizará campanhas educativas, voltadas para a população, com veiculação contínua para engajamento da sociedade na prevenção e na denúncia da violência contra as mulheres.

http://www.spm.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2013/10/07-10-ligue-180-e-acessado-por-56-dos-municipios-brasileiros

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