Não conheço um workaholic que não seja um desastre em termos de saúde ou de relacionamentos, ou de ambos
GUSTAVO CERBASI
28/11/2016
Há momentos na vida em que temos de pagar um preço para romper a barreira da mediocridade e deixar de ser considerados iguais àqueles com quem concorremos. No início da carreira, isso é muito claro: o profissional recebe pouco, é muito cobrado e as tarefas que recebe são pouco valorizadas. Não resta outra forma de ser percebido a não ser fazendo hora extra, cobrindo o colega que se ausentou, ajudando em funções de outros e dando sangue e suor.
Essa estratégia tem seus perigos, pois raramente o esforço é reconhecido de imediato. Aposta-se em reconhecimento futuro. O risco é fazer do sacrifício um hábito e se viciar em trabalho. Não conheço um workaholic que não seja um desastre em termos de saúde ou de relacionamentos, ou de ambos.
Todos somos capazes de fazer certo sacrifício para alcançar algo realmente importante ou melhorar uma condição. Quando se trata de garantir aumento de renda, crescimento na carreira ou uma riqueza consistente no futuro, faz-se necessário abrir mão de determinadas coisas. Seu desafio, porém, não é saber ponderar sobre o resultado de um sacrifício (facilmente perceptível), mas sim sobre seu custo.
Trabalhar mais horas do que seu colega talvez aumente em 50% suas chances de promoção, mas você sabe o percentual em que aumenta o risco de infarto? Ou de derrame? Ou de o casamento sofrer danos irreparáveis por falta de atenção ao cônjuge? Poupar mais pode aumentar em 10% sua renda futura, mas você sabe em que proporção isso diminui sua motivação para o trabalho, sua felicidade ou a segurança de sua família?
São perguntas difíceis de responder. Mas existem indícios que nos dizem se estamos ou não perdendo o equilíbrio nessa travessia sobre a corda bamba que é ponderar entre realizações presentes e garantias futuras. Surpresas em seu check-up médico, reclamações frequentes de pessoas queridas, perda de momentos importantes com os filhos ou dificuldades para manter o convívio com os amigos indicam problemas.
Alcançar o equilíbrio requer mais do que voltar à posição anterior. Quanto mais você pisar na bola com sua saúde e com as pessoas que esperam seu carinho e respeito, mais energia e tempo precisará dedicar para reparar suas falhas e recuperar sua estabilidade. É como aquele impulso mais forte que você dá para o lado direito quando sente que está caindo para o lado esquerdo. Se o desequilíbrio for excessivo, pode não haver mais condições de recuperar a trajetória original.
Equilíbrio nas escolhas é a regra número um para alcançar o sucesso em seu projeto de vida. E, quanto mais cedo for detectado o desequilíbrio, mais fácil será recuperá-lo. Atente, portanto, para os resultados das escolhas que você faz hoje e para os sinais que você recebe de quem o ama ou admira.
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