quarta-feira, 12 de junho de 2019

MARIA VAI COM AS OUTRAS #6: O BICHO QUE SANGRA TODO MÊS E NÃO MORRE

Uma anestesiologista e uma consultora de recursos humanos falam de como o ciclo menstrual é tratado nos seus ambientes de trabalho

08abr2019
As convidadas Ana e Eliza, pelo traço do ilustrador Caio Borges
As convidadas Ana e Eliza, pelo traço do ilustrador Caio Borges
Segundo a biologia, o ciclo menstrual de uma mulher garante que todo mês, da menarca à menopausa, seu corpo esteja pronto para gerar uma criança. Mas, no mercado de trabalho as variações hormonais desse período e o que elas provocam no corpo da mulher podem servir para desmerecer o seu trabalho e até mesmo punir a funcionária.

Numa discussão profissional, por exemplo, há quem desqualifique a opinião legítima de uma mulher atribuindo-a a um sintoma da TPM, a tensão pré-menstrual. Há ainda os chefes e colegas que são solidários à dor física ou desconforto de um funcionário, a menos que seja provocado pela menstruação. Neste caso é exagero, chilique, frescura.
Por isso, neste sexto episódio do Maria Vai Com as Outras, Branca conversa com a anestesiologista Ana Fujita e com a consultora de recursos humanos Eliza Sarrico sobre o tabu que é a mulher sangrar todo mês e continuar trabalhando.
Bloco 1
Ana Fujita é anestesiologista pediátrica e conta como sangue em hospital é algo corriqueiro, mas só se não for sangue menstrual, especialmente o sangue menstrual das médicas.

Na entrevista, ela fala sobre uma lenda que corria na faculdade de medicina: uma grande profissional da área, mulher excepcional e de grande sucesso como cirurgiã, só teria tido o sucesso que teve porque retirou o útero no início da carreira e assim não sofreria com “essas coisas de menina”.
Bloco 2
Eliza Sarrico presta consultoria de recursos humanos para empresas, mas ao longo da carreira trabalhou como profissional de RH em indústrias que empregavam muitas mulheres. Segundo ela, quando a menstruação não era um tabu, era um problema. E isso não só entre chefes homens e funcionárias mulheres, mas entre colegas de trabalho também.

Mesmo que as mulheres tenham que lidar com a menstruação todo mês, é como se precisassem fazer isso sem que ninguém perceba. E, caso não consigam, pagarão o preço, muitas vezes literalmente, com descontos de salário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário