18/10/2014Rio de Janeiro
Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil Edição: Beto CouraO Coletivo Intervozes, de comunicação social, o Fórum de Juventudes do Rio e o Fórum Social de Manguinhos lançaram hoje (18) o Guia Mídia e Direitos Humanos, com debate no Museu da Maré sobre o papel da mídia na criação de estereótipos em relação aos moradores de comunidades.
A publicação é fruto de uma parceria do Intervozes com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), e foi elaborado depois de oficinas sobre a formação em direitos humanos feitas em cinco cidades.
Integrante do Intervozes, a jornalista Mônica Mourão, explica que o guia é muito otimista, no sentido de tentar dar subsídios ao comunicador que queira fazer uma cobertura bem intencionada sobre as diversas questões que envolvem os direitos humanos.
“A gente construiu um guia com indicações, sugestões, dicas e material de consulta para comunicadores, comunicadoras, jornalistas profissionais também, que querem fazer uma matéria, precisam muitas vezes cobrir algo nessa área e às vezes não sabem como fazer uma abordagem respeitosa, que garanta direitos, ao invés de violar esses direitos”.
A publicação traz as principais bandeiras de luta que envolvem as pessoas com deficiência, a questão de gênero, população negra, crianças e adolescente e população idosa, com glossário, como tratar certos temas e utilização de termos, além de guia de fontes e boas práticas.
De acordo com Mônica, serão feitas outras atividades de divulgação, mas o lançamento de hoje foi em apoio à mobilização pela permanência do Museu da Maré, além de ser um local simbólico em termos de violações de direitos humanos.
“É fundamental discutir comunicação e direitos humanos em territórios onde esses direitos são especialmente violados. Então a gente achou que era muito importante nesse dia de resistência do Museu da Maré, que está sendo ameaçado de despejo, a gente estrar aqui junto em solidariedade, mostrando que a gente está ao lado deles, e também tentando articular pessoas, entidades e movimentos de direitos humanos que possam futuramente fazer outras atividades que possam fazer essa temática de comunicação de direitos”.
Durante o debate, foram apontadas questões como a construção, pela grande mídia, da ideia de que o morador de favela é criminoso e que as vítimas de violência policial são, a princípio, envolvidas com atividades ilícitas, sem direito a contestação ou defesa. Integrante do Fórum de Manguinhos e do Fórum de Juventudes, Monique Cruz explica que a construção de estereótipos é tão intensa que acaba habitando o imaginário popular até mesmo dentro das próprias comunidades marginalizadas pelos meios de comunicação. Portanto, a comunicação é importante para reverter esse quadro.
“A retomada de uma identidade local, de uma positivação dessa identidade é muito importante. O reconhecimento da pessoa como parte desse lugar, da história desse lugar e da importância disso, não só para o local, mas para a cidade, traz toda essa possibilidade de enfrentamento desses estereótipos. Nosso maior inimigo é a comunicação, mas também é o nosso maior aliado. As pessoas não conseguem fazer essa interligação do que elas são de fato, falam que morador de favela é tudo bandido ou babá. Mas, espera aí, eu também sou morador dessa favela, cresci aqui e não sou má, não sou feia, não sou suja, não sou bandida. Como a gente consegue trazer essa reflexão para as pessoas do próprio lugar, porque dentro das comunidades a gente reproduz também esses estereótipos.”
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