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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

"I Fórum sobre Violência contra a Mulher: Múltiplos Olhares"

Cara(o) participante do "I Fórum sobre Violência contra a Mulher: Múltiplos Olhares"

O Fórum Pensamento Estratégico (PENSES) da Unicamp vai publicar em breve um caderno com a íntegra das palestras e debates do "I Fórum sobre Violência contra a Mulher: Múltiplos Olhares", ocorrido em Campinas em 9 de abril de 2014. A publicação gratuita estará disponível no nosso site para download. Acompanhe as novidades na página do PENSES na internet e no Facebook, onde serão divulgados também os vídeos com todas as palestras.

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Movimento de mulheres e profissionais de saúde busca popularizar parto humanizado no Brasil



Prática prevê mínimo possível de intervenções médicas e protagonismo da gestante ao longo da gravidez e durante o nascimento do bebê; elevado número de cesáreas feitas anualmente no país preocupa ativistas

Mulheres e mães na Marcha pela Humanização do Parto, em agosto de 2012, em São Paulo
Há 14 anos, a educadora Eloísa Monteiro, 38, engravidou do primeiro filho. Teve uma gravidez tranquila, e tinha o desejo de que o bebê nascesse de parto normal. Entrou em trabalho de parto e foi para o hospital, mas, após algumas horas, o médico disse que o bebê estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço. O melhor era fazer uma cesárea. Ela concordou. Três anos depois ficou grávida de novo e através de uma cesárea agendada nasceu o segundo filho.
Ano passado, Eloísa descobriu que esperava mais um filho. Mas, ao longo de uma década, suas ideias mudaram. Nesse período, sua irmã se formou como doula, nome dado à profissional não-médica que acompanha as mães durante a gestação e o parto. Influenciada pela irmã, Eloísa foi buscar mais informações. A partir do que estudou, decidiu realizar o sonho de conceber através do parto normal, isto é, vaginal, e seguindo os moldes daquilo que é conhecido como parto humanizado.
A busca de Eloísa por um parto com menos intervenções médicas é um exemplo do questionamento dos padrões de atendimento à gravidez e ao parto que está em andamento no país. Mas ainda é um movimento minoritário, como mostra a primeira grande pesquisa sobre o tema realizada no Brasil. O estudo “Nascer no Brasil – Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento”, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz, entrevistou 23.894 mulheres de 191 municípios de todas as regiões do Brasil entre fevereiro de 2011 e outubro de 2012. No total, 80% dos partos registrados aconteceram em maternidades públicas e mistas, e foram custeados pelo SUS. Os 20% restantes foram realizados em instituições privadas, com pagamento feito através de planos de saúde ou por desembolso direto.
O levantamento mostrou que o número de cesáreas vem aumentando no Brasil, e que nosso país continua ostentando o título de campeão mundial nesse quesito: nada menos que 52% dos nascimentos registrados ocorreram desta forma. Entre as mulheres que buscaram as instituições privadas, o percentual chegou a 88%. Os autores da pesquisa ressaltam que não há justificativas clínicas para um valor tão elevado, uma vez que o máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 15%. Estimam que quase um milhão de mulheres sejam submetidas à cesárea anualmente em nosso país sem indicação obstétrica adequada.
Outros dados que chamam a atenção incluem: a constatação de que quase 70% das mulheres entrevistadas mostravam preferência por um parto vaginal no início da gestação, mas poucas foram apoiadas em sua opção; o alto índice de prematuridade, na ordem de 11%; e a constatação de uso elevado de procedimentos médicos durante o processo de parto, especialmente entre as pessoas que têm mais dinheiro.
É desse sistema que buscam se distanciar os adeptos do parto humanizado. Na verdade, as primeiras iniciativas semelhantes aconteceram na Europa, ainda nos anos 1950. Hoje é um fenômeno mundial, que recebe nomes diversos em diferentes países. No Brasil, a expressão parto humanizado, ou humanização do parto, começou a ganhar popularidade em torno do ano 2000. Cláudia Magalhães, obstetra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), enumera as características do parto humanizado. Entre outros elementos, procura-se não acelerar o processo, permitindo que ele aconteça naturalmente levando o tempo necessário. Busca-se o menor número possível de intervenções, e, quando necessárias, devem ser previamente discutidas com o casal. Os pais devem ser previamente consultados e dar permissão para a realização dos procedimentos de rotina nos recém-nascidos. “A mulher é vista como protagonista e como corresponsável pelas decisões, e não de modo paternalista. O profissional se posiciona como conselheiro da melhor assistência e não como o ‘dono do conhecimento’”, explica Cláudia.
Um exemplo do interesse por este modelo é a busca por casas de parto. Estas instituições são uma espécie de meio termo entre o ambiente domiciliar e o hospitalar. Na cidade de São Paulo existem duas casas deste tipo. A Casa do Parto de Sapopemba é municipal, e a prefeitura deve criar mais sete nos próximos anos. A Casa Ângela é ligada a uma ONG, e está em atividade desde 2010. Na Casa Ângela, as futuras mães passam por atendimentos individuais e em grupo durante a gravidez. Os partos seguem o modelo do parto humanizado, e são realizados por enfermeiras e por obstetrizes. Uma ambulância permanentemente de plantão pode levar ao hospital os casos que se mostrarem mais complicados. No seu primeiro ano, a Casa Ângela realizou apenas 11 partos. Este ano foram 100 só no primeiro semestre, e devem chegar a 200 até o fim do ano, um crescimento de 1700% em quatro anos.
A mobilização em torno do parto humanizado no Brasil já rendeu até seu próprio documentário, "O Renascimento do Parto" (2013), de Érica de Paula e Eduardo Chauvet. Por meio de relatos de especialistas da área e de pais e mães, o filme retrata a realidade obstétrica brasileira, aborda as vantagens de realizar os partos normal e natural em vez da cesárea e questiona o modelo prevalente. Por trás do grande número de cesáreas, dizem os entrevistados do documentário, estariam imperativos de ordem econômica e demandas de praticidade, influenciando as opções tanto de mães quanto de médicos. O filme também apresenta relatos de mães protestando contra a realização de procedimentos médicos que julgaram desnecessários e abusivos. Também há relatos de tratamento frio, e às vezes agressivo, por parte de equipes médicas. Atualmente, já existe até um termo para designar o abuso e o desrespeito às parturientes: violência obstétrica.
Dentro da comunidade médica há visões divergentes sobre quais fatores podem implicar em risco para a mãe e o bebê. A obstetra Vera Fonseca, conselheira do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do RJ), explica que a entidade proibiu o parto domiciliar “porque entende que todo parto tem risco”, e somente 24 horas após o nascimento do bebê é que se pode classificar um parto como sendo de baixo risco. Para o conselho, durante o trabalho de parto podem surgir ocorrências que demandem a execução rápida de determinados procedimentos. “E o tempo de deslocamento de casa até o hospital pode trazer riscos tanto para a mãe quanto para o bebê“, diz Vera Fonseca. Em setembro, a Justiça Federal anulou as resoluções do Cremerj que proibiam a participação de médicos nos partos em casa. A direção do órgão disse que vai recorrer.
Izildinha Maestá, professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMB com passagem pela Harvard Medical School como pesquisadora associada, também vê com reservas os partos realizados tanto em residências quanto em casas de parto. “Nos partos existe uma necessidade significativa de transfusão de sangue. E pode ser necessário que o bebê passe por uma ressuscitação, que poderia ser feita de forma mais adequada no hospital, ou mesmo que seja levado para uma UTI. Nestes casos, quanto maior a demora, pior será o prognóstico”, avalia.
Cláudia Magalhães diz que as evidências científicas são muito claras quanto à segurança do parto domiciliar para gestantes de baixo risco. “Há de se deixar claro que estamos falando de grávidas atendidas por equipes altamente capacitadas e com equipamento adequado para o tratamento de urgências e emergências, além de plano de transferência previamente traçado e discutido”, explica.
A questão da indicação de cesariana também gera controvérsias. Para Cláudia Magalhães, o grande número de cirurgias realizadas no Brasil está relacionado ao modelo de assistência obstétrica vigente, principalmente no setor privado, no qual o médico é o principal responsável pelo parto. “O médico está inserido no sistema de convênios, que remuneram inadequadamente, para não dizer vergonhosamente, o profissional, que assim não consegue disponibilizar-se para horas de cuidado de uma única mulher em trabalho de parto”, diz. De acordo com a médica da Unesp, a agenda de um ginecologista-obstetra, no consultório, é incompatível com a disponibilidade para ficar horas dedicando-se a um único atendimento, quando poderia atender naquele mesmo período 20 ou mais consultas. Já as cesarianas podem ser agendadas conforme a disponibilidade da agenda do profissional.
O obstetra Mário Macoto, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, pondera que o aumento de cesáreas é um fenômeno mundial, pois o leque de indicações para esse tipo de parto também cresceu. Com o avanço da tecnologia, hoje mais mulheres engravidam, e em circunstâncias mais variadas. Já é frequente encontrar grávidas que sofrem de diabetes ou hipertensão, que passaram por cirurgia bariátrica, que fizeram algum transplante, que têm mais de 35 anos de idade ou que fizeram fertilização in vitro. “Estes são exemplos de casos em que também há indicação de cesárea”, diz.
Muitas vezes a cesárea é feita a pedido da própria mãe. Com formação em enfermagem e professora da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, Cristina Lima Parada está coordenando um estudo sobre a cesariana feita por opção, isto é, sem indicação médica, chamada eletiva. Cristina diz que diferentes razões levam as parturientes a optarem pela cesárea. “Em geral, buscam um parto com menos dor. Muitas vezes, há despreparo psicológico, falhas na assistência pré-natal e um retrato do parto vaginal como algo primitivo, frequentemente veiculado pela mídia”, avalia.
O estudo foi realizado nas duas maternidades da cidade de Botucatu. As análises mostraram que as mulheres que optaram pela cesárea eletiva tinham maior escolaridade e maiores índices de trabalho remunerado. Também mais frequentemente fizeram pré-natal e parto fora do SUS (aliás, a única maternidade privada de Botucatu foi responsável por 99% das cesáreas eletivas registradas no estudo). Com as melhores condições sociais das mulheres submetidas à cesárea eletiva, esperava-se que os recém-nascidos tivessem melhores condições ao nascer. Mas isto não ocorreu. “Os bebês nascidos de cesárea eletiva não diferiram significativamente dos nascidos de parto vaginal. É como se as melhores condições sociais tivessem sido ‘anuladas’”, diz Cristina.
Ela faz questão de enfatizar que o parto vaginal traz benefícios tanto para a criança quanto para a mãe, incluindo-se aí diminuição da mortalidade materna e menores índices de infecção. Cristina acredita que o elevado número de cesáreas feitas anualmente no Brasil pode ser revertido, desde que haja mudanças. “É preciso rever o modelo biomédico, intervencionista e excessivamente medicalizado do parto”, avalia.

Sessão de fisioterapia pré-natal em grupo na Casa Angela, uma das casas que realizam partos humanizados em São Paulo
O estudo “Nascer no Brasil” constatou que certos hospitais que adotam modelos diferenciados de atenção ao parto conseguem reduzir o percentual de cesáreas em grávidas de baixo risco em até 50%, sem que isso resultasse em problemas para a saúde das mães ou dos bebês. As principais diferenças deste novo modelo são a atenção ao parto vaginal por equipes compostas por médicos e enfermeiras obstétricas, a priorização de enfermeiras obstétricas no atendimento ao parto vaginal, a oferta de recursos não farmacológicos ao trabalho de parto, o compromisso dos gestores com a mudança e a auditoria das indicações de cesárea.
Cláudia Magalhães diz que as mudanças na maneira como o atendimento ao parto é feito no hospital ocorreram a partir do que tem sido divulgado na literatura científica. “E também o Ministério da Saúde e a Anvisa têm publicado novas diretrizes visando a humanização do parto. Mas, como não há fiscalização, elas ainda são bem pouco implementadas, especialmente entre os hospitais particulares. Os médicos vão aos congressos, escutam os resultados das novas pesquisas, mas continuam trabalhando do mesmo jeito”, avalia.
Um bom exemplo do poder da fiscalização está acontecendo na cidade de São Paulo. Pressionada pelo Ministério Público, a prefeitura estabeleceu um ranking dos profissionais de saúde de oito maternidades públicas que mais fazem episiotomia – um corte entre a vagina e o ânus que facilita a saída do bebê durante o parto normal. A medida foi estabelecida em abril deste ano, e em apenas três meses a média de episiotomias caiu 50%. Os prontuários médicos também foram modificados, e passou a ser obrigação o preenchimento e a justificativa da necessidade dessa e de outras intervenções, como o uso de oxitocina, para induzir o parto. Os profissionais também deverão justificar a realização de cesáreas, e esses casos serão analisados posteriormente.
Vê-se que a atenção ao parto no Brasil passa por mudanças. E, como mostra a pesquisa Nascer no Brasil, é importante que elas ocorram. Mas a velocidade com que acontecerão não está clara, uma vez que devem superar, por um lado, uma cultura estabelecida entre profissionais de saúde e, por outro, a ausência de mecanismos de fiscalização. “Até hoje, as mudanças aconteceram graças à mobilização das mulheres”, diz Cláudia Magalhães. “E estou cada vez mais convencida que somente a usuária vai conseguir mudar o sistema que temos.”


Opera Mundi

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Premiação é menor para mulheres em 30% dos esportes

Há 1 hora
O jogo mais difícil que as mulheres têm disputado no esporte não é contra as adversárias das quadras, dos campos ou das piscinas - e, sim, contra aquele que parece seu eterno "adversário", o sexismo.
Levantamento da BBC Sport mostra diferenças em premiações no esporte entre homens e mulheres
Levantamento da BBC Sport mostra diferenças em 
premiações no esporte entre homens e mulheres
Assim como na maioria das profissões, no esporte a mulher ganha não só salários menores que os dos homens, como também premiações. Em 30% das principais competições esportivas mundiais, as vencedoras de modalidades femininas recebem menos dinheiro do que os vencedores de modalidades masculinas em prêmios.
Se fosse uma competição oficial, daria para dizer que as mulheres têm zero vitórias, sete empates e três derrotas para os homens com relação às premiações que eles recebem nos esportes.
Após uma investigação minuciosa feita pela BBC, que envolveu pesquisas sobre 56 esportes em nível global, descobriu-se que, das 35 modalidades que dão prêmios monetários a atletas em competições, 10 delas são marcadas pela desigualdade entre homens e mulheres.
Além do futebol – onde essa diferença é ainda mais acentuada -, esportes como golfe, críquete e squash também registram uma brecha considerável nas premiações para homens e mulheres.

Diferenças

A Copa do Mundo de futebol é um dos grandes exemplos disso. Enquanto a Alemanha, campeã mundial com todos os méritos no torneio realizado pela Fifa neste ano, no Brasil, ganhou US$ 34 milhões (aproximadamente R$ 84 milhões) pelo feito, o Japão, campeão mundial do mesmo torneio feminino também organizado pela Fifa em 2011, ganhou US$ 1 milhão (R$ 2,4 milhões).
Mais drástica ainda é a diferença entre as premiações femininas e masculinas para o Campeonato Inglês. Na última temporada, a Premier League ofereceu US$ 39 milhões (R$ 96 milhões) ao campeão Manchester City, mas, na Superliga feminina inglesa, não houve qualquer prêmio monetário às campeãs do Liverpool.
No Brasil, a situação é parecida. No ano passado, o Cruzeiro recebeu um total de R$ 9 milhões por ter conquistado o principal título nacional. Já o Centro Olímpico, campeão do torneio nacional feminino, não recebeu premiação monetária pelo feito. A Copa do Brasil também premia os times masculinos com R$ 3 milhões, mas o campeão feminino da mesma competição não recebe dinheiro pelo título.
As diferenças de premiações no golfe são menores, mas ainda significativas. Michelle Wie recebeu mais de US$ 700 mil (R$ 1,7 milhão) por ganhar o Aberto dos Estados Unidos, pouco menos da metade do cheque dado a Martin Kaymer, que recebeu US$ 1,6 milhões (R$ 4 milhões) por ter vencido o torneio masculino.

Alemanha campeã mundial em 2014 / Crédito: AP
Seleção alemã ganhou R$ 84 milhões pelo título mundial; Japão, campeão feminino, ganhou R$ 2,4 milhões

Luta

Apesar das desigualdades persistirem até hoje, a situação das mulheres no esporte mundial já foi muito pior e começou a mudar a partir de 1973, quando o US Open de tênis resolveu dividir igualmente os prêmios entre homens e mulheres depois de uma campanha impulsionada por uma das melhores tenistas da época, a americana Billie Jean King e outras oito jogadoras.
Stacey Allaster, diretora executiva da Associação de Tênis Feminino (WTA, pelas siglas em inglês) disse que "a WTA está no lugar que está hoje graças a líderes como Billie Jean King, que defendeu a igualdade e conseguiu isso em 1973. E foi Venus Williams que nos permitiu o mesmo em Wimbledon, em 2007".
Entre os esportes pioneiros na igualdade de gêneros, além do tênis, encontram-se o atletismo, a patinação, o tiro e o vôlei, enquanto nos últimos anos, esportes como mergulho, vela, e alguns eventos de ciclismo também estabeleceram o fim das diferenças nas premiações.
"Ainda é, no entanto, decepcionante que, em 2014, as mulheres tenham de estar lutando por igualdade de prêmios nos esportes de elite", lamentou Ruth Holdaway, diretora executiva da instituição de caridade britânica para mulheres nos esportes.

#salasocial: O sexismo afeta a sua vida?

Acontece agora

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Bruno Garcez - @brunogarcez, Editor de mídias sociais

Como o sexismo afeta a sua vida?
Existem empregos talhados para homens e empregos específicos para mulheres ou existem só empregos e ponto final?
Meninos devem se vestir de azul e brincar com carrinhos e meninas devem se vestir de rosa e brincar com bonecas?
Essas são algumas das discussões que vamos promover hoje no #salasocial.
Compartilhe o seu relato e deixe a sua opinião nas nossas páginas de FacebookTwitter e Google+.

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Em nossas páginas de FacebookTwitter e Google+, a gente postou chamadas como essa aqui, convidando os leitores a participar da discussão.
Formulamos a seguinte pergunta: ''Você enfrenta sexismo no seu dia a dia?''

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Bruno Garcez - @brunogarcez, Editor de mídias sociais

O cartunista Laerte Coutinho ou a cartunista, como prefere ser chamada, foi uma das pessoas que respondeu às perguntas da BBC Brasil sobre sexismo. Confira, a seguir:
BBC Brasil: Você vivencia sexismo no seu dia a dia? Como?
Laerte Coutinho: Algumas vezes, pelos percursos que faço. Acontece, às vezes, de receber o tratamento diferenciado que homens costumam conferir a mulheres, às vezes sob a forma de uma gentileza paternalista, às vezes de uma agressividade que se imagina à prova de reações.
Mas não é muito frequente, pra falar a verdade, enquanto experiência ''de rua''.
BBC Brasil: Os estereótipos da mulher frágil e do homem forte prejudicam tanto mulheres como homens?
Laerte: Sim, porque sabotam uma relação humana e emancipatória para ambos. E amparam condutas culturais que impõem papéis imutáveis.
BBC Brasil: Dizer a uma menina que ela deve se vestir de rosa e brincar com bonecas e que um menino precisa se vestir de azul e brincar com carrinhos é:
a) Uma coisa natural
b) reforçar estereótipos desde cedo - sem dúvida, é isso.
c) nem uma coisa nem outra
Laerte: b) Reforçar estereótipos desde cedo - sem dúvida, é isso.
BBC Brasil: O feminismo é um contraponto ao machismo, é uma forma de combatê-lo ou nem uma coisa nem outra?
Laerte: Feminismo é o nome que damos a um conjunto de movimentos sociais de natureza transgressora e transformadora. Machismo diz respeito às condutas conservadoras de discriminação, que oprimem tanto a mulher quanto qualquer comportamento fora do padrão designado pela heteronormatividade para pessoas do sexo masculino. São coisas totalmente diferentes.
BBC Brasil: Homens também deveriam ser feministas? Sim? Não? Por quê?
Laerte: Homens podem, sim, ser feministas. Mas devem, sobretudo, procurar ter a mesma atitude em relação à masculinidade - isto é: questionar os papéis de gênero tradicionais, ousar transgredir essas regras, compreender o ser humano que podem vir a ser, livres dessa opressão cultural.

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A discussão promovida pelo #salasocial integra a série 100Women, da BBC, que, pelo segundo ano consecutivo, ao longo desta semana, promoveu eventos, publicou reportagens e realizou dicussões pelas redes sociais sobre sexismo e a sobre a posição da mulher nos dias de hoje e tentarão traçar seus objetivos para o futuro.

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No mês passado, o #salasocial promoveu uma discussão em nossa página de Facebook, a partir do discurso feminista realizado pela atriz Emma Watson na ONU.
Em seu pronunciamento, a atriz foi ameaçada com a divulgação pela Intrnet de fotos em que ela supostamente apareceria nua.
A partir dessa discussão, o produtor do #salasocial, Ricardo Senra, fez uma reportagem na qual opiniões de internautas sobre o tema e levou-as para a jornalista Juliana de Faria, criadora do projeto Think Olga, um grupo de discussão sobre temas feministas.

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 Juliana de Faria, do projeto Think Olga, grupo de discusão sobre feminismo na internet, afirma que já recebeu xingamentos e até ameaças de estupro.
"Chega a ser um ciclo irônico: uma mulher se posiciona contra o sexismo e, por causa disso, ela sobre ainda mais sexismo."
BBC Brasil: Você vivencia sexismo no seu dia a dia? Como?
Juliana de Faria: Sim. Acredito que todas as mulheres sofrem sexismos rotineiros. A questão é: diante da normatização do machismo, conseguimos identificá-los?
A jornalista Soraya Chemaly fez uma lista de 10 sexismos do nosso dia a dia. Eles vão desde o uso do gênero masculino na nossa linguagem ("OS seres humanos", "OS homens", "TODOS vocês", mesmo que o público seja formado por 99,9% de mulheres) até o velho sexismo na mídia, que objetifica mulheres, sensualiza pré-adolescentes e ignora fontes femininas para suas matérias ( pesquisas mostram que elas são apenas 25% das entrevistadas).
Além disso, posso citar os sexismos que sofro pessoalmente. Vivenciar assédio sexual é um deles -e assim precisar me preocupar com a roupa que vou usar para poder caminhar pelas ruas do meu bairro, da minha cidade, do meu país. Preocupação que jamais deve ter passado pela cabeça do meu marido, meu irmão ou meu pai.
Além disso, mantenho um projeto feminista, o Think Olga. Conquistar espaço de fala feminina na internet, principalmente quando o tema abordado é o feminismo, exige muita coragem. Frequentemente recebo xingamentos, provocações e até ameaças de estupro por parte de pessoas que acreditam que não tenho o direito de expressar opiniões sobre os problemas de nossa sociedade diante da questão de gêneros. Chega a ser um ciclo irônico: uma mulher se posiciona contra o sexismo e, por causa disso, ela sobre ainda mais sexismo.
BBC Brasil: Pela segunda vez consecutiva, o Brasil terá uma mulher na presidência. Seria um sinal de que as mulheres conquistaram um espaço maior na sociedade brasileira ou não chega a dizer tanto assim?
Juliana de FariaCelebro a conquista de uma mulher na Presidência do Brasil. Infelizmente, isso não significa que as mulheres brasileiras estejam conquistam um espaço maior na sociedade.
Hoje mesmo, o ranking Abismo de Gênero, do Fórum Econômico Mundial, registrou uma queda de 9 posições do Brasil. Também vimos que a participação das mulheres encolheu nessas eleições.
Mas mais do que isso: o debate sobre o aborto livre, a principal luta da pauta feminista, ainda é veementemente ignorado pelas lideranças políticas.

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 Juliana de Faria, do Think Olga, continuou a conversa com a BBC Brasil.
BBC Brasil: Dizer a uma menina que ela deve se vestir de rosa e brincar com bonecas e que um menino precisa se vestir de azul e brincar com carrinhos é:
a) Uma coisa natural
b) reforçar estereótipos desde cedo
c) nem uma coisa nem outra
Juliana de Faria: Reforçar estereótipos.
Precisamos entender de uma vez por todas: brinquedos não têm gêneros. São as crianças que devem decidir com o que querem brincar. Obrincar -e a imaginação que a ação demanda- é super importante para o desenvolvimento de uma criança. E isso não pode ser limitado por uma recriminação, preconceito ou padrão do adulto.
Já há instituições educacionais infantis que entendem quão problemática essa limitação de gêneros pode ser. Uma escola em Nebraska, por exemplo, quer abolir os termos "menina" e "menino". Incentiva que os alunos se identifiquem por meio de outros nomes. Além disso, osprofessores são instruídos a perguntarem aos alunos por qual gênero eles querem ser chamados.
BBC Brasil: Por que o feminismo incomoda tanta gente –não só homens como também mulheres?
Juliana de Faria: Lutas de minorias, em geral, incomodam. É tentar mudar uma cultura, uma mentalidade, apontar privilégios e lutar para que eles sejam compartilhados.

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 Confira a terceira parte da entrevista com Juliana de Faria, do projeto Think Olga.
BBC Brasil: O que você responde a quem afirma que o feminismo é um contraponto ao machismo?
Juliana de Faria: Machismo perpetua os costumes da tentativa de controle masculina em relação à feminina. Feminismo defende direitos iguais entre os sexos -que mulheres têm os mesmos direitos políticos, econômicos, sociais e sexuais que homens. Machismo é sobre desigualdade. Feminismo, sobre igualdade.
BBC Brasil: Homens também deveriam ser feministas?
Juliana de Faria: Precisamos, homens e mulheres, chegar num ponto em comum: o feminismo é um movimento que luta pela equidade entre os gêneros, mas cujo o foco é o gênero feminino, por se tratar daquele que é injustiçado. Ou seja: são as questões femininas que precisam ganhar espaço e destaque. As mulheres precisam ganhar espaço de fala, de decisões -e, para atingir isso, apenas com o protagonismo da luta.
Concordando com isso e colocando isso em prática, para mim, não importa se um homem se diz feminista, pró-feminista ou machista em desconstrução. Na verdade, acho que gastamos muita energia tentando decidir como chamar esses homens que queiram participar do movimento.
Já vi feministas brigando por causa desse assunto. Deveríamos ao menos fechar com aquilo que importa: homens podem e devem fazer sua parte, mas a liderança é feminina. Dito isso, chamem-se do que quiserem. Só não vale fazer mansplaining [palavra formada a partir de man eexplain usada para se referir a uma explicação em geral condescendente dada por um homem a uma mulher].

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Ricardo Senra , Da BBC Brasil em São Paulo

Conversamos com Francisco Costa, que se considera um homem feminista. Veja como foi o papo:
BBC Brasil: Feminismo é coisa de mulher?
Francisco Costa: Pra mim feminismo é sanidade mental. Logo é pra todos. O feminismo é nada mais que direitos iguais. É libertador para o homem. Se libertar do patriarcado, do machismo e de muitas cobranças.
BBC Brasil: Em seu cotidiano, "te liberta" em que sentido?
Francisco: Na forma de me comportar, de me vestir, meus hábitos, minha forma de abordar as mulheres de me comportar frente às mulheres no cotidiano e sexualmente falando. Me ajudou a me aceitar mais e a ver menos problemas em algumas coisas e mais problemas em outras.
BBC Brasil: Como você tenta espalhar essa mensagem entre seus amigos homens? Lembra de alguma situação em que tenha sido difícil?
Francisco: O que mais se ouve é que a mina tal é piranha, que dá assim, dá assado. Eu respondo: "Se o corpo é da mulher, ela faz o que ela quer". Eu tento sempre utilizar as mídias que eu tenho para divulgar coisas que eu acredito. Então uso o Facebook para propagar frases como "A nossa luta é todo dia contra o racismo, machismo e homofobia". Eu entrei nos discursos de "minorias" via feminismo, mas hoje em dia estão todos muito coesos e muito próximos, logo é muito bacana.

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O MACHISMO NOSSO DE CADA DIA
"O objetivo não é mais se tornar tão semelhante aos homens quanto possível, mas transformar radicalmente as relações de gênero, projeto político que, por sua vez, requer a superação de todas as formas de desigualdade - Verena Stolcke", diz a descrição da página " O machismo nosso de cada dia", fundada em abril de 2012, hoje com 140.000 likes.

1445

O MACHISMO NOSSO DE CADA DIA
Os posts da página O machismo nosso de cada dia discutem empoderamento feminino e questões como o aborto:

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Ricardo Senra , Da BBC Brasil em São Paulo

MOÇA, VOCÊ É MACHISTA
Criada em 2012, a fanpage " Moça, você é machista" tem mais de 400.000 seguidores e mostra situações cotidianas - vividas por homens e mulheres - e que mostram o machismo enraizado na sociedade brasileira.

1445

FEMINISMO POÉTICO
A página "Feminismo poético", criada em dezembro de 2012 no Facebook, publica poemas com teor feminista. Como este:
Soul Frida
com as cores vivas


da massa popular

pintei a vida
sem nunca me moldar
desacatei, desobedeci
questionei, sofri
não me calei, vivi

grazi

1445

MOÇA, VOCÊ É MACHISTA
Pelo Facebook, a página estimula mulheres a se unirem contra todas as formas de machismo.

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FEMINISTA REVOLUCIONÁRIA
Este é um dos posts da página " Feminista revolucionária". Como nas demais, a ideia ajudar a mensagem a se espalhar das redes sociais para as ruas:

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ADESTRA O GAROTÃO
O papo feminista não precisa ser "pesado ou chato", dizem as ativistas. A página Adestra o Garotão é um bom exemplo.

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Estamos conversando com a empresária Debora Xavier, idealizadora do site Jogo de Damas (sobre economia e negócios) e embaixadora brasileira do Dia Global do Empreendedorismo Feminino - uma iniciativa conjunta da Fundação das Nações Unidas, da Semana Global do Empreendedorismo e do Departamento de Estado Americano.
Para ela, a eleição de uma mulher para a presidência do Brasil é um avanço, mas não significa, sozinha, uma grande conquista das mulheres.
"É um avanço simbólico, mas a reeleição da Dilma não é um fim em si mesma no que tange às conquistas femininas. É apenas um indicador de que estamos no caminho certo, de que está havendo alguma mudança", diz ela.
Deb diz, no entanto, que a presidente "falhou bastante" em encampar políticas públicas que diminuam a desigualdade de gênero no Brasil.
"Como mulher, ela poderia (e deveria) ter trazido o assunto à tona de maneira mais estruturada, entendendo a atuação feminina como estratégica para o desenvolvimento do país", afirmou.
"O tema precisa ser discutido também nos outros Ministérios e Secretarias, como Planejamento, Previdência Social, Assuntos Estratégicos, Micro e Pequena Empresa, Cidades, Tecnologia e Inovação. Não é um tema à parte. No Fórum Econômico de Davos se discutiu como a economia do próximo século vai ser redesenhada pelos 3W: weather, web e women (clima, internet e mulher). É preciso estar atento a isso e encarar a mulher para além da caridade ou questão do bem-estar social."

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Como parte do diálogo global sobre sexismo e a condição feminina nos dias de hoje, a BBC colheu relatos em diferentes partes do mundo.
Como este, de Maryam, do Afeganistão, que afirma que "De onde venho, não se espera que as mulheres lutem contra o assédio. As pessoas não lhes dão apoio em casos assim. Elas pedem que elas se acalmem".