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quarta-feira, 1 de abril de 2020

Aplicativos de relacionamentos transformam vidas e a economia

postado em 12/02/2020


As ferramentas de paquera e namoro digitais não estão transformando apenas a maneira como as pessoas se conectam, mas também a foma como os solteiros e solteiras gastam seu dinheiro e moldando a natureza dos gastos das famílias, de acordo com um investidor interessado neste setor emergente.
"Está mudando praticamente tudo, se você pensar em todas as coisas em que as pessoas gastam dinheiro em torno de encontrar um parceiro romântico, cortejando-as, casando-se, tendo filhos", disse Daniel McMurtrie, o jovem cofundador e CEO da Tyro Capital Management, um fundo de ações de Nova York.
McMurtrie, de 28 anos, acompanhou a maré crescente das pessoas que buscam um parceiro online "de um tipo de categoria de nicho, que foi uma piada para algumas pessoas, sendo a forma dominante de namoro".
De acordo com um estudo recente do Pew Research Center, 30% dos adultos americanos usaram um aplicativo ou site de namoro. Para pessoas com menos de 30 anos, o percentual aumenta para 50%.
A proliferação de smartphones e a facilidade de usar aplicativos mudaram o jogo. O usuário só precisa colocar uma pequena quantidade de informações pessoais para começar a ver fotos de parceiros em potencial. Um simples arrastar de dedo pode demonstrar interesse, e, se for recíproco, iniciar uma conversa.
O custo financeiro de marcar um encontro diminuiu drasticamente, bem como o gasto de tempo com encontros e rejeições.
"Historicamente, as pessoas namoraram dentro de seus círculos sociais, seus amigos, sua família, sua igreja, seus grupos sociais", disse McMurtrie. "Isso realmente é cerca de 100, 200 pessoas no máximo".
Os preconceitos sociais também foram reduzidos. "Se você namora alguém que é amigo de um amigo e não dá certo, isso pode ser muito estranho".
"Como todos podem marcar vários encontros instantaneamente por meio de um aplicativo, não faz mais sentido correr esse risco", observou McMurtrie, que publicou um trabalho de pesquisa sobre o fenômeno em novembro.
As gerações mais jovens podem não ter dinheiro para comprar uma casa, e testar a vida de casados antes de se separar é menos complicado se você pagar apenas o aluguel, e não uma hipoteca pesada.
Atualmente, os casais nos Estados Unidos tendem a se casar mais tarde e se divorciais menos. Incertezas econômicas e educacionais mais longas são frequentemente citadas como motivos para esse atraso, mas McMurtrie acredita que encontros marcados pela internet também desempenham um papel nessa mudança.
"As pessoas estão (...) namorando mais, encontrando mais pessoas e entendendo melhor quais são suas preferências e com o que conseguem ou não lidar em uma relação de longo prazo", afirmou.
- Cosméticos para homens -
Esta evolução está tendo um impacto econômico "porque está elevando o gasto com consumo, está estimulando a criação de família", explicou McMurtrie.
Ele aponta para o boom dos produtos cosméticos para homens como um exemplo: sua teoria é que os cremes para a pele dos homens e os produtos para o cabelo e barba voam das prateleiras em parte porque os homens querem parecer mais atraentes nas fotos de perfil de aplicativos de relacionamento.
Por outro lado, as vendas de perfumes não foram afetadas da mesma maneira porque "você não pode cheirar uma selfie. Tudo está ficando com uma pegada do Instagram".
Os principais players do mercado, como Tinder, Bumble ou Hinge, ganham dinheiro oferecendo assinaturas que dão aos usuários acesso a mais recursos ou mais visibilidade de perfil.
Mas as maiores oportunidades, segundo McMurtrie, estão em parcerias com restaurantes, locais de entretenimento e lojas de roupas e cosméticos.
"Para ir a um encontro na cidade de Nova York, você gasta pelo menos US$ 100, talvez US$ 200", disse McMurtrie. "Agora, o Tinder ganha 59 centavos de dólar por usuário pago. Portanto, a questão é (...) que percentual desses cem dólares o Tinder pode receber se ajudar a facilitar essa transação".
- Assunto tabu -
Não há muita pesquisa financeira sobre o assunto porque "ferramentas digitais de relacionamento são inerentemente um tópico relacionado ao sexo, e eu acho que em um contexto profissional as pessoas ficam um pouco desconfortáveis ou acham muito difícil levar a sério", observou McMurtrie.
"Seria muito difícil falar sobre esse negócio em qualquer ambiente sério da sala de reuniões porque você precisa considerar coisas como: 'Qual é o percentual de pessoas que vão ao primeiro encontro que continuam a sair?'".
Para McMurtrie, o impacto mais subestimado dos aplicativos de namoro é o potencial de gestão que podem proporcionar às mulheres, particularmente em países mais conservadores, onde os candidatos românticos podem estar limitados a um círculo muito pequeno de amigos da família.
Mas, com os aplicativos, as mulheres podem passar de uma escolha de entre "10 ou 15 homens (...) a potencialmente ter milhões de opções", disse McMurtrie.
Além disso, as usuárias "percebem que podem dizer não a um homem sem nenhum risco e sem nenhuma desvantagem na reputação".
"Não é apenas uma grande coisa social", disse McMurtrie. "Também é uma grande coisa econômica, porque (...) metade da população realmente tem gerenciamento, voz e participação iguais".

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