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sexta-feira, 27 de julho de 2012


'Além da Liberdade' leva às telas vida de ativista birmanesa

Lúcia Valentim Rodriguez

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA



Na pequena e distante Mianmar, uma mulher desafiou o regime militar e usou de sua obstinação para avançar na luta por abertura política no país.
A ousadia da birmanesa Aung San Suu Kyi fez com que ela fosse contemplada com o Nobel da Paz, em 1991.
Mas ela não pôde receber o prêmio. Estava em prisão domiciliar em seu país natal.
Foram 15 anos em que permaneceu nessa condição, impedida de deixar Mianmar e muitas vezes afastada de sua família.
Seu marido, o escritor Michael Aris, morreu de câncer em 1999 sem poder vê-la.
É o drama dessa heroína que o diretor francês Luc Besson retrata em "Além da Liberdade", que estreia nesta sexta (27) no Brasil.

Divulgação
A atriz Michelle Yeoh em cena de "Além da Liberdade"
A atriz Michelle Yeoh em cena de "Além da Liberdade"

NÃO VIOLÊNCIA
Suu Kyi soube esperar. Pregando a não violência, se tornou uma das mais importantes líderes da Liga Nacional pela Democracia, frente que luta contra a junta militar que desde 1962 governa o país.
Aos 67 anos, ela foi eleita em abril passado como deputada por seu partido.
A atriz Michelle Yeoh ("O Tigre e o Dragão") foi a escolhida para interpretar a ativista. "Li no jornal que queriam fazer um filme sobre ela. Suu Kyi é uma heroína para os asiáticos. Lutar por democracia sem violência foi inspirador para todos", conta, por telefone, a atriz malaia.
"Para ser honesta, não sabia muito sobre ela. E me esqueci dela por muito tempo, por todo o período em que ela ficou presa em casa. Acho que todos se esqueceram."
Por isso, diz, o filme passa a ser tão relevante. "Mostramos a essência dessa história, para o mundo se lembrar o que ela representa."
Yeoh acha que a situação política no país melhorou. "A imprensa voltou a ser bem acolhida no país, e a censura parece ter diminuído. A cada dia as pessoas se engajam mais. Enquanto o mundo estiver atento, eles vão se manter no caminho certo."

MEDO
Com seis meses para se preparar para a personagem, ela aprendeu birmanês, "a coisa mais difícil que fiz para mergulhar no mundo dela", e leu discursos e notícias sobre a ativista.
"Também fizemos entrevistas com gente que a conheceu pessoalmente. Mas eles não queriam se mostrar, com medo de represálias. Foi a primeira vez que trabalhei em um projeto em que as pessoas não queriam aparecer. No meu mundo, normalmente, se briga pelos créditos em letras maiores. Mas essas pessoas ainda têm medo."
Sem permissão para exibir "Além da Liberdade" em Mianmar, o longa-metragem virou um sucesso de vendas em DVDs piratas.
"Espero que o governo reveja essa posição. Afinal, é uma história que ninguém do governo nega que tenha acontecido. Seria um sinal para o mundo de que eles realmente abraçaram a democracia. E, quando você abraça a democracia, permite que as pessoas falem e vejam o que queiram. Permite que tenham uma escolha."

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