Comemorando o dia da mulher com aumento na porcentagem de mulheres cientistas no Brasil
A carreira da mulher cientista
Apesar de estarem perto de representar a metade dos pesquisadores do país1, as mulheres ainda passam por várias dificuldades que acabam atrasando ou impedindo o seu crescimento profissional. Um levantamento realizado pelo portal Gênero e Número revelou que embora as mulheres sejam maioria nos primeiros níveis acadêmicos, a proporção de presença delas vai diminuindo conforme se avançam as etapas da carreira científica. Essa desigualdade pode ser observada pelos dados fornecidos no infográfico.
Para se ter uma ideia, elas são 57% dos alunos de graduação, 55% dos bolsistas de iniciação científica, 52% dos alunos de mestrado e 50% dos doutorandos. Por outro lado, apenas 47% das lideranças de grupos de pesquisa e 46% dos docentes de universidades são mulheres. Mais alarmante ainda: somente 36% das bolsas de produtividade em pesquisa fornecidas pelo CNPq vão para mulheres. Já os homens percorrem o caminho inverso: enquanto representam 43% dos alunos matriculados em cursos de graduação, eles recebem 64% das bolsas de produtividade em pesquisa.
Para se ter uma ideia, elas são 57% dos alunos de graduação, 55% dos bolsistas de iniciação científica, 52% dos alunos de mestrado e 50% dos doutorandos. Por outro lado, apenas 47% das lideranças de grupos de pesquisa e 46% dos docentes de universidades são mulheres. Mais alarmante ainda: somente 36% das bolsas de produtividade em pesquisa fornecidas pelo CNPq vão para mulheres. Já os homens percorrem o caminho inverso: enquanto representam 43% dos alunos matriculados em cursos de graduação, eles recebem 64% das bolsas de produtividade em pesquisa.
Essa queda conforme se avança o nível da carreira é bastante abordada nos estudos sobre gênero e ciência. Chamada de “teto de vidro” ou “segregação vertical”, trata-se de um mecanismo que impede as mulheres de progredirem em suas áreas de atuação. O problema é que essa dificuldade de ascensão não ocorre apenas como resultado de discriminações diretas no ambiente de trabalho. Muito da dificuldade de mulheres progredirem após um determinado período resulta de questões culturais que as levam a ser as principais responsáveis por compromissos familiares como os cuidados com parentes idosos, com a casa e, principalmente, os filhos.
Por exemplo, dados levantados pelo projeto Parent in Science2, criado pela bióloga Fernanda Staniscuaski, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, revelaram que as mulheres passam por uma queda brusca na produtividade após o nascimento dos filhos. De acordo com a pesquisa, a média de idade para o nascimento do primeiro filho de uma cientista é 32 anos (justamente o período em que elas estão finalizando o doutorado) e 54% das cientistas que são mães são as únicas responsáveis pelo cuidado com as crianças.
Como resultado, 45% delas relataram não ter disponibilidade para trabalhar em casa (prática muito comum na carreira acadêmica) e 21% delas disseram fazer apenas após os filhos dormirem ou de madrugada, o que acaba atrasando os resultados. Como uma das principais formas de avaliação no meio acadêmico é a quantidade de artigos publicados, o impacto disso é que a carreira dessas mulheres tende a atrasar por um período de cinco anos: enquanto a média de idade de um homem com bolsa produtividade em pesquisa é de 50 a 54 anos, para as mulheres, essa média é de 55 a 59 anos.
Por isso, mais do que incentivar a entrada de mulheres na ciência, é preciso que as instituições criem mecanismos para auxiliar o crescimento profissional delas. As agências de fomento, por exemplo, concedem licença maternidade para as bolsistas que engravidam, mas não levam em consideração o fato delas terem filhos na hora de comparar a produtividade dessas mães com a de seus colegas. Além disso, os homens também devem tomar para si a responsabilidade com o cuidado dos filhos. Muitas vezes os pais dessas crianças também fazem parte da academia, mas a existência de um filho não impacta suas carreiras da mesma forma que a das mães.
Evidência disso é o projeto da Parent in Science que, por meio de um questionário, busca avaliar qual o impacto dos filhos na carreira dos cientistas brasileiros – mulheres e homens – mas poucos homens responderam, o que, por si só, já é um indicativo do pouco envolvimento deles na criação das crianças.
Se você se interessou pelo assunto, a página de divulgação científica @Woman.In.Science (Instagram) está realizando um especial neste mês de março, apresentando mulheres cientistas a cada dia, com pesquisas nas mais diversas áreas da ciência. Pesquisadoras de diferentes estados do Brasil e também do exterior submeteram um resumo de seus trabalhos para divulgação. Vale a pena conferir! Por fim, o nosso muito obrigada a todas as cientistas que têm nos inspirado e àquelas que estão por vir. Feliz Dia da Mulher, Feliz Dia da Mulher Cientista!
Fonte ícones
Referências
2http://www.generonumero.media/sem-considerar-maternidade-ciencia-brasileira-ainda-penaliza-mulheres/
Para saber mais:
http://www.generonumero.media/sem-considerar-maternidade-ciencia-brasileira-ainda-penaliza-mulheres/
https://agenciapatriciagalvao.org.br/mulheres-de-olho/trabalho/noticias-trabalho/teto-de-vidro-na-ciencia-apenas-25-na-categoria-mais-alta-cnpq-sao-mulheres/
Biologa e Doutora em Ciências
Formada em biologia pela UNESP (Rio Claro) em 2013, Doutora em Ciências pela UNICAMP em 2019 e, atualmente, pesquisadora em engenharia genética e biologia molecular para produção de insumos para a indústria de alimentos na Universidade Técnica da Dinamarca. Apaixonada apor ciências, livros, séries e viagens.
Pesquisadora de Pós doutorado at UNICAMP
Bacharel em Engenharia Química (2006) da Universidad Industrial de Santander (Colômbia), Mestre (2010), Doutora (2014) e atualmente pós-doutoranda em Engenharia Química na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Foi pesquisadora de pós-doutorado (2016) do Algae R&D Centre, Murdoch University na Australia. A sua especialidade são biocombustíveis, biotecnololgia e obtenção de bioprodutos a partir de microalgas.
Estudante de Doutorado da FEQ UNICAMP
Bacharel (2017), e atualmente doutoranda, da Faculdade de Engenharia Química na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atua na área de pesquisa desde a graduação, com intercâmbio e projeto de verão desenvolvidos na Universidade de Manchester (Reino Unido), iniciação científica na UNICAMP e estágio no CNPEM. Interesse principal no desenvolvimento de bioprodutos e processos sustentáveis.
Jornalista de ciência
Bacharel em comunicação social com habilitação em jornalismo (2009) e especialista em jornalismo científico (2015). Cursa atualmente o mestrado em Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Unicamp) com uma pesquisa sobre a trajetória de mulheres na botânica. Seus principais interesses são divulgação científica, mulheres na ciência, gênero na ciência e política científica e tecnológica.
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