'The Post - A Guerra Secreta', indicado a seis prêmios Globo de Ouro, retrata a participação da publisher do jornal Katharine Graham em momentos que definiram a história do jornalismo
Katherine Graham em seu escritório em 1980: em 'The Post' ela é interpretada por Meryl Streep. ROBERT R. MCELROY GETTY IMAGES |
MARI LUZ PEINADO
4 JAN 2018
Quando Alan Pakula rodou Todos os Homens do Presidente, Robert Redford comunicou a Katharine Graham, proprietária do The Washington Post, que seu personagem não sairia no filme. “Ninguém entendia bem a função da proprietária e era complicado demais explicar (...). Para minha surpresa, me senti um pouco ferida porque prescindiram de mim totalmente”, conta Graham em sua autobiografia.
Todo estudante de jornalismo tem na cabeça um marco que se refere ao exemplo a seguir: Watergate. Todos quisermos ser como a dupla de incansáveis repórteres Bob Woodward (interpretado por Redford) e Carl Bernsteins. Ou o editor que aguentava as pressões, Ben Bradlee. Construindo um épico do jornalismo.
Por trás desse grupo de jornalistas (homens) havia uma grande mulher que a história, como aquele roteiro, ignorou. Katharine Graham cresceu sendo uma filhinha de papai. “Não sabia me vestir, costurar, cozinhar nem comprar, e nem, algo importante, como me relacionar com as pessoas”, dizia ela mesma. Seu pai era o dono do Washington Post, mas quem herdou o posto, a princípio, foi seu marido. No entanto, depois de uma complicada história pessoal, foi Katharine, que assumiu as rédeas da empresa e transformou o jornal em um dos grandes.
Agora outra grande mulher, Meryl Streep, interpretará Graham em The Post, - A Guerra Secreta o filme sobre os papéis do Pentágono, outro marco do jornalismo. O filme recebeu seis indicações ao Globo de Ouro 2018, incluindo o de melhor filme dramático e melhor atriz de drama. E não posso esperar para ver se Spielberg, sim, saberá explicar, enfim, qual era a função de Katharine Graham e que ela mesma descreveu assim: “Minha função principal foi respaldar os chefes e repórteres, acreditar neles”. Provavelmente, o melhor, o mais jornalístico e o mais difícil dos papéis que se podia desempenhar naquele momento.
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