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terça-feira, 31 de julho de 2012


Comitê Olímpico autoriza judoca saudita a lutar com véu islâmico

A organização do judô não queria autorizar o uso do véu. Autoridades da Arábia Saudita disseram que sem o véu, a atleta não competiria


Wojdan Ali Seraj Abdulrahim Shaherkani, na cerimônia de abertura, na sexta-feira (28) (Foto: Matt Dunham/AP)
Após o pai da judoca saudita Wojdan Ali Seraj Abdulrahim Shaherkani dizer que a filha não competiria nos Jogos Olímpicos de Londres caso não pudesse usar o hijab - o véu islâmico -, o Comitê Olímpico se reuniu e decidiu que a atleta poderá competir com o véu.
Segundo Razan Baker, a porta-voz da Arábia Saudita na Olimpíada, o comitê entrou em um acordo com um modelo compatível do véu com o quimono do judô. A organização do judô não queria autorizar o uso do véu, por considerar que compromete a segurança da atleta.
Shaherkani, de 16 anos, disputa a categoria de até 78 kg nos judô. Ela foi convidada pela organização da Olimpíada mesmo não sendo faixa preta, geralmente um pré-requisito para participar do torneio. A primeira luta de Shaherkani está marcada para a próxima sexta-feira (3), quando ela se tornará a primeira mulher saudita a competir nos Jogos Olímpicos na história. Sarah Attar, a outra representante feminina do país, vai participar da prova de 800 metros no atletismo no dia 8 de agosto. 
O Comitê Olímpico Internacional (COI) negociou com a Arábia Saudita por meses até finalmente convencer o país a enviar representantes femininas. O país é conhecido por reprimir direitos das mulheres. 
Com a participação das sauditas, os Jogos de Londres 2012 passam a ser os primeiros em que todos os países enviaram mulheres para competir. 

ENTREVISTA: Humberto Maturana e a importância do amor
O médico e biólogo Humberto Maturana propõe que o cultivo do amor seja um caminho para a realização humana e a coragem de se questionar, a única alternativa de quem ambiciona a paz.
Texto Cecilia Reis / Foto Fred Busch
Em 2000, Maturana e sua parceira, a professora Ximena Dávila, fundaram o Instituto Matriztico, em Santiago, no Chile. Em 2010, esse centro tornou-se a Escuela Matríztica Santiago, espaço que estimula a conversa e a reflexão sobre a natureza humana e as relações entre os homens. Eles estiveram recentemente no Brasil, participando de um workshop promovido pelo Caravanserai Eventos e pelo Instituto Pallas Athena, de São Paulo. Nesta entrevista, a dupla fala sobre amor, dor e reflexão. E nos convida à prática da reflexão como caminho para um mundo melhor.
BONS FLUIDOS: O que significa colocar o amor como um fundamento biológico do ser humano?

Humberto Maturana: O ser humano não vive só. A história da humanidade mostra que o amor está sempre associado à sobrevivência. Sobrevive na cooperação. Se a mãe não acolhe o bebê, ele perece. É o acolhimento que permite a existência. Numa de suas parábolas, Jesus fala do camponês lançando sementes ao solo. Algumas caem nas pedras e são comidas pelas aves, outras caem num solo árido e resistem por pouco tempo. Mas há aquelas que encontram boa terra e crescem vigorosas. Assim também nós precisamos de um solo acolhedor para nos desenvolver. Nosso solo acolhedor é o amor.

BF: Como a senhora, uma cientista, pode definir o amor?

Ximena Dávila: Esse não é um fenômeno eventual, mas uma condição básica e cotidiana que define as relações entre os humanos. Amar é uma atitude em que se aceita o outro de forma incondicional e não se exige ou se espera nada como recompensa. Amar implica ocupar-se do bem-estar do outro e do meio ambiente. Em vez de oferecer instruções do que e como fazer, amar é respeitar o espaço do outro para que ele exista em plenitude.

HM: O amor é a emoção fundamental que tornou possível a história da humanidade. Ele determina as condutas humanas, que, por sua vez, tecem o convívio social, entendendo aqui emoção não como um sentimento, mas como formas de relacionamento. O amor nos dá a possibilidade de compartilhar a vida e o prazer de viver experiências com outras pessoas. Essa dinâmica relacional está na origem da vida humana e determinou o surgimento da linguagem, responsável pelos laços de comunicação e que inclui ações, emoções e sentimentos.

BF: Na essência, todos nós somos criaturas amorosas?

HM: Todas as nossas condutas, mesmo aquelas que chamamos de racionais, dão-se sob o domínio básico de uma emoção, o amor. Não o amor místico, transcendental ou divino, e também não uma virtude especial de alguns, mas um tipo de relação em que todos se mantêm fiéis a si mesmos. Amar não é um substantivo, é um verbo, uma dinâmica relacional espontânea.

XD: Todos nós nascemos amorosos, mas vivemos em um momento histórico em que predominam relações de dominação, sentimentos agressivos, arrogância e competição, que se contrapõem aos fundamentos amorosos. Isso é o oposto do amar, pois amar é um respeito pela individualidade. Amar nos permite ser vistos, ter presença, ser escutados, enfim, existir como pessoa. É um tipo de comportamento em que não há expectativas e preconceitos – impera a aceitação do outro da forma como ele existe. O que estamos propondo é apenas recuperar em nós o que é constitutivo do nosso ser.

BF: Para vocês, o mundo é, de fato, um espaço acolhedor?

HM: O mundo sempre foi maravilhosamente acolhedor. Se assim não fosse, a história do ser humano não teria acontecido. Um ser só sobrevive em um entorno que o receba. Caso contrário, torna-se negativo e agressivo e não resiste. Apesar de vivermos um momento de negação do amor, só sobrevivemos porque essa emoção persiste nos vínculos que definem a vida em sociedade. É no amor que alcançamos o bem-estar e realizamos nossa condição humana.

BF: Normalmente entendemos o amor como uma relação idealizada, perfeita. Isso é um equívoco?

HM: Perfeição implica expectativa. Isso não é amor para nós. O amor verdadeiro não exige nada, não pede retribuição. Quando surge a exigência, desaparece o amor. Ele não admite críticas, pois elas significam a imposição dos desejos de alguém sobre outra pessoa e isso dissipa o prazer de estar junto.

BF: Se o amor é um fundamento do ser, como surge o desamor?

XD: O útero é um espaço de boa terra de onde “brotamos” convencidos de que o mundo nos receberá e cuidará de nós com ternura e respeito. Se assim for, conseguimos conservar a configuração emocional própria de seres amorosos. Entretanto, o nosso estilo de vida pode nos conduzir a um processo de autodepreciação, uma armadilha criada pelos padrões da cultura contemporânea. Para rebater esse mal-estar consigo mesmo, um drible são as conversas reflexivas – um exercício de autoconhecimento em que revelamos o que vivemos e como vivemos. Refletir não é pensar, mas agir de modo a perceber o sentido da própria existência e realizar nossa natureza amorosa.

BF: Alguém que nasceu no desamor pode se reestruturar?

XD: Sempre existe espaço para transformação. Num clima de desamor, esse processo traz sofrimento. Mas a dor tem sua função: ela faz refletir e nos permite examinar nossas atitudes conosco e com a sociedade e decidir se queremos continuar naquela direção ou não. Somos continuamente mutantes. Podemos gerar mundos distintos todos os dias e isso traz esperança. Nascemos com o potencial de cultivar espaços de bem-estar, capazes de ampliar a amorosidade que vivenciamos no útero materno. E, como seres amorosos, temos a capacidade de ressurgir do sofrimento.

HM: Cada qual tem de assumir o próprio processo de mudança. Não se pode querer transformar o outro. Isso não é um ato de amor verdadeiro – quando tentamos mudar o próximo, estamos visando nossos próprios interesses e valores. A transformação deve ser feita por cada um de nós e para o nosso próprio bem. Se alguém não merece seu amor, não tente interferir na sua conduta. Afaste-se. Você tem liberdade de escolher com quem quer estar.

BF: Qual o sentido do sofrimento?

HM: A dor nos faz perguntar. Apesar de difícil, é uma oportunidade única de transformação, assim como a curiosidade, que não nos permite submissão aos padrões externos. Quando tropeçamos dói o pé. Isso faz pensar sobre o modo de andar, a atenção ao caminhar, os desafios do trajeto. A dor da alma também ensina. Se alguém me repudia, tenho de perguntar o que estou fazendo para que isso aconteça. Investigar é oportunidade para crescer.

BF: E onde nasce a dor?

XD: Como seres criativos, precisamos de um ambiente que nos permita a expressão plena da nossa natureza amorosa. A dor surge de experiências decorrentes do desamor em que a pessoa aceita e, portanto, acredita que merece não ser amada. Para superar esse sentimento, ela tem de se reconectar profundamente com essa natureza. E reconhecer que as expectativas colocadas sobre ela são demandas arbitrárias próprias de uma cultura centrada no resultado e na competição. Enxergar tudo isso muitas vezes depende de um estímulo externo, uma conversa desprovida de expectativas e julgamentos.

BF: Viver é um esforço, aqui entendido como sofrimento?

XD: O único caminho possível é a reflexão. Mas refletir não pode ser encarado como um esforço. Se há esforço significa que estamos procurando soluções. Isso não é reflexão. Refletir é conseguir recuar da cena para enxergar – e entender – a situação por outro prisma e encontrar uma nova direção a seguir.

BF: Nesse sentido, o que significa refletir para a senhora?

XD: A pergunta primordial é: gosto de viver o que estou vivendo? Quando me disponho a essa pergunta, já estou revendo minhas posturas, fora do âmbito da dor e da angústia. A conquista da consciência passa por outras perguntas: será que o meu desejo é uma imposição do outro? Será que eu quero o que imagino que quero? A reflexão guarda o desejo de se transportar para uma realidade melhor. O processo pode ser desconfortável. E é justamente quando o bem-estar desaparece que surge a oportunidade de encarar as emoções que nos povoam.


O pai ao lado


Os homens também passaram por mudanças em seus papéis sociais e investem cada vez mais na paternidade, mas ainda estão em segundo lugar na hierarquia doméstica

Fernanda Carpegiani. Ilustração Alessandra Kalko

Ilustração Alessandra Kalko
Onde tem uma mãe que trabalha e cuida dos filhos existe também um pai que trabalha e cuida dos filhos. Ou quase isso. A tão falada divisão de tarefas é uma realidade para 45% das mães que responderam à pesquisa da CRESCER (87% são casadas). Pode parecer pouco, mas é um avanço enorme se compararmos à participação paterna de algumas décadas atrás. Um estudo do governo norte-americano sobre o uso do tempo, divulgado no ano passado, por exemplo, mostrou que os homens gastam uma média de 53 minutos todos os dias se dedicando aos filhos – o triplo do que os pais de 1965 passavam com as crianças. A mudança na vida dos pais é tanta que eles já se sentem sobrecarregados. É isso mesmo, e qualquer semelhança com as mães que trabalham fora não é mera coincidência.
Um extenso estudo do Instituto da Família e do Trabalho, nos Estados Unidos, feito com 1.298 homens mostrou que esse conflito só cresce, devido ao aumento da exigência profissional, às longas horas de trabalho e a maior participação como pai. Uma das constatações foi que 60% dos pais não estavam conseguindo administrar trabalho e família.
Outro estudo norte-americano, feito com 250 pais, concluiu que 85% se sentem pressionados para ser, ao mesmo tempo, provedores e pais envolvidos na vida diária dos filhos, e que 70% gostariam de ter mais flexibilidade no trabalho. Para os brasileiros, é aí que entra mais um obstáculo: a legislação trabalhista, que dá apenas cinco dias de licença-paternidade – embora já existam projetos que preveem 30 dias. Isso e, mais uma vez, o que a sociedade espera do pai que trabalha e da mãe que trabalha. “Se um homem diz que vai faltar ao trabalho porque o filho está doente, ele é no mínimo malvisto. E de uma mulher espera-se que ela faça isso”, diz Lídia Weber, psicóloga e coordenadora do Centro de Análise do Comportamento do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná.
Além desse “vício” social, difícil de mudar, há de se levar em conta que a mulher soma funções às suas anteriores. Já os homens, por outro lado, dividiram o peso de provedores com as mulheres. “Ele se descola com mais tranquilidade dos papéis tradicionais, hoje pode vivenciar a vaidade, a afetividade e isso o deixa mais leve. No sentido inverso, a mulher não”, diz a pesquisadora Clotilde Perez. Mas não pense que para eles não há nenhum conflito. Há a cobrança das mulheres por coisas que antes eles não precisavam fazer – como cuidar da casa e dos filhos – e que ainda não têm modelos nos homens mais velhos para seguir.
54% FLEXIBILIZAM REGRAS POR TRABALHAR FORA 
E 72% ACHAM QUE ISSO INFLUENCIA NA EDUCAÇÃO

 
Mãe no turno da noite
Eduardo Nascimento, 30 anos, bancário e pai de Enzo, 2, tenta encontrar um caminho. Além de ir a todas as consultas do pediatra, é ele quem cuida do filho à noite, enquanto a mulher, que também é bancária, está na faculdade. “Ela chega muito tarde, então eu sou a mãe dele no período da noite. Quer dizer, a mãe não, eu sou o pai.”
Sim, os homens – e a sociedade – ainda atribuem naturalmente essas tarefas às mulheres. Por isso, a confusão de Eduardo. O espaço doméstico, que sempre foi e ainda é dominado por elas, precisa ser conquistado por eles, e nem sempre isso é tão fácil quanto parece. “Depois que elas saíram para trabalhar, tiveram dificuldade de reformular esse domínio doméstico e deixar os homens fazerem mais coisas. E do jeito deles”, explica a historiadora Mary Del Priore.
Em vez de compartilhar as tarefas, a mãe puxa a responsabilidade para si e trata o pai como um auxiliar. “Ajudar significa fazer exatamente o que elas querem que eles façam do jeito delas. Eles realmente resistem, pois querem fazer do jeito deles e não apenas obedecer”, diz a antropóloga Mirian Goldenberg.
Isso acontece porque a mãe julga saber a melhor maneira de cuidar dos filhos e da casa, e acha que o homem, bem, no mínimo, ele não tem tanto conhecimento de causa quanto ela. “Todas as mulheres acham que eles são incompetentes, não só a mãe dos filhos dele, mas também a avó, a babá, a empregada doméstica. É como se a função de criar os filhos fosse exclusivamente feminina e só elas tivessem capacidade e competência para isso”, afirma Mirian. Mas paternidade é assunto de homem, segundo a psicóloga e escritora Lídia Aratangy. “A mulher não entende de paternidade. Ele quer ser o pai que ele quer ser, não o que ela acha que ele deve ser.”
É por isso que até na hora de dar bronca nos filhos as mães centralizam o trabalho. Na pesquisa da CRESCER, 22% das mulheres contaram que são elas que impõem sozinhas os limites em casa, e 2% disseram que essa função é apenas do marido (o restante divide a tarefa).
O problema é que, hoje, mais do que nunca, dar bronca e impor limites não quer dizer colocar de castigo (muito menos dar uma palmada!), mas conversar, conversar e conversar... O que, na conta das tarefas diárias das mães, acaba consumindo um tempo importante. “O pai não é mais aquela figura de autoridade, esse é mais um papel que ele viu enfraquecer”, diz Clotilde.
E se a situação geral fosse diferente e tudo funcionasse a favor do homem, será que a divisão seria igualitária? Talvez não – e talvez isso não seja um problema tão grande. Segundo dados da nossa pesquisa, apenas 10% das mulheres fazem todo o trabalho sozinhas.
Na casa do engenheiro civil Marcelo Monteiro, 40 anos, os afazeres domésticos ficam a cargo da empregada-babá e os cuidados com Marcela, 5 anos, são divididos entre os pais. “Não vou falar que é meio a meio, minha esposa fica com uma carga maior”, diz. Mas é ele quem cozinha e pega a menina na casa dos avós, que a buscam na escola enquanto os pais estão no trabalho, além de ficar com ela junto com a esposa todas as noites. E se precisar fazer algum serviço de casa, o único que ele não sabe e não gosta é passar roupa. Para esses pais, o segredo da harmonia está em dividir as tarefas de uma forma mais intuitiva e condizente com a realidade de cada um.
Um para cada lado
A separação pode trazer alguns desafios a mais na hora de compartilhar tarefas. Metade das nossas entrevistadas que são separadas tem a guarda dos filhos e divide apenas os finais de semana com o ex-marido. Não é uma surpresa, portanto, que 88% das mães reclamem de ter que arcar sozinhas com a educação e os limites porque o tempo com o pai é só diversão. Afinal, é ela quem está lá todos os dias, não só para aguentar as birras, mas também para ajudar com a lição de casa, fazer comida, colocar para dormir, enfim, a rotina básica que é seguida durante a semana. “Como a criança mora com a mãe, é normal que ela tenha uma responsabilidade maior, não tem como dividir igualmente. Mas, se os pais são bem resolvidos com a separação, é possível chegar a um consenso. O homem não deixou de ser pai, então não pode se abster do papel de educar os filhos enquanto estiver com eles”, afirma a psicóloga Rita Calegari. A relação do ex-casal pode facilitar – ou dificultar... – alguns acordos, como o que pode e o que não pode ser feito mesmo nos dias de lazer. Por outro lado, a antropóloga e pesquisadora Mirian Goldenberg diz que enxerga muitas boas relações entre pai e filho de casais separados. “É que aí o homem tem a chance de fazer as coisas do jeito dele, como ele acha certo. E isso pode ser muito bom.”
http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI276502-18514,00-O+PAI+AO+LADO.html

Justiça suspende resoluções do Cremerj proibindo a participação de médicos no processo de partos em casa

Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil


Rio de Janeiro – A Justiça Federal no Rio de Janeiro suspendeu os efeitos das resoluções do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) sobre a participação de médicos em todo o processo de execução de partos em casa. O juiz federal substituto Gustavo Arruda Macedo, da 2ª. Vara Federal, deferiu a liminar em favor do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ).
“Inicialmente, salta aos olhos a incompatibilidade entre as resoluções Cremerj nº 265 e 266, e o tratamento dado à matéria pelos diplomar normativos federais. Em termos práticos, as resoluções terminam por dificultar, senão inviabilizar, o exercício da atividade de parteiras, portanto ao mesmo tempo em que proíbem a atuação de médicos em partos domiciliares, com exceção das situações de emergência, também vedam a participação das aludidas profissionais em partos hospitalares”, declara o magistrado em sua decisão.

O juiz também afirma que “ a vedação à participação de médicos em partos domiciliares, ao que tudo indica, trará consideráveis repercussões ao direito fundamental à saúde, dever do Estado, porquanto a falta de hospitais fora dos grandes centros urbanos, muitas vezes suprida por procedimentos domiciliares, nos quais é indispensável a possibilidade de participação do profissional de medicina, sem que sobre ele recaia a pecha de infrator da ética médica”.

O presidente do Coren-RJ, Pedro de Jesus Silva comemorou a decisão da Justiça. “Tínhamos fé de que a liminar seria concedida, pois as resoluções do Cremerj não poderiam jamais incorrer em afronta à legislação. Confiamos na Justiça por defender o direito da mulher de ter o filho onde e da forma que escolher, de forma segura e sempre amparada por uma equipe multidisciplinar de saúde”, disse.

O Cremerj lamentou, em nota, a decisão. De acordo com a entidade, as resoluções do conselho visam a proteger mães e bebês e oferecer as melhores condições de segurança para o parto. “Os direitos de proteção à gestante e às crianças são assegurados pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, e as resoluções do Cremerj reforçam esses direitos. O conselho vai decorrer da decisão”.


SPM, Ministério da Previdência Social e INSS firmam cooperação para enfrentamento da violência contra as mulheres

Por meio de ações integradas, população terá mais acesso a informações sobre a Lei Maria da Penha e direitos das mulheres

A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), firma nesta terça-feira (31/07), em Brasília, acordo de cooperação técnica com o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, e o presidente do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), Mauro Luciano Hauschild. A parceria estabelece a implementação de políticas públicas destinadas ao enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher segurada da Previdência Social, por meio de ações e a partir do compartilhamento de informações entre os órgãos.

Dentre os objetivos da cooperação estão a identificação dos casos que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher e a garantia da concessão dos benefícios previdenciários e assistenciais à vítima. Também será implementada uma política de prevenção de violência doméstica e familiar contra a mulher, por meio de mecanismo pedagógico-reparatório de ressarcimento, por parte do INSS e da Advocacia-Geral da União, dos valores pagos a título de benefícios previdenciários em razão dessa espécie de violência. 

“Na prática isso significa que o INSS vai responsabilizar o agressor para que ele devolva aos cofres públicos os valores pagos pelo INSS à vítima”, explica a secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da SPM, Aparecida Gonçalves.

Também estão previstas a promoção de ações educativas para informação da população nas agências do INSS e a capacitação de servidoras e servidores para o atendimento das mulheres que se declarem vítimas de violência doméstica e familiar. 

“A Previdência Social tem um diálogo direto com milhões de brasileiras, portanto, é uma parceria importante no enfrentamento da violência contra as mulheres. Nosso objetivo é que as mulheres conheçam seus direitos assegurados pela Lei Maria da Penha”, completa a secretária Aparecida Gonçalves.

Assinatura de termo de cooperação entre a SPM, Ministério da Previdência Social e INSS
Data: 31 de julho de 2012 (terça-feira)
Horário: 19h
Local: Auditório do Ministro da Previdência Social (Ed. Sede - Portaria Privativa - Bloco “F” - Esplanada dos Ministérios) - Brasília/DF


Ligue 180 será divulgado por associação de vendas diretas em todo o Brasil

30/07 - Ligue 180 será divulgado por associação de vendas diretas em todo o Brasil
Presidente da ABEVD, Rodolfo Witzig Guttilla, apresenta proposta para a ministra Eleonora Foto: Nei Bomfim/SPM
Entidade conta com quatro milhões de trabalhadores, sendo 92% composto por mulheres
A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 ganhou novo reforço para a sua divulgação em todo o País. Em reunião realizada na Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), nesta segunda-feira (30/07), o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), Rodolfo Witzig Guttilla, assumiu o compromisso com a ministra Eleonora de apoiar a divulgação do Ligue 180. A proposta é que as vendedoras façam a divulgação do serviço  para suas clientes.


A ministra Eleonora Menicucci, da SPM, considera que a ABEVD é um parceiro importante e surge com janelas de oportunidades. “A força de vendas porta a porta chega aonde ninguém consegue chegar”, declarou, comparando a nova parceria da SPM relacionada a direitos humanos com o projeto mantido com a Petrobras (Siga Bem, Caminhoneiro), que divulga o Ligue 180 em caravanas pelas estradas.



Durante o encontro, foram discutidas possibilidades de cooperação, inclusive, sobre autonomia econômica das mulheres. De acordo com Guttilla, o objetivo da parceria é “oferecer possibilidade de mobilização por meio da força das vendas diretas”. Segundo dados informados por ele, as vendas diretas geram oportunidade para quatro milhões de pessoas, sendo mais de 92% delas, mulheres.


OPAS apresenta ações na área da saúde da mulher para ministra Eleonora Menicucci

30/07 -  OPAS apresenta ações na área da saúde da mulher para ministra Eleonora Menicucci
A convite da OPAS, ministra Eleonora conhece trabalho da organização voltado às mulheres Foto: Isabel Clavelin/SPM
Visita inaugura aproximação da Secretaria com a Organização Panamericana de Saúde
A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) e a Organização Panamericana de Saúde no Brasil (OPAS) iniciaram, na última sexta-feira (27/07), as conversações para a cooperação na área de saúde integral da mulher. A conversa aconteceu durante a visita da ministra Eleonora Menicucci, da SPM, à sede da entidade, em Brasília.

Sob o comando do representante da OPAS no Brasil, Felix Rigoli, a Gerência de Saúde Familiar e Ciclo da Vida apresentou as principais áreas de trabalho voltadas a crianças, adolescentes, mulheres, gênero, pessoas idosas, saúde mental, imunizações e populações negra, indígena e cigana.

Dentre as ações, destacaram-se o trabalho da OPAS para a eliminação da violência obstétrica entendida como violência de gênero, o fortalecimento de ações de alimentação e nutrição no Sistema Único de Saúde para atendimento de meninas e adolescentes grávidas e os casos de sucesso na eliminação das doenças imunopreveníveis rubéola e do tétano neonatal.

Formação de gestoras e gestores - Também foram evidenciadas as ações de saúde para redução e prevenção do HIV/DST e aids, hepatites virais e violência na perspectiva de gênero em grupos específicos, a exemplo de mulheres em situação de prisão. Durante a exposição das frentes de trabalho da OPAS, o assessor internacional de Saúde da Mulher, Rodolfo Gómez Ponce de León, convidou a SPM para realizar cursos on-line para gestoras e gestores de saúde, iniciativas que já têm a parceria do Ministério da Saúde. 

No encontro, a ministra Eleonora também foi convidada a coordenar a próxima reunião do Grupo Temático Ampliado das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), em setembro, e ofereceu as instalações da SPM para sediar o encontro. 

Os Jogos Olímpicos do Machismo


Os Jogos Olímpicos de Londres expõem de forma intensa uma característica um tanto lamentável do jornalismo esportivo, o machismo. No Brasil e no exterior, veículos de imprensa abusam de fotos e notícias cujo destaque é a beleza do corpo de determinadas competidoras e não sua capacidade atlética. É uma contradição da própria função do jornalismo, provocada por uma série de fatores.

O machismo aparece principalmente nos portais de notícias na internet e nas versões online das publicações. Assim, um óbvio causador deste fenômeno é o culto ao “clique”, existente em todo o mundo e particularmente relevante no Brasil. A lógica é a seguinte: se a sua peça jornalística não tem um determinado número de acessos, ela é irrelevante.

Assim, melhor do que entrevistar especialistas para mostrar como o corpo da norte-americana Missy Franklin é perfeito para a natação, é fazer uma galeria de fotos com atletas gostosas, como esta do jornal italiano Gazzetta dello Sport. O trabalho é muitas vezes facilitado pelas agências de notícias, que no vôlei de praia (esporte no qual as mulheres podem usar biquínis) chegam ao cúmulo de cortar a cabeça das atletas de uma foto e destacar o bumbum. Além de fácil, as galerias são rápidas e, o principal, dão muitos cliques.

Soma-se à busca ansiosa pela audiência (mesmo que de baixo nível), o fato de algumas atletas não se importarem em aparecer para o público graças a seus atributos físicos, e não atléticos. A revista espanhola Interviú publica nesta semana uma reportagem sobre alguns dos principais temas do esporte olímpico, como a remuneração dos atletas e o doping. As principais personagens da reportagem são Patricia Sarrapio, que vai representar a Espanha no salto triplo, e Ana Torrijos, corredora que se machucou e não vai aos Jogos. Como o texto é ilustrado? Com fotos de Patricia e Ana, juntas e completamente nuas, em paisagens londrinas.

Dar um destaque maior, na cobertura das Olimpíadas, a atletas bonitas em detrimento de outras que sejam esportistas melhores, consiste um absurdo jornalístico. A função básica do jornalismo é avaliar e explicar à população o que é ou não relevante em determinado assunto, e com o esporte não deveria ser diferente. Fazer isso é tratar o esporte como algo pouco sério.

segunda-feira, 30 de julho de 2012


FEMINISTAS CRIAM JORNAL ONLINE FORMADO SÓ POR MULHERES NO CHILE

SEGUNDO A DIRETORA DO JORNAL "LAMANSAGUMAN", A PUBLICAÇÃO SERÁ DIRECIONADA ÀS MULHERES E TODAS AS ENTREVISTAS TAMBÉM SERÃO FEITAS COM MULHERES

Site do "Lamansaguman", jornal criado por feministas (Foto: Internet/Reprodução)
Um grupo de sete profissionais da imprensa lançou no Chile o primeiro jornal online integrado unicamente por mulheres, o qual possui a intenção de ressoar a voz feminina em um ambiente social e midiático predominantemente formado por homens.
"Queremos fazer parte do debate nacional. Não é que seja um jornal para mulheres, mas é um diário feito por mulheres, sendo que todas as nossas fontes também são mulheres", relatou hoje à Agência Efe Kena Lorenzini, diretora do "lamansaguman.cl".
O jornal Lamansaguman, que brinca com a expressão chilena "mansa" (tremenda) e a pronuncia da palavra "woman" (mulher em inglês), iniciou sua caminhada no último dia 5 de julho e se apresenta como "a voz política das histéricas, santas, bruxas, loucas, putas e de todas as mulheres".
Apesar dessa marcada linha editorial, Kena, que é fotógrafa de profissão, assegura que "há mulheres de direitas que se sentem identificadas com este projeto porque a maioria dos temas abordados é transversal".Segundo Kena, esta iniciativa surgiu através de após alguns encontros jornalísticos, onde as mulheres se reuniam para discutir sobre o feminismo de esquerda. A partir deste primeiro passo, as mulheres decidiram dar ressonância para essas conversas através de um jornal próprio.
As sete integrantes do jornal possuem outros trabalhos e dedicam o tempo livre ao jornal, que não conta com nenhum investimento e nem publicidade.
Além das mulheres, outros representantes da sociedade e da cultura chilena também colaboram, por iniciativa própria, com o jornal, que traz informações e também seções de humor, erotismo e contos. EFE 

EXECUTIVAS FLEXIBILIZAM LICENÇA-MATERNIDADE

ELAS ACABAM NÃO SE AUSENTANDO DO TRABALHO, MESMO QUE NÃO ESTEJAM FISICAMENTE NO ESCRITÓRIO. O OBJETIVO, CONTAM, É TENTAR CONCILIAR AS NECESSIDADES DO FILHO E DA EMPRESA

Marissa Mayer (Foto: EFE)

MARISSA MAYER, GRÁVIDA DE SEIS MESES, DEIXOU O GOOGLE PARA SE TORNAR PRESIDENTE DO YAHOO
(FOTO: EFE)
Com gêmeos recém-nascidos e as mamadas programadas para cada três horas, o cálculo era exato: Cláudia Zapparolli tinha 40 minutos de pausa entre uma amamentação e outra. E era esse tempinho que a executiva da Samsung aproveitava para ler os e-mails corporativos e receber telefonemas profissionais.

"Montei uma estrutura antes do parto e, nos meses fora do escritório, fiquei disponível para a empresa, mas até certo ponto", diz ela. Uma maratona que começou no segundo mês de vida dos meninos - hoje eles têm 1 ano e 2 meses - e durou até o fim da licença-maternidade, emendada com um mês de férias.

A história de Cláudia é um exemplo da realidade de muitas executivas ante à maternidade. Ocupantes de cargos estratégicos, essas mulheres acabam não se ausentando do trabalho, mesmo que não estejam fisicamente no escritório. Um cenário mais possível com as tecnologias, as conferências telefônicas e as reuniões por Skype.

A legislação brasileira estabelece o afastamento mínimo e remunerado de 16 semanas. Tempo considerado pequeno por muitas mães, mas exagerado por boa parte das empresas.

"Pode não parecer, mas a legislação brasileira é muito rígida. E isso, ao mesmo tempo em que protege a mulher, pode também atrapalhar. Especialmente quando se trata de cargos de alto escalão", afirma o consultor Jeffrey Abrahams, que trabalha no recrutamento de executivos.

É por essa razão, explica ele, que, apesar de o tabu de contratar mulheres ter sido vencido, grande parte das empresas ainda resiste à ideia de recrutar uma gestante. Uma estatística que poupou, na semana passada, uma das executivas mais bem pagas do mundo. Grávida de seis meses, a americana Marissa Mayer, de 37 anos, deixou oGoogle, onde atuava havia 13 anos, para assumir o cargo de presidente executiva doYahoo! por um contrato de US$ 1 milhão por ano.

O inusitado da situação virou notícia em todo o mundo, principalmente pelo compromisso de Marissa em retornar ao trabalho apenas duas semanas após o parto. Missão que até Cláudia questiona. "Deixa nascer. Se ela for amamentar, por exemplo, é impossível ficar fora com 15 dias de vida do filho. Vai mandar o leite por e-mail?", brinca. "Não há milagre, mas também não deve haver extremismo. A gente entende a organização, mas a empresa precisa ser compreensiva."

Flexibilidade. É esse ceder recíproco que defende Renata Fabrini, sócia da Fesa, empresa de recrutamento de altos executivos. "Eu percebo as lideranças mais flexíveis e abertas mas, é óbvio, esperando uma contrapartida da mulher. Não dá para ter ingenuidade nesse sentido", avalia.

Ela conta que recentemente indicou uma grávida a um cliente e o processo só não progrediu porque a candidata desistiu da vaga. "Se houver comprometimento mútuo, não vejo por que isso não acontecer", defende. E alfineta um pouco mais: "Quinze dias após o parto, se há uma infraestrutura adequada, a mulher vai ao shopping e ao cinema com o marido. Por que não poderia ir à uma reunião? Acho que é preconceito, até."

Dilce Madureira concorda. Mãe de uma garota de 8 anos e de gêmeos de 4, ela não parou na licença-maternidade. "Não tenho paciência de ficar alheia ao mercado por tanto tempo", diz a gerente de vendas da Promega, uma empresa americana de biologia molecular.

Ela não foi ao escritório, mas, a partir do segundo mês, participou de tudo. "Eu ligava, envolvia-me nas decisões. Até poderia ter ficado de fora, mas sabia que tinha metas a cumprir e tinha em mente que minha participação influenciaria nisso. Se me oferecessem seis meses em casa, eu não aceitaria."

Executiva de uma empresa de agronegócio alemã, Andrea Veríssimo discorda absolutamente dessa decisão. Quando seu filho nasceu, em 2005, emendou licença-maternidade com as férias. "Desliguei-me completamente e nada saiu do eixo com a minha ausência." Para ela, o comportamento das mães reflete a posição da empresa. "Sinto uma diferença cultural. Organizações americanas cumprem os quatro meses obrigatórios. Já a maioria das alemãs aderiu ao recesso de seis meses."