sábado, 9 de agosto de 2014

Uma em cada 14 mulheres sofre violência sexual no mundo

Alexandre Faisal
08/08/2014

A mídia destaca periodicamente casos de violência sexual contra mulheres. Uma publicação do Lancet dá um panorama mundial deste sério problema
        O noticiário de estupros e assassinatos de jovens mulheres na Índia, África do Sul e outros países, vez por outra, choca a comunidade internacional e desperta a atenção para o grave problema da violência contra as mulheres, em particular a violência sexual. Paradoxalmente, não se conhecem bem dados confiáveis e atualizados do problema. Ou melhor, não se conheciam, pois uma publicação do periódico Lancet vai preencher esta lacuna. Liderados por um pesquisador sul-africano, um grupo de cientistas fez uma revisão de artigos e meta-análise sobre violência sexual exceto por parceiro íntimo contra mulheres. A literatura pertinente tem se focado na violência por parceiro íntimo, marido ou namorado, mas existem evidências de que a agressão cometida por estranhos é mais violenta e envolve mais frequentemente uso de armas letais. Foram selecionados 7231 estudos a partir do qual foram obtidas mais 400 estimativas abrangendo 56 países.
        Vamos as estatísticas. Em 2010, 7,2% das mulheres em todo o mundo tinha já haviam experimentado este tipo de violência sexual. As maiores frequências ocorreram em diversas regiões da África, variando de 17 a 21% e a menor prevalência foi observada na Ásia central com 3,3%. Os dados são mais limitados para diversas regiões do mundo, mas a prevalência variou de 6.9% na Europa ocidental para 11.5% na oriental. Na América do Sul 5.8% e para Estados Unidos chegou a 13%. A conclusão da pesquisa não é nada alentadora: a violência sexual contra as mulheres é comum em todo o mundo, atingindo uma em cada 14 mulheres com mais de 15 anos de idade. E para piorar, em algumas áreas atinge níveis endêmicos.
        Por fim, eles alertam para a importância do reconhecimento do problema, com a correta adoção de medidas para as vítimas: contracepção de emergência, profilaxia das DST e suporte legal, social e psicológico. E sugerem que cada país desenvolva estratégias para enfrentar este tipo inaceitável de violência. Nós brasileiros não podemos ficar para trás
(Abraham et al. Worldwide prevalence of non-partner sexual violence: a systematic review Lancet, 383 (9929): 1648-54, 2014)

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