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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Crítica: 'Foxfire' liberta feminismo da velha briga contra homens

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

A violência e o feminino são forças incomuns de vermos andando juntas. Em "Foxfire - Confissões de uma Gangue de Garotas", contudo, a vocação libertária de um grupo de moças é capturada tão de perto e de dentro que a primeira coisa a vir abaixo é o eterno estereótipo do sexo frágil.
Em seu primeiro longa cinco anos depois de conquistar a Palma de Ouro em Cannes com "Entre os Muros da Escola", o diretor francês Laurent Cantet adapta o romance homônimo publicado em 1993 pela norte-americana Joyce Carol Oates.
Como no premiado filme anterior, Cantet filma, colado à epiderme, a transformação hormonal e moral de jovens. Em vez da França multicultural, ele agora olha para o interior dos Estados Unidos nos anos 1950.
Legs, Maddy, Rita, Goldie, Lana e Violet se juntam meio por acaso, um tanto para se defenderem de abusos reais ou simbólicos e também para resistirem à violência disseminada num mundo que é regido pela dominação masculina.
Na falta da força física, elas coordenam ataques em grupo, montam ardis baseados na sedução sexual e constituem aos poucos uma sociedade secreta e isolada.
Visto na superfície, o filme parece ilustrar uma fantasia feminista que aponta o homem como inimigo. Para se impor, seria fundamental à mulher libertar os grilhões, começando pela superação desse outro que a restringe.
Já uma segunda camada, menos óbvia, revela como o xis da questão não se encontra no homem, mas nas relações, independentemente do gênero.
À medida que o grupo se isola em sua utopia feminista, o coletivo passa a ser regido pela figura de Legs, obedece à sua vontade destrutiva que, por fim, esfacela a unidade.
Primeiro, Cantet filma a adesão ao grupo para em seguida acompanhar seus indivíduos reorganizando-se de acordo com suas autonomias.
O que começa como rebeldia adolescente se cristaliza na forma de revolta, cria identidade em torno de ideais de resistência e termina tendo de escolher entre a norma e a revolução.
Com esse painel de época, Cantet reafirma a força maior de seu cinema como registro de forças em jogo num campo onde não cabe o "cada um por si" nem o "a união faz a força".

FOXFIRE - CONFISSÕES DE UMA GANGUE DE GAROTAS
DIREÇÃO Laurent Cantet
PRODUÇÃO França, Canadá, 2012
ONDE Reserva Cultural 1
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO Bom

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