terça-feira, 3 de outubro de 2017

Rosely Sayão: ‘Ninguém está preocupado de fato com a criança no MAM’

Para psicóloga, que é colunista de VEJA, a reprodução de fotos e vídeos em que garota toca o pé de um artista nu a expõe publicamente e pode lhe fazer mal

Os que usam as redes sociais para gritar contra a performance do coreógrafo fluminense Wagner Schwartz, que se despiu completamente para emular uma escultura da série Bichos, da artista plástica mineira Lygia Clark, e supostamente defender a menina que interagiu com ele ao tocar seu pé, não estão de fato preocupados com o bem-estar da garota. A opinião é da psicóloga Rosely Sayão, colunista de VEJA, que vê na reprodução de fotos e vídeos da performance realizada no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo) uma ameaça à menina.

“O maior problema, no meu entender, e ninguém parece preocupado com isso, é que a garota está super-exposta”, diz Rosely. “Ela poderia ter passado por esse evento do MAM sem sobressalto, vê-lo como um episódio curioso e depois acabar se esquecendo dele, mas agora não vai poder esquecer.” O Ministério Público de São Paulo, que abriu inquérito, já solicitou ao YouTube e ao Facebook que retire o material do ar.

Especializada em assuntos de família, Rosely Sayão também se solidariza com a mãe, que participou da performance ao lado da menina. “Todo mundo está julgando essa mãe sem tentar entender por que ela deixou a filha participar da performance e que existem pessoas que pensam diferente no mundo, que cada um e cada família é de um jeito”, diz.

A mãe da menina, que interagiu com Wagner Schwartz ao lado da garota, tem 37 anos, também é coreógrafa e também realiza performances. La Bête, a performance de que mãe e filha tomaram parte em uma sessão fechada para convidados no MAM-SP, na abertura do 35º Panorama da Arte Brasileira na última terça-feira, não era, portanto, algo fora do normal para elas.
“Não vejo problema em a mãe levar a filha a participar”, diz Rosely. “A escolha é familiar, tudo depende da família. Há famílias que tratam o nu e a arte envolvendo o nu de maneira natural, e se comunicam com os filhos de uma forma que eles entendem.”
Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, vale lembrar, afirma em seu Artigo 26 que “os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos”.
“A nossa responsabilidade é evitar a exposição pública da garota”, frisa Rosely Sayão. “Os haters das redes sociais vão localizar a menina, vão falar qualquer coisa para ela e para a mãe. As pessoas não têm pudor”, alerta a psicóloga.

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