A vítima é a culpada?
O filme Confiar, dirigido por David Schwimmer (ele mesmo, o Ross do seriado Friends) não é exatamente novo. Estreou no Brasil no final de agosto, mas só fui assistir no último final de semana. Na trama, Annie, uma menina de 14 anos, é estuprada por um homem que conhece na internet. A adolescente acredita conversar com um menino da mesma idade, e só descobre que o namorado virtual era vinte anos mais velho quando, apaixonada, resolve se encontrar com ele escondida dos pais.
Mais do que o problema da pedofilia pela internet, o filme retrata com muita sensibilidade todo o drama que cerca não só a vítima, mas todos que convivem com ela. Por estar apaixonada por seu agressor, Annie demora a aceitar que foi vítima de um estupro, o que deixa seu pai transtornado e abala toda a estrutura familiar.
Uma das cenas que mais chama a atenção é quando o pai de Annie, vivido por Clive Owen, resolve desabafar e contar o problema para um amigo do trabalho. Num primeiro momento, o colega se mostra surpreso e solidário, mas quando o personagem conta como o estupro tinha acontecido, o amigo comenta algo como “Ah? Foi assim? Então menos mal, achei que ela tivesse sido atacada”.
Não é raro ver no mundo real a mesma reação. Ver pessoas invertendo os papéis e colocando as vítimas de abuso sexual como responsáveis pelo crime que sofreram. Recentemente, vi a notícia de que uma funcionária de uma empresa teria sido estuprada por oito colegas de trabalho. Não contentes em estuprá-la, ainda filmaram e mostraram para outros funcionários. Eles alegaram que ela estava bêbada e consentiu. Segundo a polícia, o vídeo mostra a mulher desfalecida, sem condições de decidir qualquer coisa.
Aí aparecem os comentários “Mas ela precisava ter bebido tanto?” “Precisava ter saído sozinha com oito homens?” Não sei. Talvez ela pudesse ter evitado essa situação? Talvez. Mas, honestamente, não acho que nenhum desses argumentos justifique um crime tão covarde e hediondo. Aliás, nada justifica. E você? O que acha?
Ah, pra quem se interessou pelo filme, este é o trailer oficial legendado.
Natália Spinacé é repórter de ÉPOCA em São Paulo.
Mais do que o problema da pedofilia pela internet, o filme retrata com muita sensibilidade todo o drama que cerca não só a vítima, mas todos que convivem com ela. Por estar apaixonada por seu agressor, Annie demora a aceitar que foi vítima de um estupro, o que deixa seu pai transtornado e abala toda a estrutura familiar.
Uma das cenas que mais chama a atenção é quando o pai de Annie, vivido por Clive Owen, resolve desabafar e contar o problema para um amigo do trabalho. Num primeiro momento, o colega se mostra surpreso e solidário, mas quando o personagem conta como o estupro tinha acontecido, o amigo comenta algo como “Ah? Foi assim? Então menos mal, achei que ela tivesse sido atacada”.
Não é raro ver no mundo real a mesma reação. Ver pessoas invertendo os papéis e colocando as vítimas de abuso sexual como responsáveis pelo crime que sofreram. Recentemente, vi a notícia de que uma funcionária de uma empresa teria sido estuprada por oito colegas de trabalho. Não contentes em estuprá-la, ainda filmaram e mostraram para outros funcionários. Eles alegaram que ela estava bêbada e consentiu. Segundo a polícia, o vídeo mostra a mulher desfalecida, sem condições de decidir qualquer coisa.
Aí aparecem os comentários “Mas ela precisava ter bebido tanto?” “Precisava ter saído sozinha com oito homens?” Não sei. Talvez ela pudesse ter evitado essa situação? Talvez. Mas, honestamente, não acho que nenhum desses argumentos justifique um crime tão covarde e hediondo. Aliás, nada justifica. E você? O que acha?
Ah, pra quem se interessou pelo filme, este é o trailer oficial legendado.
Natália Spinacé é repórter de ÉPOCA em São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário