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sábado, 26 de julho de 2014

Além de mortes, crianças em estado de choque são cotidiano na sala de emergência, diz médica em Gaza


Mortalidade infantil representa 25% das baixas da ofensiva israelense em território palestino; questão psicológica compromete futuro da população

“Há muitas crianças que chegam à sala de emergência sem machucados graves ou fisicamente preocupantes. Elas chegam, na verdade, em estado de choque”, conta diretamente da Faixa de Gaza a coordenadora de saúde francesa da organização MSF (Médicos Sem Fronteiras), Audrey Landmann, a Opera Mundi. 
Shareef Sarhan/UNRWA
Foto tirada no dia 13 de julho em Gaza por agência da ONU para refugiados palestinos mostra crianças 
Nos últimos dois dias, uma criança morreu a cada hora em Gaza, aponta o relatório do dia 22 de julho do Ocha (Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, em inglês) na Palestina.  Desde o dia 7 de junho, a operação israelense “Margem Protetora” já deixou 635 mortos, dos quais 77% são civis e, destes, 161 são crianças, representando 25% das baixas. Dos 3.500 feridos, 1.100 são crianças.

Para além das estatísticas, a médica francesa aponta que o conflito traz efeitos psicológicos devastadores a longo prazo para as crianças, impactando no futuro da população palestina. “As crianças ficam próximas de casas que foram bombardeadas e presenciam diversas mortes. Elas têm muitos pesadelos e acordam toda hora à noite por conta dos bombardeios. Consequentemente, há uma série de sintomas crônicos que acabam se desenvolvendo”, argumenta Landmann.
Samantha Maurin/MSF
Médica atende criança em Gaza: pelo menos 18 unidades de saúde foram atingidas pelos mísseis israelenses, segundo OMS

Entre 2008 e 2014, a Faixa de Gaza foi palco de pelo menos três grandes operações israelenses, com a justificativa de Tel Aviv de combater o braço armado do grupo Hamas. Para a coordenadora da MSF, essa sucessão de conflitos e traumas resulta em sintomas psicológicos profundos. “Há uma grande quantidade de crianças – e adultos em geral - que apresentam quadros depressivos ou que têm problemas para se exteriorizar, se sociabilizar”, diz.

Segundo o relatório da agência da ONU na Palestina, há pelo menos 116 mil crianças que deveriam receber suporte psicológico especializado para lidar com as experiências de morte, luto, violência, abuso e perda. Por sua parte, o Ocha já atendeu 1.196 crianças na Faixa de Gaza.

A entrevista de Opera Mundi com Audrey Landmann foi interrompida por duas bombas que explodiram a cerca de 500 metros da casa da médica francesa; ouça:
Contudo, apenas dois dos seis centros comunitários de saúde mental das Nações Unidas estão em funcionamento no território palestino. Além disso, pelo menos 18 unidades de saúde, incluindo três hospitais, foram atingidas pelos mísseis israelenses, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde).

   Carlos Latuff/ Opera Mundi

Por enquanto, a MSF ainda não disponibilizou o atendimento psicológico em Gaza, tendo serviço semelhante na região palestina da Cisjordânia.

“O primeiro tratamento nesses casos é escutar essas crianças e dar voz a elas. Depois, é preciso ver que sintomas essas crianças vão desenvolver semanas depois desse estado de choque. Muitas não vão querer mais sair de casa e vão desenvolver outros tipos e comportamentos”, explica Landmann.

A questão psicológica para as crianças é tão séria em Gaza que até a UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio, em inglês) desenvolveu uma nova via de captação de doações a partir de US$ 30 que serão destinadas para oferecer tratamentos psicológicos a crianças traumatizadas.

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