Aos 10 anos, menina é pesquisadora bolsista do CNPq com projeto que utiliza a cinética para produzir arte
31/10/14
“Como eu sou pequenininha, eu achava que não poderia ser uma pesquisadora.” Com voz tímida, Sophia Santos Nascimento, 10, não esconde a surpresa por já participar de um Programa de Iniciação Científica Júnior. Apesar da pouca idade, na quinta série do ensino fundamental, ela já começou uma carreira como bolsista do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) com um projeto que estuda cor, luz e movimento.
O interesse pela pesquisa surgiu quando começou a participar de um projeto de robótica desenvolvido pela professora Adeniza Nascimento, analista de tecnologia educacional do Colégio Marista Goiânia. Curiosa para entender melhor sobre como os objetos se movimentavam, ela decidiu se inscrever para participar das aulas, que eram oferecidas no contraturno. “Eu não sabia como as coisas giravam e isso me estimulou a querer participar.”
Nas aulas, ela começou a utilizar materiais recicláveis para produzir peças com movimento, luz e cor. Em uma turma de 20 alunos, do 4o ao 9o, a professora passava fundamentos teóricos e práticos para os alunos que começavam a trabalhar com esse universo. “Eu nunca imaginei que poderia aprender sobre essas coisas”, afirmou Sophia.
A bolsa de pesquisa surgiu após a participação na MNR (Mostra Nacional de Robótica). Ao lado do colega Giovane Henrique de Sousa Lima, 14, aluno do 9o ano, ela apresentou o projeto “Tecnologia Artística Cor & luz”, que foi desenvolvido durante as atividades da escola. O trabalho se baseava em uma releitura da obra “Aparelho Cinecromático”, do artista brasileiro Abraham Palatnik, que utiliza a tecnologia para produzir arte com efeitos visuais de luz, cor e movimento.
Para fazer uma releitura da obra de Palatnik, Sophia e o colega estudaram conceitos de cinética e investigaram sobre as melhores formas de trabalhar com a luz e o movimento na peça. Segundo a menina, durante a realização do protótipo eles também tiveram que aprender a lidar com o erros. “Quando não dava certo, a gente procurava pesquisar sobre como melhorar o projeto”, explicou.
A troca de experiências com um aluno do 9o ano também foi um fator de motivação para Sophia. “Foi bem diferenciado porque ele sabia outras coisas. Isso me estimulou a perceber que eu também posso trabalhar com pessoas de outras séries”, contou. De acordo com a professora Adeniza, essa troca de conhecimento entre alunos de idades diferentes é gratificante. “Cada um contribui de uma forma diferenciada. Enquanto a Sophia valoriza mais a parte estética, o Giovani cuida da parte técnica”, explicou.
A professora Adeniza acredita que a atividade tem colaborado bastante para o amadurecimento de Sophia. “Quando você ensina ao aluno sobre como fazer suas próprias pesquisas, ele ganha autonomia e assume o papel de decisão”.
Sophia ainda não sabe a profissão que deseja seguir quando terminar a escola, mas ela tem uma certeza: “Eu pretendo trabalhar com alguma coisa de robótica.”
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