(O Estado de S. Paulo, 08/06/2016) Ministério da Saúde aponta ainda que 6% das meninas menores de 13 anos que deram à luz em 2015 sofreram abuso sexual
Metade das mortes registradas entre vítimas de estupro acontece entre
meninas menores de 19 anos. O dado integra levantamento feito pelo
Ministério da Saúde sobre o impacto da violência contra mulheres em todo
o Brasil, divulgado nesta quarta-feira, 8.
Em São Paulo, no segundo ato contra o recente caso de estupro coletivo, a #tvCarta perguntou às manifestantes como a cultura do estupro se manifesta no cotidiano das mulheres.
Além do expressivo número de óbitos, o estudo traz à tona outro
reflexo relacionado ao problema: os altos índices de gravidez resultante
de estupro, sobretudo na faixa etária mais jovem. Das meninas menores
de 13 anos que deram à luz ano passado, pelo menos 6% foram violentadas.
“Esses são os números notificados”, afirmou a diretora de Vigilância
de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Maria de Fátima
Marinho de Souza. “Há muitos casos de violência que não são
registrados”, completou.
O trabalho indica 77.845 estupros notificados pelo sistema de saúde
no período entre 2011 e 2015. Desse total, pelo menos 226 mulheres
morreram – 117 menores de 19 anos. Os números podem ser ainda maiores,
pois os dados de 2015 ainda são preliminares.
Na maioria dos casos, os crimes aconteceram dentro da casa da vítima,
e três em dez registros tiveram como agressor o pai ou o padrasto.
Pelos dados coletados até o momento, foram registradas, no ano
passado, 17.871 mortes no Sistema Nacional de Agravos de Notificação
(Sinan), do ministério. O número, que ainda pode sofrer alteração, é 67%
maior do que o registrado em 2011, quando a notificação de violência
passou a ser compulsória em serviços de saúde público e privados.
Física. O trabalho também analisou os atendimentos
feitos a mulheres que sofreram violência física. Dados preliminares
mostram que, somente no ano passado, foram 103.935 casos. Desse total,
pelo menos 997 mulheres morreram, o equivalente a quase três óbitos
diários.
A coordenadora-geral de Vigilância de Doenças e Agravos Não
Transmissíveis e Proteção da Saúde, Marta Silva, afirmou que os dados
refletem parte da realidade. Isso porque, embora o registro seja
obrigatório, cerca de 40% dos municípios brasileiros não informam os
atendimentos médicos feitos em pacientes vítimas de violência.
“Isso é apenas a ponta do iceberg”, alertou Marta. Para ela, é
imprescindível que sistemas de proteção à mulher atuem de forma
integrada. O papel dos serviços de saúde, ressaltou, é essencial.
“Muitas vezes, o profissional identifica que a mulher é vítima constante
de violência. É preciso registrar o caso, para que o ciclo não se
perpetue e a violência não acabe resultando em morte.”
Lígia Formenti
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