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domingo, 17 de junho de 2012


Parto humanizado domiciliar divide profissionais da área de saúde



Vídeo está fazendo o maior sucesso na internet. 
É a filmagem de um parto em casa, sem anestesia e com a ajuda 
de uma equipe de profissionais de saúde.
Um vídeo está fazendo o maior sucesso na internet. É a filmagem de um parto 
em casa, sem anestesia e com a ajuda de uma equipe de profissionais de 
saúde. As imagens dividem os especialistas: é seguro ter um bebê fora do hospital? 

O vídeo mostra 14 minutos de um parto que durou nove horas. Em dois meses, já 
foi visto por 2,5 milhões de pessoas. Embaladas pela música de Maria Bethânia. 

A mãe, Sabrina, é sanitarista e terapeuta ocupacional. Ela escolheu fazer em casa 
o parto do primeiro filho, Lucas. Foi em novembro do ano passado, em Campinas, 
São Paulo. O pai, Fernando, participou de tudo. 

“Eu me lembro que quando o Fernando me beijava e me abraçava, parece que as 
contrações tomavam outro caminho”, diz Sabrina Ferigato.

A equipe de apoio tinha uma parteira, uma pediatra e duas doulas. A função de uma 
doula é dar apoio emocional à gestante. 

“O parto humanizado é uma forma de assistência ao casal, em que a mulher é a 
protagonista do próprio processo. Ela decide o lugar de parir, ela decide a posição 
que quer parir”, diz Lara Gordon, doula e responsável pelo grupo de parto 
humanizado Samaúma. 

A equipe pertence a um grupo que fez mais de 200 partos assim. A parteira foi uma 
obstetriz, com formação apenas em obstetrícia, sem a graduação anterior em 
enfermagem ou medicina. 

“Aonde o bebê vai nascer vai depender porque o trabalho de parto é longo, então a 
gente vai no chuveiro, vai na banheira, vai na cama, vai deitar, vai descansar, vai pra 
sala, vai comer e quando o bebê está mais perto de nascer a gente vai ficando em 
um canto e armando um canto”, diz a obstetriz Ana Cristina. 

O nome é parto humanizado domiciliar. E é claro que ninguém discute a ideia trazida 
pela palavra "humanizado". A polêmica está na palavra “domiciliar”. 

O Conselho Federal de Enfermagem diz que o enfermeiro obstetra pode fazer o parto 
em uma casa, desde que o ambiente apresente condições míninas de higiene. Já o 
Conselho Federal de Medicina recomenda aos médicos que realizem os partos em 
ambiente hospitalar. Lembra que em caso de complicações, há mais estrutura para o 
atendimento. E alerta que, nas emergências, o tempo perdido da casa até o hospital 
pode ser decisivo para a vida de mãe e filho. 

As Associações Brasileiras de Ginecologia e Obstetrícia também são contra o parto 
em casa. 

“O médico não está proibido de realizar o parto domiciliar, mas ele tem que 
estar 
ciente dos riscos que esse procedimento envolve e também estar ciente de que 
ele pode ser punido pelo Conselho Federal de Medicina, caso ocorra algum tipo de 
insucesso”, diz Vera Fonseca, diretora da Federação Brasileira de Ginecologia e 
Obstetrícia. 

“Não é um procedimento cirúrgico. Parto não é um ato cirúrgico. O parto é um 
ato natural”, opina Jorge Kuhn. O coordenador do Departamento de Obstetrícia da 
Universidade Federal de São Paulo defende o parto em casa. Mas avisa: ele só pode 
ser feito quando a gravidez é de baixíssimo risco. 

“Aquelas que não apresentam nenhuma intercorrência, quer clinica, quer obstétrica, 
portanto: pressão alta, diabetes, pré-eclampsia, qualquer circunstância que possa 
aumentar o risco para essa mãe ou para esse bebê”, informa Jorge Khun. 

Essa, então, é a condição fundamental para a mãe que quer fazer o parto em casa: 
a gestação tem que ser perfeita. Qualquer probleminha no pré-natal é motivo para 
que a escolha seja a de fazer o parto em um hospital. 

Três milhões de bebês nascem por ano no Brasil. 2,2 milhões, em hospitais públicos. 
Segundo o Ministério da Saúde, a rede do SUS pode receber as mães que querem 
um parto humanitário, sim, mas não domiciliar. 

“É possível, e é o que acontece no Brasil. Queremos cada vez mais, o parto 
hospitalar humanizado. Parto natural, com analgesia, com acompanhante. Mas 
pode ser, como é no Brasil, 98% dos partos são em hospitais. E é isso que o 
Ministério da Saúde recomenda”, diz Helvécio Magalhães, secretário do Ministério 
da Saúde. 

Em uma maternidade pública de Belo Horizonte, Ariádila seguiu todos os 
procedimentos do parto humanizado, sem pressa, sem indução das contrações. 
Sempre ao lado do marido. Uma hora depois, mãe, pai e filho estavam juntos. 
O bebê, no colo dela. Pelo tempo que os dois quiseram. 

Em Campinas, Sabrina e Fernando levantaram a discussão, se recolheram pra 
curtir o mais novo integrante da família, e já decidiram. Se vier um segundo filho, 
o irmãozinho do Lucas vai nascer em casa. 

“Foi o dia em que eu me senti mais mulher, mais linda. Por esse dia valeu a pena 
ter vivido”, relata Sabrina.


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