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Os combatentes do Estado Islâmico (EI) teriam recebido um manual sobre como comprar e vender mulheres e meninas capturadas pelo grupo militante e que supostamente os autoriza a fazer sexo com meninas pré-adolescentes.
Os combatentes do Estado Islâmico (EI) teriam recebido um manual sobre como comprar e vender mulheres e meninas capturadas pelo grupo militante e que supostamente os autoriza a fazer sexo com meninas pré-adolescentes.
Milhares de prisioneiras não muçulmanas ainda estariam nas mãos dos jihadistas do EI, notadamente da seita minoritária yazidi.
O manual, escrito em árabe, teria sido distribuído diante de uma mesquita na cidade iraquiana capturada de Mosul, mas também circulou no Twitter em contas favoráveis ao EI, atribuídas ao departamento de Pesquisa e Fatwa do grupo jihadista.
A autenticidade do documento só foi confirmada pelo Instituto de Pesquisas de Mídia do Oriente Médio (Memri na sigla em inglês), sediado em Washington, organização muito criticada por produzir relatos sobre o mundo árabe sob uma luz extremamente negativa. O Memri traduziu o documento para o inglês.
A capa do suposto "manual" de escravidão do Estado Islâmico
O panfleto em si parece dar instruções sobre como mulheres e meninas podem ser vendidas, usadas como concubinas ou dadas de presente.
"É permissível ter relações sexuais com mulheres prisioneiras. Alá o poderoso disse: '[Bem-sucedidos são os fiéis] que mantêm sua castidade, exceto com suas esposas ou (as cativas e escravas) que sua mão direita possui, pois então eles são livres de culpa [Corão 23:5-6]'...", diz a tradução do documento.
"É permissível ter relação sexual com uma escrava que não atingiu a puberdade?", pergunta-se.
"É permissível ter relação sexual com a escrava que ainda não atingiu a puberdade se ela estiver apta para o intercurso; no entanto, se ela não estiver apta para o intercurso, então é suficiente desfrutá-la sem intercurso", diz a tradução da resposta.
"É permissível ter relação sexual com uma cativa imediatamente depois de tomar posse [dela]?", diz outra pergunta.
"Se ela for virgem, ele [seu dono] pode ter relação sexual com ela imediatamente depois de tomar posse dela. No entanto, se ela não for, seu útero deve ser purificado [primeiro]", esclarece a resposta, em que "purificação" significa aguardar até ela ter um período menstrual.
O conselho também parece sugerir que é "permissível comprar, vender ou dar de presente cativas e escravas, pois elas são meras propriedades que podem ser distribuídas".
Ele também proíbe a venda de uma mulher grávida do filho de seu "proprietário" e separá-la de seus filhos, mas permite a separação de mulheres de seus filhos se estes forem mais crescidos.
O documento supostamente diz que qualquer mulher não muçulmana pode ser tomada como cativa, mas proíbe tomar qualquer mulher muçulmana, mesmo que tenha se tornado "apóstata" ou não crente.
Um grupo de homens que "possuem" a mesma mulher não podem todos fazer sexo com ela, parece dizer o documento, mas somente um homem que "a possui" totalmente. Também parece aconselhar o método de retirada do órgão no sexo com mulheres e meninas capturadas.
Finalmente, o documento sugere que é permissível espancar mulheres e meninas capturadas, desde que elas não sejam atingidas no rosto ou torturadas apenas pelo prazer do proprietário. Ele explica as punições impostas às cativas que fogem, dizendo que é "o mais grave dos pecados" e que elas devem ser "repreendidas... para dissuadir outras como ela de escapar".
Haras Rafiq, um especialista do grupo de pensadores britânico Fundação Quilliam, que estuda o contraterrorismo, disse ao "Mail" que considera o relato verdadeiro:
"É um documento nojento e doentio, que leva o mundo de volta à idade das trevas. Não há lugar para escravidão no mundo moderno. Houve relatos generalizados de combatentes do EI que estupraram mulheres capturadas, que agora se tornaram parte da propaganda anti-EI. Esse documento pode ser uma maneira de regular o comportamento desses combatentes."
A Human Rights Watch disse que não pôde verificar a autenticidade do documento, mas declarou à VICE News que ele é coerente com entrevistas que havia feito com mulheres capturadas que escaparam dos combatentes do EI.
Os detalhes "não são surpreendentes" e são "mais evidências de que o Estado Islâmico é uma organização criminosa depravada, que busca revestir seus atos atrozes de sentimento religioso", disse a pesquisadora Letta Tayler, da HRW.
A rede CNN relatou que o documento foi distribuído primeiramente no Iraque em novembro, mas a tradução só foi publicada pelo Memri nesta semana. Ela citou um homem que disse que os moradores estavam discutindo melhor o documento quando ele foi distribuído diante da mesquita. "A maioria ficou chocada, mas não pôde fazer muita coisa a respeito", relatou a CNN.
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