Presidente russo diz que não permitirá legalização de casamento entre pessoas do mesmo sexo e que restrição deve ser incluída na Constituição do país. "Enquanto eu estiver no poder, é papai e mamãe", afirma.
14.02.2020
O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (13/02) que não permitirá a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo enquanto estiver no poder e que o matrimônio deve permanecer uma união heterossexual. Além disso, ele apoiou a ideia de consagrar essa noção na Constituição do país.
"Casamento é uma união de um homem com uma mulher", disse ele em uma reunião com um comitê nomeado pelo Kremlin para discutir novas emendas à Constituição russa.
"Casamento é uma união de um homem com uma mulher", disse ele em uma reunião com um comitê nomeado pelo Kremlin para discutir novas emendas à Constituição russa.
"Essa é a ideia certa e deve ser apoiada. Precisamos apenas pensar em como formulá-la e onde", observou, após a parlamentar conservadora Olga Batalina dizer que a Constituição da Rússia deve defender "os valores tradicionais da família".
Ela alegou que a família está sendo atacada por tentativas de introduzir novos termos como "progenitor número um" e "progenitor número dois".
"Isso não é fantasia, é realidade em alguns países", disse Batalina, parlamentar do partido Rússia Unida, que fez lobby na Rússia pela proibição de adoções por estrangeiros e por uma lei contra "propaganda gay", que na prática proíbe o ativismo LGBT no país.
"Sobre progenitor número um e progenitor número dois, eu já falei antes publicamente sobre isso e vou repetir de novo: enquanto eu for presidente, isso não acontecerá. Vai ser papai e mamãe", disse Putin.
O presidente russo afirmou em janeiro que a Rússia precisa de mudanças na Constituição promulgada em 1993 e nomeou um comitê com dezenas de legisladores e celebridades para apresentar ideias.
Na reunião televisionada na quinta-feira, os membros do grêmio propuseram colocar na Constituição frases sobre a Rússia ser um "Estado de paz" para a humanidade e um país que venceu a Segunda Guerra Mundial, entre uma enorme variedade de outras ideias.
Membro do comitê, Yelena Isinbayeva, que detém o recorde mundial no salto com vara, admitiu que nunca havia lido a Constituição antes de ser chamada por Putin para se juntar ao grupo. "Obrigada pela oportunidade, finalmente li a Constituição. Antes não havia necessidade. Agora entendo que é um livro muito importante", disse a atleta.
Revisão do equilíbrio de poder
Há especulações de que Putin queira uma revisão no equilíbrio de poder do país, embora o líder russo, cuja presidência vai até 2024, afirme que as reformas não pretendem ampliar seus próprios poderes.
Em outros comentários durante a reunião, Putin também disse que apoia uma ideia de tornar inconstitucional a Rússia se desfazer de qualquer parte de seu território, algo que provavelmente irritará o Japão e Ucrânia, que têm disputas territoriais com Moscou.
A Rússia anexou a península da Crimeia da Ucrânia em 2014 e está em uma disputa há décadas com Tóquio sobre a propriedade de uma cadeia de ilhas no Pacífico que Moscou tomou do Japão no final da Segunda Guerra Mundial. Rússia e Japão mantêm conversações sobre essa disputa, que impediu os países de assinarem formalmente um tratado de paz após a Segunda Guerra Mundial.
"Temos conversas em andamento com nossos parceiros sobre certas questões, mas eu gosto da ideia em si", sublinhou Putin." Então, vamos instruir os advogados, peça-lhes para formularem isso da maneira certa."
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