No Brasil, a baixa representatividade das mulheres nas decisões políticas puxou o índice para baixo
02/11/2017
A desigualdade entre homens e mulheres medida pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) aumentou em 2017 no Brasil e em todo o mundo, o primeiro recuo desde que a medição começou, em 2006. O índice de igualdade global de gênero é baseado dados de acesso saúde e sobrevivência, participação e oportunidade econômica, realização educacional, e empoderamento político.
O resultado foi atribuído pela entidade à diminuição da igualdade na economia e na política. A Islândia é a campeã da igualdade de gênero no mundo, seguida por Noruega, Finlândia, Ruanda e Suécia, no ranking 144 países. Os Estados Unidos caíram quatro posições, aparecendo em 49º. Entre os países do G20, a França lidera, em 11º lugar, seguida da Alemanha (12º) e do Reino Unido (15º). Já o Brasil caiu nove posições, ficando em 90º.
Em 2006, estava em 67º. O país faz feio na comparação com outros latino-americanos. A melhor performance é a da Nicarágua que figura entre os dez primeiros no ranking global. A Bolívia aparece em 17º; Cuba, em 25º, e a Argentina, em 34º. Os cinco com mais desigualdade de gênero são Irã, Chade, Síria, Paquistão e Iêmen.
De acordo com projeções do Fórum Econômico Mundial, se esse ritmo for mantido, serão necessários cem anos para as diferenças entre os gêneros serem superadas. “Quando olhamos os resultados dessas quatro dimensões em termos globais, foi um ano sombrio para o progresso da paridade de gênero. Enquanto nos anteriores tinha havido certa evolução, neste o movimento não apenas estacionou como se recolheu”, disse Till Leopold, do WEF.
Baixa representativa de mulheres na política brasileira
No caso do Brasil, a baixa representatividade de mulheres em ministérios e no Legislativo puxou o índice para baixo. “Apesar de ser verdade que o Brasil estava indo bem na economia nos últimos anos, isso estacionou, ao passo que os demais países da América Latina. Com a queda na representatividade política, é como se o Brasil tivesse ficado parado, enquanto os demais avançaram”, analisou Leopold.
O Brasil, no entanto, foi o único país da América Latina que conseguiu diminuir a diferença de gêneros na saúde e na educação. Questionado sobre a eficácia da adoção de políticas para reduzir a diferença de gênero Leopold disse que “certamente não há uma receita única que funcione para todos os países. Mas as pesquisas mostram que medidas com alvo no gênero para ajudar mulheres a progredir no mercado de trabalho têm efeito multiplicador para a economia como um todo e, assim, podem ser bastante eficazes”.
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