Casos de estupro e tráfico têm alta no primeiro semestre
Violência sexual cresceu 31% e prisões de traficantes e apreensões de
droga, 25%
Luciana Félix
A secretária da Justiça do Estado de São Paulo, Eloisa Arruda, na
inauguração do Cravi: atenção
(Foto: Dominique Torquato/AAN)
Os casos de estupro e de tráfico de
drogas registrados no primeiro semestre deste ano tiveram aumento relevante se
comparados com o mesmo período do ano passado. Os estupros cresceram 31% e o
tráfico 25%. Os furtos de veículos também aumentaram nos seis primeiros meses
do ano (9,2%). Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública e
foram divulgados ontem. No início do mês, o Correio publicou uma série
de reportagens abordando o aumento desses tipos de crimes no município.
De janeiro a junho deste ano, foram
160 casos de violência sexual na cidade. No mesmo período, em 2011, foram 122.
A média mensal de 2012 já é de 26 casos. No mês passado, foram 48 registrados —
o número é o maior dos últimos dois anos e apresenta tendência contínua de
crescimento depois de janeiro, quando foram registrados 31 casos. Em fevereiro
foram 16, contra 20 em março, 22 em abril e 28 em maio.
De acordo com a Polícia Civil, a
maioria das ocorrências de estupro envolve menores de idade e é cometida por
parentes da própria vítima. A Delegacia de Defesa da Mulher de Campinas
registrou, de janeiro a junho deste ano, 39 casos de estupro clássico (quando
há o ato sexual) em mulheres acima de 18 anos e 89 casos com menores de idade.
Ao contrário dos demais crimes,
o tráfico de drogas representa a quantidade de prisão e apreensões realizadas
na cidade. No ano passado, foram 469 registros em seis meses. Este ano, o
número saltou para 589 casos. A maconha continua liderando as apreensões (65%),
depois vêm a cocaína e o crack.
Cravi
vai atender parentes e vítimas da violência
O governo do Estado inaugurou
nesta quarta-feira (26) no bairro Vida Nova, em Campinas, a terceira unidade em
São Paulo destinada ao atendimento de vítimas e parentes de pessoas que
sofreram algum tipo de violência. O Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi),
programa da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, já existe na
Capital e em Santos e oferece apoio psicológico, jurídico e social.
A secretária de Justiça, Eloisa
Arruda, que compareceu ao evento, anunciou a realização de uma oficina de treinamento
de agentes para o combate ao tráfico de pessoas, que também será realizado no
centro. São esperados 40 atendimentos mensais e os agendamentos poderão ser
feitos de segunda à sexta-feira pelo telefone 3226-6161 ou pelo e-mail cravicampinas@sp.gov.br.
Uma das presentes na cerimônia
foi a deputada federal Keiko Otta (PSB), mãe de Yves Otta, de 8 anos,
assassinado em 1997. A criança foi sequestrada por três homens em sua própria
casa, na Vila Carrão, Zona Leste de São Paulo. Os sequestradores faziam a
segurança nas lojas de seu pai, sendo que dois deles eram policiais militares.
“Esses centros são muito necessários. Até o próprio violento tem seus direitos
respeitados, mas os familiares das vítimas muitas vezes ficam sem nenhum norte
e amparo”, disse.
Uma série de reportagens do Correio na última semana mostrou que a
Polícia Civil atravessa uma das mais graves crises da história em Campinas. A
falta de profissionais e de estrutura nos 13 distritos e nas delegacias
especializadas dificulta os trabalhos de investigação criminal e deixa sem
punição grande parte dos crimes cometidos no município. A média de solução de
homicídios em 2011, por exemplo, foi de apenas 15%. O próprio delegado do
Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo do Interior 2 (Deinter 2),
Licurgo Nunes Costa, admitiu que o cenário é de caos. O juiz corregedor da
Polícia Civil, Nelson Augusto Bernardes, realizou uma correição nos 13
distritos policiais e nas oito delegacias especializadas da cidade e constatou
que a situação é alarmante.
Em 14 anos de existência em São
Paulo, e recentemente em Santos, o programa registrou casos delicados, como o
de pessoas que presenciaram a morte de entes queridos. No caso da nova unidade
em Campinas, que está funcionando experimentalmente desde abril, já há
registros de atendimentos ligados à violência doméstica, com mulheres vítimas
de ameaças por maridos, companheiros ou namorados.
A abertura da unidade
facilitará o atendimento das vítimas e de seus parentes em toda a região
metropolitana e Campinas. A unidade contará com psicólogo, assistente social e
defensor público.
A Justiça firmou convênio com
SOS Ação Mulher e Família para a operação da nova unidade e será responsável
por enviar os profissionais que atuarão no local. A capacitação sobre a
metodologia de atendimento às vítimas foi realizada pela equipe que coordena a
atividade do Cravi na Justiça.
(Henrique Beirangê)
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