Pai do Samuel, Caio diz que uma licença maior ajudaria também as mães, que poderia contar com a ajuda dos pais por mais tempo. Em Niterói, um servidor conseguiu ampliar a licença-paternidade para 30 dias sem precisar entrar com ação judicial. Outro, conseguiu na Justiça estender a licença para 180 dias
“O Samuel nasceu na segunda-feira, dia 22 de setembro, então, por sorte, tive cinco dias corridos da licença-paternidade mais o sábado e o domingo. Foi uma semana maravilhosa. Os dias seguintes, porém, foram um caos.
Como são apenas cinco dias, as empresas (no meu caso, escolas) não se preocupam em solucionar os problemas que surgem com a ausência do empregado e o trabalho apenas se acumulou. Os prazos para entrega de provas e gabaritos ficaram todos apertados e houve até escola que solicitasse a reposição das aulas perdidas.
A consequência foi que, na segunda semana de vida da criança, dormi pouco, trabalhei muito e quase não consegui ajudar. A convivência ficou mais difícil em casa e, que surpresa, todo o trabalho doméstico ficou acumulado nas mãos da mãe, que no caso da Mari ainda se recuperava da cirurgia do parto, da qual não conseguimos escapar.
A adaptação do bebê foi difícil. O Samuel demorou um pouco para conseguir mamar, não ganhou muito peso e teve que fazer uma pequena cirurgia na língua. Tudo isso somado, passamos a semana na sala de espera da pediatra. Como nos planejamos, eu consegui largar algumas aulas do período da tarde e pude levá-los de carro. Começamos a reparar em quantas mães passam apuros com recém-nascidos e bolsas no transporte público.
A recuperação da mãe também precisou de alguns cuidados. Além de não poder carregar peso e fazer movimentos muito rápido por causa da cirurgia, ela estava se adaptando à diferença hormonal, a uma nova situação que exige sua atenção total e dormindo muito, mas muito mal. Sobrecarregá-la nesse período é um desrespeito. Acho que presença do pai faz, sim, muita diferença.
O nascimento do Samuel foi, para nós, algo alegre e maravilhoso. Mas parece que há pessoas insistem em tratar o período como um ritual de sofrimento a ser superado com suor e lágrimas: “no começo sofre mesmo, não tem o que fazer”, “é bom sofrer um pouco”, “já está com olheiras?”, “está difícil trabalhar?” e risos.
Eu achei o máximo a iniciativa de Niterói ao garantir a licença paternidade de 30 dias. Além de torcer para que se torne lei em nossa região também, fico aqui pensando se as empresas, ONGs, escolas e instituições que trabalham com crianças não poderiam sair na frente e dar o exemplo.”
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