domingo, 8 de março de 2015

Morre Célia Farjallat, 1ª mulher jornalista de Campinas

Célia Farjallat não resistiu a uma cirurgia nos rinsCélia Farjallat não resistiu a uma cirurgia nos rins / Foto: Cedoc/RAC


























Morreu nesse sábado (7), no hospital Casa de Saúde, em Campinas, a jornalista e professora Célia Siqueira Farjallat, de 97 anos, colunista do Correio Popular. Ela estava internada depois de se submeter a uma cirurgia renal e para desobstrução do intestino, mas não resistiu ao pós-operatório.

Célia ficou conhecida por ter sido a primeira mulher a trabalhar na imprensa em Campinas. A jornalista começou a escrever para o Correio Popular em 1942 e nunca parou. Teve cinco filhos (um deles falecido), 15 netos e 12 bisnetos. O enterro será realizado nesse domingo (8), às 9h, no Cemitério Flamboyant.

Célia, no início da carreira, não assinava suas colunas. Ela também atuava como professora e o jornalismo ainda era uma carreira masculina, por isso mantinha-se anônima, como mostra o texto de mestrado Pioneiras, Mas Não Feministas: A Trajetória das Primeiras Mulheres na Imprensa Campineira, do jornalista Fabiano Ormaneze.

Os textos de Célia falavam, a princípio, sobre educação e valores familiares. Muito tempo depois, quando ela passou a assinar o nome completo, as publicações passaram a abordar as memórias de personagens da cidade.

O diretor editorial do Grupo RAC, Nelson Homem de Mello, afirmou que o jornalismo campineiro está de luto pela morte de Célia Farjallat, a quem chamou de “pioneira na profissão”. “Ela foi uma guerreira na vida, e uma pioneira no jornalismo. Ela era, até recentemente, independentemente de sexo, a jornalista mais antiga de Campinas. Criadora da seção Baú de Histórias — hoje assinada pelo jornalista Rogério Verzignasse —, Célia passa a ser, além de criadora, o seu principal personagem”, disse.

Legado
Célia Farjallat gostava de ler, escrever crônicas e, segundo a família, deixou um legado de inteligência e cultura para os filhos, netos e bisnetos. Ela teve cinco filhos: Maria Lúcia, Luiz Carlos, José Eduardo, Marcelo, e Maria Regina. Deixa ainda 15 netos e 12 bisnetos. “Temos muito orgulho da trajetória dela. Era uma mulher brilhante, muito culta, que gostava de ler e escrever crônicas. Vamos sentir muita falta, mas sabemos que ela vai para um lugar abençoado”, disse a filha Maria Lúcia.

Segundo ela, Célia adorava escrever e ler crônicas. Uma de suas autoras preferidas era Cora Coralina. “É triste, mas ela viveu tão bem... Fez o bem, agradou tanta gente e nos passou tanta generosidade. Ela morreu de uma forma tranquila”, contou Maria Lúcia.

O presidente da Academia Campinense de Letras (ACL), Agostinho Tavolaro, lamentou a morte de “uma das acadêmicas mais queridas da entidade”. Desde 1994 integrando a ACL, Tavolaro afirmou que dona Célia deixa um importante legado para a história de Campinas, que é a preservação da memória de uma cidade, do seu dia a dia, dos seus personagens. “Ela retratou a memória não oficial. Contou história de pessoas do povo, de situações vividas por Campinas e foi uma professora abnegada nos colégios Cesário Motta, Culto à Ciência e Escola Normal”, lembrou.

O Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo também lamentou a morte da jornalista Célia Farjallat. “Ela foi uma mulher à frente do seu tempo”, disse a secretária de sindicalização, Marcia Quintanilha.

A Secretaria Municipal de Cultural divulgou nota de pesar pela morte de Célia Farjallat “por sua importância na preservação da memória da cidade”.

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