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sexta-feira, 20 de julho de 2012


Brasileiras têm mais oportunidades com o Mulheres Mil


Brasileiras têm mais oportunidades com o Mulheres Mil AmpliarMeta do programa é capacitar 100 mil mulheres de baixa renda até 2014

Do Em Questão

Aos 25 anos, Celly Santos Silva já tinha se casado duas vezes e cuidava de quatro filhos, o primeiro nascido quando ela tinha 14 anos. A expectativa de Celly, que concluiu um curso de qualificação de Biojóias do programa Mulheres Mil, é trabalhar num emprego que não seja de doméstica, único tipo de serviço que fez até a qualificação. “Quero conseguir um dinheiro para terminar meus estudos: concluir o terceiro ano e fazer um técnico de enfermagem, e se Deus quiser, quero ver se consigo pagar a minha faculdade e ser pediatra”.

A implantação do programa Mulheres Mil no Instituto Federal de Rondônia (IFRO) se efetivou em maio de 2010, com a oferta de 40 vagas. Em 2011, a disponibilidade cresceu a partir da integração da iniciativa ao Plano Brasil Sem Miséria, do governo federal, e já foi possível atender 300 mulheres por meio do programa, que neste ano já disponibiliza 500 vagas, 100 em cada campi do IFRO. Entre os cursos oferecidos pela instituição de Rondônia estão o de Confecção de Biojóias, Qualificação Profissional em Moda e Agroindústria – Processamento de Produtos Lácteos.

Outra beneficiada desta primeira turma, Filomena Ferreira de Abreu, que iniciou o curso aos 43 anos e com três filhos, destacou a importância da convivência no processo de aprendizado. “Eu me senti  acolhida, as pessoas conversam bastante, as professoras perguntam bastante coisa, como a gente tem passado. Aí a gente se sente bem. As pessoas olham mais, esperam mais da gente; é bom, é muito bom. Isso incentiva bastante”, reitera Filomena.

Aprendizado - Romper barreiras e limitações faz parte da proposta pedagógica do Mulheres Mil. As duas alunas tinham receios em relação ao aprendizado. “Eu tinha um pouquinho de medo; aí, com as explicações do professor, eu perdi o medo. É mais fácil do que eu imaginava. Eu tinha muito medo de mexer no computador, de apagar, agora não tenho mais”, enfatiza Celly Silva.

As alunas também tiveram a oportunidade de representar o corpo discente num encontro nacional realizado em março de 2011, em Natal (RN). Uma viagem que permitiu quebrar paradigmas na vida das aprendizes. “No início, ninguém acreditava que eu era capaz de viajar, de ter coragem para ir. Meus filhos estranharam, acharam que eu estava sonhando, ficaram preocupados. Mas quando viram que era verdade, que eu ia mesmo viajar, ficaram felizes, me ajudaram. Aprendi muito, e quero aprender mais ainda”, ressaltou Filomena.

Para a jovem mãe, a possibilidade de construir um futuro diferente do que se esperava é um dos resultados da ação. “Na minha família havia um preconceito contra haver oportunidade para quem é pobre, e hoje eu vejo que estou na escola como todo mundo. Eu quero estudar e estou aqui. Comecei a estudar, gostei, cada vez gosto mais”, diz Celly Silva.

Ação já reúne mais de dez mil participantes
O Mulheres Mil já está presente nas 27 unidades da Federação. Mais de 10 mil brasileiras já são atendidas pelo programa, que tem como diferencial trabalhar a questão de gênero, aliada à profissionalização e à elevação de escolaridade. A política pública já é executada em 112 campi de institutos federais de educação, ciência e tecnologia. A meta é promover, até 2014, a emancipação social, econômica e educacional de 100 mil brasileiras.

A coordenação é do Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), com execução pelos institutos federais.  “Os cursos são organizados de acordo com os saberes que as mulheres possuem e com os arranjos produtivos locais, pois o programa visa formação profissional, a elevação da escolaridade e a inserção no mundo do trabalho”, explica a coordenadora do Mulheres Mil, Stela Rosa.

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