A professora Zilda Iokoi diz que a escravidão ainda é uma realidade no Brasil e no mundo
Às vésperas da celebração dos 129 anos do fim da escravidão no Brasil, não há muito o que comemorar neste 13 de maio. É que, na verdade, a escravidão não acabou, nem no Brasil nem no mundo, como atestam os dados da organização australiana Walk Free Foundation, divulgados no ano passado – em todo o planeta, há 46 milhões de pessoas submetidas a alguma forma de escravidão.
Nesta entrevista à Rádio USP, a professora Zilda Yokoi, titular do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, observa que o que mudou foi o conceito de escravidão, antes compreendido como a compra e venda de uma pessoa humana. Hoje, o conceito se ampliou, significando toda e qualquer forma de aprisionamento, expropriação, perseguição, prisão e a não remuneração pelo trabalho realizado.
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Segundo a professora Zilda, o problema da escravidão nos dias atuais começou a ser discutido mais profundamente em meados da década de 1980, por ocasião da descoberta de indivíduos trabalhando em regime de escravidão em fazendas de cana-de-açúcar na região oeste de São Paulo. Mais recentemente, o assunto voltou à tona, desta vez atingindo a produção urbana, quando foi constatado que imigrantes bolivianos trabalhavam em condições subumanas em oficinas de costura em regiões do centro da Capital.
Ainda segundo a professora da FFLCH, de lá para cá houve avanços, a partir da realização de blitz da Polícia Federal e do Ministério Público em tais locais de trabalho, o que, por outro lado, levou a que parte desses imigrantes começasse a migrar para a Argentina, onde também existe um mercado de trabalho a partir do qual oficinas de costura vendem seus produtos para grandes marcas internacionais. Atualmente, com a chegada de imigrantes originários da África ao Brasil, a preocupação com o trabalho escravo só cresceu, uma vez que a essa condição junta-se o racismo.
No mundo, a escravidão ainda é uma realidade em países como Coreia do Norte, do Leste Europeu, Camboja e Índia, entre outros – além do próprio Brasil, que, como não poderia deixar de ser, também aparece nesse ranking de degradação do ser humano.
USP
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