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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

#salasocial: O sexismo afeta a sua vida?

Acontece agora

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Bruno Garcez - @brunogarcez, Editor de mídias sociais

Como o sexismo afeta a sua vida?
Existem empregos talhados para homens e empregos específicos para mulheres ou existem só empregos e ponto final?
Meninos devem se vestir de azul e brincar com carrinhos e meninas devem se vestir de rosa e brincar com bonecas?
Essas são algumas das discussões que vamos promover hoje no #salasocial.
Compartilhe o seu relato e deixe a sua opinião nas nossas páginas de FacebookTwitter e Google+.

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Em nossas páginas de FacebookTwitter e Google+, a gente postou chamadas como essa aqui, convidando os leitores a participar da discussão.
Formulamos a seguinte pergunta: ''Você enfrenta sexismo no seu dia a dia?''

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Bruno Garcez - @brunogarcez, Editor de mídias sociais

O cartunista Laerte Coutinho ou a cartunista, como prefere ser chamada, foi uma das pessoas que respondeu às perguntas da BBC Brasil sobre sexismo. Confira, a seguir:
BBC Brasil: Você vivencia sexismo no seu dia a dia? Como?
Laerte Coutinho: Algumas vezes, pelos percursos que faço. Acontece, às vezes, de receber o tratamento diferenciado que homens costumam conferir a mulheres, às vezes sob a forma de uma gentileza paternalista, às vezes de uma agressividade que se imagina à prova de reações.
Mas não é muito frequente, pra falar a verdade, enquanto experiência ''de rua''.
BBC Brasil: Os estereótipos da mulher frágil e do homem forte prejudicam tanto mulheres como homens?
Laerte: Sim, porque sabotam uma relação humana e emancipatória para ambos. E amparam condutas culturais que impõem papéis imutáveis.
BBC Brasil: Dizer a uma menina que ela deve se vestir de rosa e brincar com bonecas e que um menino precisa se vestir de azul e brincar com carrinhos é:
a) Uma coisa natural
b) reforçar estereótipos desde cedo - sem dúvida, é isso.
c) nem uma coisa nem outra
Laerte: b) Reforçar estereótipos desde cedo - sem dúvida, é isso.
BBC Brasil: O feminismo é um contraponto ao machismo, é uma forma de combatê-lo ou nem uma coisa nem outra?
Laerte: Feminismo é o nome que damos a um conjunto de movimentos sociais de natureza transgressora e transformadora. Machismo diz respeito às condutas conservadoras de discriminação, que oprimem tanto a mulher quanto qualquer comportamento fora do padrão designado pela heteronormatividade para pessoas do sexo masculino. São coisas totalmente diferentes.
BBC Brasil: Homens também deveriam ser feministas? Sim? Não? Por quê?
Laerte: Homens podem, sim, ser feministas. Mas devem, sobretudo, procurar ter a mesma atitude em relação à masculinidade - isto é: questionar os papéis de gênero tradicionais, ousar transgredir essas regras, compreender o ser humano que podem vir a ser, livres dessa opressão cultural.

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A discussão promovida pelo #salasocial integra a série 100Women, da BBC, que, pelo segundo ano consecutivo, ao longo desta semana, promoveu eventos, publicou reportagens e realizou dicussões pelas redes sociais sobre sexismo e a sobre a posição da mulher nos dias de hoje e tentarão traçar seus objetivos para o futuro.

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No mês passado, o #salasocial promoveu uma discussão em nossa página de Facebook, a partir do discurso feminista realizado pela atriz Emma Watson na ONU.
Em seu pronunciamento, a atriz foi ameaçada com a divulgação pela Intrnet de fotos em que ela supostamente apareceria nua.
A partir dessa discussão, o produtor do #salasocial, Ricardo Senra, fez uma reportagem na qual opiniões de internautas sobre o tema e levou-as para a jornalista Juliana de Faria, criadora do projeto Think Olga, um grupo de discussão sobre temas feministas.

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 Juliana de Faria, do projeto Think Olga, grupo de discusão sobre feminismo na internet, afirma que já recebeu xingamentos e até ameaças de estupro.
"Chega a ser um ciclo irônico: uma mulher se posiciona contra o sexismo e, por causa disso, ela sobre ainda mais sexismo."
BBC Brasil: Você vivencia sexismo no seu dia a dia? Como?
Juliana de Faria: Sim. Acredito que todas as mulheres sofrem sexismos rotineiros. A questão é: diante da normatização do machismo, conseguimos identificá-los?
A jornalista Soraya Chemaly fez uma lista de 10 sexismos do nosso dia a dia. Eles vão desde o uso do gênero masculino na nossa linguagem ("OS seres humanos", "OS homens", "TODOS vocês", mesmo que o público seja formado por 99,9% de mulheres) até o velho sexismo na mídia, que objetifica mulheres, sensualiza pré-adolescentes e ignora fontes femininas para suas matérias ( pesquisas mostram que elas são apenas 25% das entrevistadas).
Além disso, posso citar os sexismos que sofro pessoalmente. Vivenciar assédio sexual é um deles -e assim precisar me preocupar com a roupa que vou usar para poder caminhar pelas ruas do meu bairro, da minha cidade, do meu país. Preocupação que jamais deve ter passado pela cabeça do meu marido, meu irmão ou meu pai.
Além disso, mantenho um projeto feminista, o Think Olga. Conquistar espaço de fala feminina na internet, principalmente quando o tema abordado é o feminismo, exige muita coragem. Frequentemente recebo xingamentos, provocações e até ameaças de estupro por parte de pessoas que acreditam que não tenho o direito de expressar opiniões sobre os problemas de nossa sociedade diante da questão de gêneros. Chega a ser um ciclo irônico: uma mulher se posiciona contra o sexismo e, por causa disso, ela sobre ainda mais sexismo.
BBC Brasil: Pela segunda vez consecutiva, o Brasil terá uma mulher na presidência. Seria um sinal de que as mulheres conquistaram um espaço maior na sociedade brasileira ou não chega a dizer tanto assim?
Juliana de FariaCelebro a conquista de uma mulher na Presidência do Brasil. Infelizmente, isso não significa que as mulheres brasileiras estejam conquistam um espaço maior na sociedade.
Hoje mesmo, o ranking Abismo de Gênero, do Fórum Econômico Mundial, registrou uma queda de 9 posições do Brasil. Também vimos que a participação das mulheres encolheu nessas eleições.
Mas mais do que isso: o debate sobre o aborto livre, a principal luta da pauta feminista, ainda é veementemente ignorado pelas lideranças políticas.

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 Juliana de Faria, do Think Olga, continuou a conversa com a BBC Brasil.
BBC Brasil: Dizer a uma menina que ela deve se vestir de rosa e brincar com bonecas e que um menino precisa se vestir de azul e brincar com carrinhos é:
a) Uma coisa natural
b) reforçar estereótipos desde cedo
c) nem uma coisa nem outra
Juliana de Faria: Reforçar estereótipos.
Precisamos entender de uma vez por todas: brinquedos não têm gêneros. São as crianças que devem decidir com o que querem brincar. Obrincar -e a imaginação que a ação demanda- é super importante para o desenvolvimento de uma criança. E isso não pode ser limitado por uma recriminação, preconceito ou padrão do adulto.
Já há instituições educacionais infantis que entendem quão problemática essa limitação de gêneros pode ser. Uma escola em Nebraska, por exemplo, quer abolir os termos "menina" e "menino". Incentiva que os alunos se identifiquem por meio de outros nomes. Além disso, osprofessores são instruídos a perguntarem aos alunos por qual gênero eles querem ser chamados.
BBC Brasil: Por que o feminismo incomoda tanta gente –não só homens como também mulheres?
Juliana de Faria: Lutas de minorias, em geral, incomodam. É tentar mudar uma cultura, uma mentalidade, apontar privilégios e lutar para que eles sejam compartilhados.

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 Confira a terceira parte da entrevista com Juliana de Faria, do projeto Think Olga.
BBC Brasil: O que você responde a quem afirma que o feminismo é um contraponto ao machismo?
Juliana de Faria: Machismo perpetua os costumes da tentativa de controle masculina em relação à feminina. Feminismo defende direitos iguais entre os sexos -que mulheres têm os mesmos direitos políticos, econômicos, sociais e sexuais que homens. Machismo é sobre desigualdade. Feminismo, sobre igualdade.
BBC Brasil: Homens também deveriam ser feministas?
Juliana de Faria: Precisamos, homens e mulheres, chegar num ponto em comum: o feminismo é um movimento que luta pela equidade entre os gêneros, mas cujo o foco é o gênero feminino, por se tratar daquele que é injustiçado. Ou seja: são as questões femininas que precisam ganhar espaço e destaque. As mulheres precisam ganhar espaço de fala, de decisões -e, para atingir isso, apenas com o protagonismo da luta.
Concordando com isso e colocando isso em prática, para mim, não importa se um homem se diz feminista, pró-feminista ou machista em desconstrução. Na verdade, acho que gastamos muita energia tentando decidir como chamar esses homens que queiram participar do movimento.
Já vi feministas brigando por causa desse assunto. Deveríamos ao menos fechar com aquilo que importa: homens podem e devem fazer sua parte, mas a liderança é feminina. Dito isso, chamem-se do que quiserem. Só não vale fazer mansplaining [palavra formada a partir de man eexplain usada para se referir a uma explicação em geral condescendente dada por um homem a uma mulher].

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Ricardo Senra , Da BBC Brasil em São Paulo

Conversamos com Francisco Costa, que se considera um homem feminista. Veja como foi o papo:
BBC Brasil: Feminismo é coisa de mulher?
Francisco Costa: Pra mim feminismo é sanidade mental. Logo é pra todos. O feminismo é nada mais que direitos iguais. É libertador para o homem. Se libertar do patriarcado, do machismo e de muitas cobranças.
BBC Brasil: Em seu cotidiano, "te liberta" em que sentido?
Francisco: Na forma de me comportar, de me vestir, meus hábitos, minha forma de abordar as mulheres de me comportar frente às mulheres no cotidiano e sexualmente falando. Me ajudou a me aceitar mais e a ver menos problemas em algumas coisas e mais problemas em outras.
BBC Brasil: Como você tenta espalhar essa mensagem entre seus amigos homens? Lembra de alguma situação em que tenha sido difícil?
Francisco: O que mais se ouve é que a mina tal é piranha, que dá assim, dá assado. Eu respondo: "Se o corpo é da mulher, ela faz o que ela quer". Eu tento sempre utilizar as mídias que eu tenho para divulgar coisas que eu acredito. Então uso o Facebook para propagar frases como "A nossa luta é todo dia contra o racismo, machismo e homofobia". Eu entrei nos discursos de "minorias" via feminismo, mas hoje em dia estão todos muito coesos e muito próximos, logo é muito bacana.

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O MACHISMO NOSSO DE CADA DIA
"O objetivo não é mais se tornar tão semelhante aos homens quanto possível, mas transformar radicalmente as relações de gênero, projeto político que, por sua vez, requer a superação de todas as formas de desigualdade - Verena Stolcke", diz a descrição da página " O machismo nosso de cada dia", fundada em abril de 2012, hoje com 140.000 likes.

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O MACHISMO NOSSO DE CADA DIA
Os posts da página O machismo nosso de cada dia discutem empoderamento feminino e questões como o aborto:

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Ricardo Senra , Da BBC Brasil em São Paulo

MOÇA, VOCÊ É MACHISTA
Criada em 2012, a fanpage " Moça, você é machista" tem mais de 400.000 seguidores e mostra situações cotidianas - vividas por homens e mulheres - e que mostram o machismo enraizado na sociedade brasileira.

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FEMINISMO POÉTICO
A página "Feminismo poético", criada em dezembro de 2012 no Facebook, publica poemas com teor feminista. Como este:
Soul Frida
com as cores vivas


da massa popular

pintei a vida
sem nunca me moldar
desacatei, desobedeci
questionei, sofri
não me calei, vivi

grazi

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MOÇA, VOCÊ É MACHISTA
Pelo Facebook, a página estimula mulheres a se unirem contra todas as formas de machismo.

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FEMINISTA REVOLUCIONÁRIA
Este é um dos posts da página " Feminista revolucionária". Como nas demais, a ideia ajudar a mensagem a se espalhar das redes sociais para as ruas:

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ADESTRA O GAROTÃO
O papo feminista não precisa ser "pesado ou chato", dizem as ativistas. A página Adestra o Garotão é um bom exemplo.

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Estamos conversando com a empresária Debora Xavier, idealizadora do site Jogo de Damas (sobre economia e negócios) e embaixadora brasileira do Dia Global do Empreendedorismo Feminino - uma iniciativa conjunta da Fundação das Nações Unidas, da Semana Global do Empreendedorismo e do Departamento de Estado Americano.
Para ela, a eleição de uma mulher para a presidência do Brasil é um avanço, mas não significa, sozinha, uma grande conquista das mulheres.
"É um avanço simbólico, mas a reeleição da Dilma não é um fim em si mesma no que tange às conquistas femininas. É apenas um indicador de que estamos no caminho certo, de que está havendo alguma mudança", diz ela.
Deb diz, no entanto, que a presidente "falhou bastante" em encampar políticas públicas que diminuam a desigualdade de gênero no Brasil.
"Como mulher, ela poderia (e deveria) ter trazido o assunto à tona de maneira mais estruturada, entendendo a atuação feminina como estratégica para o desenvolvimento do país", afirmou.
"O tema precisa ser discutido também nos outros Ministérios e Secretarias, como Planejamento, Previdência Social, Assuntos Estratégicos, Micro e Pequena Empresa, Cidades, Tecnologia e Inovação. Não é um tema à parte. No Fórum Econômico de Davos se discutiu como a economia do próximo século vai ser redesenhada pelos 3W: weather, web e women (clima, internet e mulher). É preciso estar atento a isso e encarar a mulher para além da caridade ou questão do bem-estar social."

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Como parte do diálogo global sobre sexismo e a condição feminina nos dias de hoje, a BBC colheu relatos em diferentes partes do mundo.
Como este, de Maryam, do Afeganistão, que afirma que "De onde venho, não se espera que as mulheres lutem contra o assédio. As pessoas não lhes dão apoio em casos assim. Elas pedem que elas se acalmem".

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