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sábado, 27 de dezembro de 2014

Frutas estranhas

Regravação de Annie Lennox lembra como a violência contra os negros se incorporou à paisagem nos Estados Unidos

Ana Weiss

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Eram banais os enforcamentos de negros nos anos 1930 e 1940 nos Estados Unidos. Muito pouco era permitido a esses americanos esquecidos pelos direitos civis. Cantar era uma delas. Billy Hollyday, filha de uma empregada doméstica de 13 anos, subiu no palco do Cafe Society de Nova York em 1938, um dos momentos agudos da segregação, para fazer um pouco mais do que cantar. Ela tinha algo mais importante a fazer com a voz que a sagrou como a mais influente cantoras de jazz de todos os tempos e interpretou “Strange Fruit”. A letra devastadora de Lewis Allen, que descreve como frutas estranhas os corpos negros pendurados nas árvores sangrando sobre as folhas, sobre as raízes, ressurge tão vívida quanto atual na voz de Annie Lennox, que lança disco novo, “Nostalgia” (Universal). Um negro que vendia cigarros numa calçada da mesma Nova York foi asfixiado por um policial. E o policial, inocentado, apesar das provas da violência desproporcional. “Eu não consigo respirar”, registra o áudio com a voz de Eric Garner, o vendedor de cigarros, antes de morrer asfixiado pelo policial branco considerado inocente. Frutas estranhas continuam derramando seu sangue do país da liberdade.

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