País foi o 1º do mundo a aprovar lei que torna a paridade salarial obrigatória.
01/04/2017
01/04/2017
Luiza Belloni
Repórter de Notícias no HuffPost Brasil
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Em outubro do ano passado, milhares de mulheres na Islândia pararam de trabalhar às 14h38 em ponto. A paralisação neste horário não foi à toa: com uma diferença salarial entre os gêneros de 14%, a partir das 14h38 as islandesas começam a trabalhar sem pagamento.
A greve, que foi manchete em todo o mundo, deu resultado. Anunciado no Dia Internacional da Mulher, último 8 de março, uma nova lei que torna a paridade salarial obrigatória na Islândia começou a valer nesta semana.
O país, que já reconhecido pela ONU como o país mais igualitário do mundo, quer ser o pioneiro a erradicar as diferenças salariais até 2020.
A nova legislação obriga empresas públicas e privadas que têm mais de 25 funcionários a garantirem os mesmos salários e benefícios para funcionários do mesmo cargo - independente de sexo, etnia ou nacionalidade. Ela complementa uma outra norma, já em vigor, que prevê que 40% das cadeiras em conselhos de empresas sejam ocupadas por mulheres.
"Nós queremos quebrar a última barreira de gênero no mercado de trabalho", disse o ministro de Igualdade e Assuntos Sociais, Thorsteinm Viglundsson. "A história mostra que se você quer progresso, você precisa forçar isso."
Com uma população de cerca de 400 mil habitantes, a Islândia é um dos países mais igualitários do mundo. De acordo com o governo, as mulheres ainda ganham 14% menos que os homens - a menor diferença salarial em relação aos outros países.
No Brasil, as mulheres ganham 24% menos que os homens, mesmo trabalhando, em média, cinco horas a mais por semana, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nas perspectivas do governo Temer, o Brasil deve acabar com a desigualdade salarial dentro de 20 anos. Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a remuneração média das mulheres com idade entre 20 e 25 anos é praticamente igual à dos homens. "A tendência é que em 20 anos esteja igualado", disse o ministro, ao justificar as novas regras da reforma da Previdência, que prevê que mulheres tenham o mesmo tempo de contribuição que os homens.
Apesar de distante, a perspectiva do governo é muito mais otimista do que a do Fórum Econômico Mundial. No Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2016, o Brasil só alcançará a paridade salarial em 100 anos.
Ambas as perspectivas, porém, estão bem longe à da Islândia, onde as mulheres devem finalmente ganhar salários iguais aos dos homens daqui três anos.
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