Automutilação digital é uma prática que tem crescido entre os adolescentes
01 de Dezembro de 2017
Mudanças físicas, psicológicas e sociais. A adolescência não é uma fase fácil.
Com menos repertório emocional para lidar com os problemas que aparecem no horizonte, não são raros os casos em que as pessoas no início da vida, em situação de desesperança ou desamparo, recorrem a práticas como automutilação física (ferir o próprio corpo com cortes, queimaduras ou arranhões). Não à toa também, que, nos últimos 12 anos, a taxa de suicídios na população brasileira entre 15 a 29 anos subiu quase 10% — de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014, de acordo com o Mapa da Violência 2017.
E, em uma sociedade conectada como a nossa, esse contexto complexo de saúde mental desembocou em uma nova forma de fazer mal a si mesmo: a automutilação online.
Uma pesquisa recente divulgada pela BBC Brasil e conduzida entre quase 6 mil estudantes dos ensinos fundamental e médio nos EUA, com idades de 12 a 17 anos, descobriu que 1 em cada 20 estudantes já publicou ou compartilhou mensagens abusivas contra si mesmo em alguma plataforma digital.
As motivações variam entre baixa autoestima, depressão e outros, mas assim como nos caso físicos, tendem a representar (ainda que de forma torta) um pedido de ajuda. "Na maioria das vezes, estão à espera de uma reação, querem ver se alguém vai ajudá-los, como seus amigos vão responder. Eles apenas querem atenção de alguma maneira”, explicou Justin Patchin, um dos autores, em entrevista à BBC.
Um dos achados da pesquisa foi a maior incidência da prática entre os rapazes: 7,1% já disseram ter praticado cyberbullying contra si mesmo, enquanto 5,3% das moças revelaram participação.
“Várias correlações estatisticamente significativas de envolvimento em auto-danos digitais foram identificados, incluindo orientação sexual, experiência com bullying escolar e ciberbullying, uso de drogas, participação em várias formas de não conformidade adolescente e sintomas depressivos”.
Em alguns casos, os estudantes tornam público o que já estava sendo dito sobre eles de maneira privada. "Por exemplo, alguém está enviando mensagens cruéis e você está deletando, e ninguém mais vê essas mensagens, mas você quer tornar público o que está acontecendo. Então, posta os comentários você mesmo, de forma anônima, em uma página onde outros possam ver e, talvez, oferecer ajuda.", disse Patchin.
Se você é ou conhece alguém que já praticou algo do tipo ou está passando por uma situação que pede por ajuda, saiba que a existência de apoio da família ou de uma rede de amizade sólida é um dos principais fatores de proteção para que o jovem consiga superar as adversidades.
O CVV, Centro de Valorização da Vida, também é uma referência fundamental e gratuita, que pode ser utilizado. Especializado na promoção de apoio emocional e prevenção do suicídio, o serviço voluntário atende pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, pelo telefone 141 ou por email, chat e voip 24 horas todos os dias.
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