Gigante da Internet anuncia "compromisso a favor de salários justos e equitativos", numa altura em que são várias as empresas americanas alvo de acusações de discriminação de género e racial.
A Google gastou cerca de 270 mil dólares (218.7 mil euros, à taxa de câmbio actual) para acabar com as diferenças entre os seus trabalhadores ao nível do salário. Num post publicado num blogue esta quinta-feira, a multinacional afirma que actualmente não existem na empresa desigualdades salariais “significativas estatisticamente” relacionadas com a raça ou género. A informação é baseada na análise mais recente sobre as remunerações na empresa, tendo sido analisadas as discrepâncias salariais que, sem explicação concreta, se pudessem associar a discriminação por raça ou género. As incongruências encontradas foram colmatadas através de ajustes feitos pela Google ao nível salarial.
No total, durante a análise, a Google encontrou desigualdades salariais significativas em 228 funcionários distribuídos por seis grupos de trabalho. Como solução, a empresa aumentou a remuneração de cada um desses funcionários, o que se traduziu num investimento de cerca de 270 mil dólares. O grupo de 228 trabalhadores, aos quais foi aumentado o salário, incluía mulheres e homens de diferentes nacionalidades, nomeadamente americanos, africanos e latinos.
Na análise de gestão salarial, a Google analisou cada grupo de trabalho (por exemplo, o grupo dos engenheiros de software) com pelo menos 30 funcionários, desses num mínimo de cinco homens e cinco mulheres de forma a garantir representatividade de género na amostra. Foram, então, analisados factores que pudessem influenciar o salário (como, por exemplo, a classificação dada ao desempenho dos trabalhadores) e as diferenças no valor de remuneração em cada grupo demográfico. Mais especificamente, foram analisadas as desigualdades salariais que poderiam ser baseadas em questões de raça ou género.
Em 2017, mais de 60 funcionárias da Google nos EUA afirmaram querer avançar com uma acção judicial colectiva contra a empresa por sexismo, alegando que os seus salários eram significativamente inferiores aos dos trabalhadores masculinos que ocupavam o mesmo cargo. De acordo com o site de notícias sobre tecnologia TechCrunch, Heidi Lamar, professora durante quatro anos no Centro para Crianças da Google em Palo Alto, na Califórnia, terá sido a quarta mulher a apresentar queixa contra a empresa devido a esta questão. O processo inicial terá sido arquivado devido ao facto da definição do grupo de trabalhadores afectado ser demasiado ampla.
Também no ano passado, o Departamento de Trabalho dos EUA apresentou uma acção judicial contra a multinacional afirmando que as disparidades salariais são “sistémicas” e exigiu a divulgação de dados sobre os registos salariais dos trabalhadores na sequência de uma auditoria ao programa de igualdade de oportunidades da empresa, de acordo com informações avançadas pelo diário britânico The Guardian. No entanto, a Google negou as acusações e recusou revelar parte da informação exigida, tendo, no entanto, entregue vários documentos com informação sobre a remuneração dos empregados. Em Julho de 2017, um juiz de direito administrativo defendeu a Google, ao afirmar que a divulgação das informações era “intrusivo para a privacidade dos trabalhadores” e que, portanto, a empresa não era obrigada a divulgar os dados solicitados.
A Google viu-se também envolvida numa batalha legal no início de 2018, quando James Damore, antigo engenheiro da empresa, que foi despedido em Agosto do ano passado sem justa causa, apresentou uma queixa no Tribunal Supremo de São Francisco, alegando que na base do seu despedimento estaria o facto de ele ser um defensor da ideia de que na base da desigualdade de oportunidades na empresa estão factores “biológicos” que dão prioridade aos homens.
Texto editado por Maria Paula Barreiros
Nenhum comentário:
Postar um comentário