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sábado, 31 de dezembro de 2016

O equilíbrio entre sacrifício e segurança

Não conheço um workaholic que não seja um desastre em termos de saúde ou de relacionamentos, ou de ambos

GUSTAVO CERBASI
28/11/2016

Há momentos na vida em que temos de pagar um preço para romper a barreira da mediocridade e deixar de ser considerados iguais àqueles com quem concorremos. No início da carreira, isso é muito claro: o profissional recebe pouco, é muito cobrado e as tarefas que recebe são pouco valorizadas. Não resta outra forma de ser percebido a não ser fazendo hora extra, cobrindo o colega que se ausentou, ajudando em funções de outros e dando sangue e suor.

Essa estratégia tem seus perigos, pois raramente o esforço é reconhecido de imediato. Aposta-se em reconhecimento futuro. O risco é fazer do sacrifício um hábito e se viciar em trabalho. Não conheço um workaholic que não seja um desastre em termos de saúde ou de relacionamentos, ou de ambos.

Todos somos capazes de fazer certo sacrifício para alcançar algo realmente importante ou melhorar uma condição. Quando se trata de garantir aumento de renda, crescimento na carreira ou uma riqueza consistente no futuro, faz-se necessário abrir mão de determinadas coisas. Seu desafio, porém, não é saber ponderar sobre o resultado de um sacrifício (facilmente perceptível), mas sim sobre seu custo.

Trabalhar mais horas do que seu colega talvez aumente em 50% suas chances de promoção, mas você sabe o percentual em que aumenta o risco de infarto? Ou de derrame? Ou de o casamento sofrer danos irreparáveis por falta de atenção ao cônjuge? Poupar mais pode aumentar em 10% sua renda futura, mas você sabe em que proporção isso diminui sua motivação para o trabalho, sua felicidade ou a segurança de sua família?

São perguntas difíceis de responder. Mas existem indícios que nos dizem se estamos ou não perdendo o equilíbrio nessa travessia sobre a corda bamba que é ponderar entre realizações presentes e garantias futuras. Surpresas em seu check-up médico, reclamações frequentes de pessoas queridas, perda de momentos importantes com os filhos ou dificuldades para manter o convívio com os amigos indicam problemas.

Alcançar o equilíbrio requer mais do que voltar à posição anterior. Quanto mais você pisar na bola com sua saúde e com as pessoas que esperam seu carinho e respeito, mais energia e tempo precisará dedicar para reparar suas falhas e recuperar sua estabilidade. É como aquele impulso mais forte que você dá para o lado direito quando sente que está caindo para o lado esquerdo. Se o desequilíbrio for excessivo, pode não haver mais condições de recuperar a trajetória original.

Equilíbrio nas escolhas é a regra número um para alcançar o sucesso em seu projeto de vida. E, quanto mais cedo for detectado o desequilíbrio, mais fácil será recuperá-lo. Atente, portanto, para os resultados das escolhas que você faz hoje e para os sinais que você recebe de quem o ama ou admira.

Memória: 40 anos do feminicídio de Ângela Diniz

O assassinato da socialite Ângela Diniz, de 32 anos, em 30 de dezembro de 1976 na praia de Búzios, Rio de Janeiro, causou intensa comoção social e foi um dos primeiros casos de feminicídio íntimo a ganhar ampla repercussão na imprensa e a mobilizar o movimento de mulheres no país.
Morta pelo namorado Doca Street com quatro tiros à queima-roupa após uma discussão, Ângela Diniz era apresentada pela imprensa como a “pantera de Minas”, mulher bonita, fútil e egoísta, que seduzia e abandonava os homens e fez de Doca mais uma de suas vítimas.
Inocentado no primeiro julgamento por ‘legítima defesa da honra’, Doca foi novamente julgado dois anos depois, após intensa pressão dos movimentos de mulheres, que criou o slogan que se tornou um símbolo da rejeição ao termo ‘crime passional’: “Quem ama não mata”. No segundo julgamento, Doca Street foi condenado a 15 anos de prisão.
Nestes 40 anos desde o feminicídio de Ângela Diniz, o jornal O Globo dá acesso a seu acervo de matérias sobre o caso. Clique aqui para acessar
Por Agência Patrícia Galvão
(O Globo, 29/12/2016)
Um crime passional em Búzios abalou a sociedade brasileira no penúltimo dia de 1976. No início da noite de 30 de dezembro, Doca Street, de 40 anos, matou com quatro tiros de pistola Ângela Diniz, com quem vivia havia apenas três meses. Ela, contaram os amigos, pretendia se separar de Doca, por não suportar o ciúme doentio do companheiro.
Ângela tinha 32 anos e uma vida de princesa. Adolescente típica de classe média mineira, já tinha a alcunha de “pantera de Minas” quando se casou com o engenheiro Milton Villa- Boas Filho, união da qual saiu, dez anos depois, sem traumas e com muito dinheiro. Doca era neto do empresário paulista Jorge Street, que fizera fortuna nos anos 30. Aventureiro sem trabalho fixo – havia muito deixara de ter dinheiro – já se havia empregado como acompanhante de mulheres ricas em Miami, vendedor de carros e corretor imobiliário. Era sustentado pela ex-mulher Adelita Scarpa, filha de um milionário paulista.
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Tribunal. Doca Street (sentado) acompanha a sua defesa feita pelo advogado Evandro Lins e Silva, que conseguiu sua absolvição em primeiro julgamento, sob alegação de ‘legítima defesa da honra’ (Foto: Sebastião Marinho, 17/10/79/Ag. O Globo)
O primeiro julgamento, em 1979, terminou com o tribunal do júri absolvendo o réu e condenando a vítima. Ângela Diniz foi descrita pelo advogado de defesa de Doca, o criminalista Evandro Lins e Silva, como uma “Vênus lasciva”, “dada a amores anormais” – referência a um caso homossexual que teria tido. Lins e Silva conseguiu convencer os jurados de que seu cliente agira “em legítima defesa da honra”. A sentença: dois anos de prisão, que não cumpriu, pois foi beneficiado por sursis. O julgamento, em Cabo Frio (cidade da qual Búzios era distrito), assemelhou-se a um programa de auditório, com claque ruidosa e cobertura inédita da imprensa.
Dois anos depois, Doca foi a novo julgamento, por causa da reação da sociedade. O movimento feminista no Brasil estava em seu auge, brigando contra a impunidade de homens que, como Doca, haviam matado mulheres, e cunhou um slogan famoso: “Quem ama não mata”. Quando Doca foi julgado pela segunda vez, a opinião pública estava mobilizada para condená-lo – e vibrou quando ele pegou 15 anos de prisão.

Agência Patrícia Galvão 

Paixão Obsessiva - Trailer Oficial (leg) [HD]

Publicado em 22 de dez de 2016

Katherine Heigl e Rosario Dawson estrelam o filme PAIXÃO OBSESSIVA. Estreia em junho de 2017 nos cinemas.
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O thriller dramático "Paixão Obsessiva" da Warner Bros. Pictures é o primeiro filme dirigido pela veterana produtora Denise Di Novi ("Amor a Toda Prova", "Golpe Duplo").
Katherine Heigl (“Vestida para Casar”, “Ligeiramente Grávidos”) e Rosario Dawson (filmes da série “Sin City”) protagonizam o filme. "Paixão Obsessiva reúne novamente Heigl e Di Novi, que trabalharam em “Juntos pelo Acaso”.
O elenco principal também conta com Geoff Stults (série de TV “Zoo”), a jovem atriz Isabella Rice (“True Blood”), Simon Kassianides (série de TV “Agentes da S.H.I.E.L.D.”), Whitney Cummings (“Padrinhos Ltda”), Robert Wisdom (série de TV “Chicago PD”) e a estrela do cinema e da TV Cheryl Ladd.
O filme é produzido por Di Novi, Alison Greenspan (“Se Eu Ficar”) e Ravi D. Mehta (“Ajuste de Contas”), a partir de um roteiro escrito por Christina Hodson.
Heigl interpreta Tessa Connover, que tenta lidar com o fim de seu casamento enquanto seu ex-marido, David (Stults), resolve se casar com Julia Banks (Dawson), fazendo com que sua nova companheira passe a viver na casa que um dia compartilharam e a conviver com sua filha, Lilly (Isabella Rice). Julia, por sua vez, tentando se adaptar a sua nova situação como esposa e madrasta, acredita ter finalmente encontrado o homem dos seus sonhos e que pode ajudá-la a esquecer seu passado conturbado. Mas o ciúme doentio de Tessa tem tudo para transformar o sonho de Julia em seu maior pesadelo.
A equipe de criação por trás das câmeras conta com o diretor de fotografia indicado ao Oscar Caleb Deschanel (“Os Eleitos - Onde o Futuro Começa”, “Um Homem Fora de Série), o diretor de arte Nelson Coates (“O Voo”), o editor Frédéric Thoraval (“Busca Implacável”) e a figurinista Marian Toy (série de TV “Ballers”, da HBO).
O filme será distribuído mundialmente pela Warner Bros. Pictures, uma empresa Warner Bros. Entertainment.

“Sully” é um filme à altura das carreiras de Tom Hanks e Clint Eastwood

Diretor disseca o procedimento e a figura do herói na esperança de encontrar humanidade no acontecimento

por Virgílio Souza

⚠️ AVISO: Contém spoilers

Em uma tarde fria de inverno no início de 2009, as vidas de mais de cento e cinquenta passageiros e tripulantes de um voo da US Airways foram salvas pelas mãos do piloto Chesley Sullenberger e de seu colega, Jeff Skiles. Poucos minutos após sair do aeroporto La Guardia, em Nova York, a aeronave foi atingida por pássaros e os motores começaram a falhar. Duzentos e oito segundos depois, porém, o capitão completou uma tarefa que parecia impossível e aterrissou sem vítimas fatais em pleno rio Hudson.

O êxito foi tratado como milagre mundo afora. Os nova-iorquinos, em especial, pareciam ter encontrado no episódio não apenas um instante de alegria diante da crise econômica que se agravava, como também um contraponto positivo, mesmo que momentâneo, para os atentados terroristas de alguns anos antes. “Voar não era mais divertido, tinha deixado de ser algo americano”, afirmava o escritor Roger Angell, pedindo ainda que o presidente recém-eleito Barack Obama desse a Sully o cargo de “Secretário dos Feitos Incríveis”.

Pouco antes de o incidente completar seu oitavo aniversário, Clint Eastwood apresenta uma interpretação que traz elementos suficientes para renovar o interesse nos acontecimentos daquela época. De imediato, seu filme se desvia de outras produções recentes de temática similar, ao menos na superfície. “Sully: O Herói do Rio Hudson” e “O Voo” (de 2012, talvez a referência mais próxima), por exemplo, têm origens e pretensões radicalmente diferentes.

Na trama narrada por Robert Zemeckis, o personagem de Denzel Washington convivia com vícios diversos e mantinha relações complicadas com as pessoas ao seu redor. Aqui, o protagonista de Tom Hanks é construído como uma figura livre de rejeições, como o cidadão-modelo que o intérprete sugere. A proposta não é, portanto, desconstruir a figura do herói, mas encontrar o fator humano em sua performance na cabine, algo que a história e a rigidez da burocracia por vezes abandonam pelo caminho.

Escrito por Todd Komarnicki, o roteiro tem como ponto de partida um momento já posterior ao pouso, quando o piloto tenta fazer sentido do ocorrido e não ser sufocado pela repercussão do caso. Por um lado, a decisão de dar início à trama no centro do furacão é proveitosa, porque tira do espectador seu tempo para reagir ou se preparar para o impacto. Por outro, deixa a estrutura mais vacilante, uma vez que se obriga a recuar e avançar no tempo seguidas vezes sem que haja necessariamente laços diretos entre dois momentos do passado e do presente — a volta à juventude do capitão, por exemplo, é o trecho mais frágil do longa.

A PROPOSTA NÃO É DESCONSTRUIR A FIGURA DO HERÓI, MAS ENCONTRAR O FATOR HUMANO EM SUA PERFORMANCE NA CABINE

De todo modo, uma boa porção do ato inicial é dedicada a acompanhar a primeira fase de interrogatórios de Sully e Skiles (Aaron Eckhart). A câmera do fotógrafo Tom Stern, habitual colaborador de Eastwood, cria uma divisão elegante entre pilotos e investigadores que sugere mais a demarcação de posições diferentes do que antagonismo propriamente dito. O primeiro grupo aparece em inferioridade numérica e sob ataque, mas seguro de suas ações; o segundo se porta de maneira incisiva, gerando desconforto após cada sugestão de que houve erro humano. Ao menos nesse instante, porém, as duas partes buscam a mesma coisa: certezas.

O HEROÍSMO DE SULLY ESTÁ NAS PEQUENAS COISAS, EM UMA REAÇÃO SILENCIOSA DIANTE DA TELEVISÃO

O fato de conhecermos Sully no momento mais agitado de sua vida seria tentador para a maior parte dos cineastas de Hollywood, dispostos a experimentar uma série de recursos para sinalizar essa confusão. Diferente de todos eles, Eastwood faz uma aposta simples, mas garantida, no talento de Hanks. A câmera se movimenta sem pressa e com fluidez pelos cenários, sempre atenta a seu rosto, certa de que ele poderá entregar algo especial a qualquer momento — uma franzida de testa que seja. E ele entrega. Em certos momentos, é como se o diretor aguardasse pacientemente um detalhe na performance do ator antes de definir sua abordagem.

A discrição não é um exercício simples, mas ambos conhecem as recompensas que acompanham essa aparência relaxada em termos de composição. Quando não discursa ou responde à imprensa, Sully é visto entre corridas pela madrugada e longas pausas em quartos de hotel. Seu heroísmo está nas pequenas coisas, em uma reação silenciosa diante da televisão que mostra seu feito em um bar ou no plano breve numa ponte em que a iluminação faz seu corpo andar para um lado e sua sombra, para o outro.

Na mesma linha, a pressão sobre o piloto não precisa de grandes exclamações para se manifestar. Eastwood povoa os quadros mais abertos, deixando até o espectador atordoado com a quantidade de objetos em tela, e usa as transições com imagens aéreas da cidade para informar sobre a gravidade de uma possível queda ali, mais do que simplesmente localizar o incidente ou a trama geograficamente. Alguns deles, mesmo que distantes em tom e conteúdo, produzem sensação de continuidade, como podemos ver abaixo.

“SULLY” É UM CONVITE A PARAR E OBSERVAR O QUE PODERIA TER SIDO, O QUE FOI E O QUE LEVOU A SER

Tudo isso é realmente impressionante, mas ainda não cobre o principal mérito da direção. Acima de qualquer coisa, “Sully” é um convite a parar e observar o que poderia ter sido, o que foi e o que levou a ser. Para tanto, o filme nos faz escutar a caixa preta do avião, acompanhar as conversas do piloto dia após dia, ver e ouvir seus medos. São atividades rotineiras que engrandecem a trajetória do personagem sem que grandes arroubos narrativos sejam necessários.

Nesse sentido, a opção por dividir a aterrissagem em três momentos não poderia ser mais certeira. A cada nova encenação do ocorrido, novos detalhes de ordem prática aparecem. A importância do fator humano, porém, permanece em todas as representações do incidente. Os passageiros oferecem rostos com os quais podemos nos identificar, os agentes de resgate indicam o envolvimento da cidade, o controlador de tráfego transmite a impotência dos atores externos e as comissárias de bordo agem em ritmo próprio, seguindo o protocolo e criando uma melodia desesperadora (“Head down, stay down!”) na tentativa de evitar o pior.

A OPÇÃO POR DIVIDIR A ATERRISSAGEM EM TRÊS MOMENTOS NÃO PODERIA SER MAIS CERTEIRA

A despeito do comprovado sucesso coletivo, as ações tomadas dentro do cockpit seguem em debate. Simulações de computador insistem em atribuir responsabilidade a Sully e, assim, fazem com que ele também se questione. Isso leva Eastwood a tomar sua decisão mais corajosa: dissecar o procedimento na esperança de encontrar humanidade, algo que a máquina não pode compreender nem explicar.

Todo o terceiro ato consiste em acompanhar esses testes quase na íntegra. Inicialmente filmado da maneira mais impessoal possível (uma câmera posicionada atrás da cabine, sem identificar os pilotos, é o suficiente), o simulador passa a aceitar cada vez mais a influência dos tripulantes (o tempo de resposta reduzido, a falta de dados, a responsabilidade por 155 almas). Quando respostas mais esclarecedoras começam a surgir, elas parecem ser guiadas, dirigidas por Sully. No limite, a sensação é de que ele, como Eastwood, estava no controle desde o início — o mundo ao seu redor é que precisava de um pouco mais de humanidade para perceber.



Tráfico de pessoas teve 63 mil vítimas no mundo entre 2012 e 2014, diz agência da ONU

  
Um total de 63,2 mil vítimas de tráfico de pessoas foram detectadas em 106 países e territórios entre 2012 e 2014, de acordo com novo relatório publicado nesta quarta-feira (21) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
As mulheres têm sido a maior parte das vítimas — frequentemente destinadas à exploração sexual — desde que a agência da ONU iniciou a coleta de dados sobre esse crime, em 2003. No entanto, essa participação caiu de 84% em 2004 para 71% do total em 2014, segundo o documento.
Por outro lado, o percentual de homens traficados para trabalho forçado aumentou. Cerca de quatro em cada dez vítimas detectadas entre 2012 e 2014 foram destinadas ao trabalho forçado, enquanto 63% dessas vítimas eram homens, de acordo com o relatório.
As crianças permanecem como o segundo grupo mais afetado pelo crime depois das mulheres, representando de 25% a 30% do total no período analisado. Isso representa uma queda de 5 pontos percentuais em relação a 2011 devido a reduções do número de meninos vítimas desse crime em 17 países.
“A exploração sexual e o trabalho forçado permanecem como as formas mais proeminentes desse crime, mas as vítimas também estão sendo traficadas para serem usadas como pedintes, para casamentos forçados, fraudes ou produção de pornografia”, disse o diretor-executivo do UNODC, Yury Fedotov, no documento.
O relatório concluiu que enquanto as mulheres e meninas tendem a ser traficadas para casamentos e exploração sexual, homens e meninos são frequentemente explorados em trabalhos forçados no setor de mineração, como carregadores, soldados e escravos.
Enquanto globalmente, em média, 28% das vítimas desse crime são crianças, em regiões como África Subsaariana, América Central e Caribe, elas chegam a representar de 62% a 64% das vítimas, respectivamente.
Fedotov enfatizou a ligação entre grupos armados e o tráfico de pessoas, explicando como esses grupos frequentemente se engajam no tráfico de pessoas em seus territórios, coagindo mulheres e meninas a casamento ou escravidão sexual, e pressionando homens e meninos a atuar como trabalhadores forçados ou combatentes.
“Pessoas que escapam de guerras e perseguições são particularmente vulneráveis a se tornar vítimas do tráfico de pessoas”, disse Fedotov. “A urgência da situação dessas pessoas pode levá-las a tomar decisões perigosas de migração. O rápido aumento do número de sírios vítimas de tráfico de pessoas após o início do conflito parece ser um exemplo do papel dessas vulnerabilidades”, acrescentou.
O relatório também mostrou que o tráfico de pessoas e a migração regular têm fluxo semelhante em alguns países de destino em diferentes partes do mundo. Fatores que aumentam a vulnerabilidade ao tráfico humano durante o processo migratório incluem a presença de crime organizado transnacional no país de origem.
“Cerca de 158, ou 88%, dos países criminalizaram o tráfico de pessoas, em linha com o Protocolo” Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, disse Fedotov. “É um enorme avanço desde 2003, quando apenas 18% dos países tinham tais leis. No entanto, como enfatizado no último relatório, as taxas de condenações permanecem muito baixas, e as vítimas nem sempre recebem proteção e serviços nos países que são obrigados a fornecê-los”.
O chefe do UNODC também enfatizou que mais recursos são necessários para identificar e ajudar as vítimas de tráfico de pessoas, assim como melhorar as respostas jurídicas para detectar, investigar e processar os criminosos.
Mais de 500 fluxos de tráfico de pessoas foram detectados entre 2012 e 2014. Países no Oeste e Sudeste da Europa detectaram vítimas de 137 diferentes nacionalidades. Áreas afluentes — como Oeste e Sudeste da Europa, América do Norte e Oriente Médio — detectaram vítimas de um grande número de países do mundo todo.
As vítimas de países na África Subsaariana e Leste da Ásia são traficadas para uma ampla gama de destinos. Um total de 69 países reportou ter detectado vítimas da África Subsaariana entre 2012 e 2014, principalmente em nações da África, do Oriente Médio e no Oeste e Sudeste da Europa. Há também registros de fluxos de tráfico de pessoas da África para o Sudeste da Ásia e para as Américas.

América do Sul

A maior parte das 5,8 mil vítimas detectadas na América do Sul cujo gênero e idade foram informados entre 2012 e 2014 eram mulheres. Enquanto a maior parte era adulta (45%), as meninas também foram vítimas frequentes. Cerca de um quarto das vítimas eram homens, com maior frequência de adultos.
Além disso, mais da metade das 4,5 mil vítimas que tiveram a forma de exploração informada no período foi traficada para exploração sexual na região. Cerca de um terço foi traficada para trabalho forçado.
O Brasil reportou um grande número de vítimas, cerca de 3 mil por ano, por crimes como trabalho escravo e forçado. No entanto, segundo o UNODC, não está claro quantas dessas vítimas estavam em situação de exploração como resultado do tráfico de pessoas.
O país também é citado no relatório com um caso de um português que traficou mulheres brasileiras para serem exploradas sexualmente no país europeu. As vítimas foram enganadas por um esquema de dívida conectado a uma suposta “taxa de migração” que teriam que pagar pela viagem, uma prática frequente nesse tipo de crime.
Os fluxos de tráfico entre fronteiras na América do Sul ocorrem principalmente entre países vizinhos. Entre 2012 e 2014, vítimas traficadas da Bolívia foram detectadas na Argentina e no Chile, e vítimas do Paraguai foram registradas na Argentina. Cidadãos de Paraguai, Peru e Bolívia também foram registrados ou repatriados do Brasil. Vítimas colombianas foram detectadas no Equador e no Peru.

Conselho de Segurança aprova resolução

Na terça-feira (20), o Conselho de Segurança da ONU aprovou resolução para combater o tráfico de pessoas, condenando a prática que enfraquece o Estado de direito e contribui para outras formas de crimes organizados transnacionais que aumentam a insegurança e a instabilidade.
Em pronunciamento aos integrantes do Conselho, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou a necessidade de garantir justiça às vítimas e assegurar a responsabilização dos criminosos. “Se o conflito dá oxigênio ao traficantes de pessoas, os direitos humanos e a estabilidade os sufocam”, disse Ban.
“Precisamos de uma liderança estratégica para acabar com a guerra, para a prevenção de conflitos e para a manutenção da paz”, acrescentou, observando o compromisso da ONU em apoiar os Estados-membros através de ações precoces e diplomacias preventivas.
O dirigente máximo da ONU também sublinhou a necessidade de diminuir o financiamento do terrorismo, de modo a promover a segurança para todos. “O Estado Islâmico do Iraque e do Levante [ISIL / Da’esh], o Boko Haram, Al Shabaab e outros grupos estão usando tráfico e a violência sexual como armas de terror — e como importantes fontes de receita”, disse.
Atualmente, vítimas desse tipo de crime na Síria, junto com mulheres e meninas do Iraque, da Somália e de outros países em conflito, são encontradas na Europa, na Ásia e no Oriente Médio.
A resolução aprovada pelo Conselho de Segurança pede aos países que ainda não o fizeram que ratifiquem e implementem a Convenção da ONU Contra o Crime Organizado Transnacional e o protocolo para prevenir, impedir e punir os responsáveis por tráfico humano.

ONU Mulheres apoia projeto de empoderamento feminino na África do Sul; vídeo

O esporte não é só uma competição; pode também ser uma ferramenta de transformação e empoderamento. O programa Grassroot Soccer, na África do Sul, utiliza o futebol para promover uma melhor saúde reprodutiva para jovens mulheres, além de desenvolver habilidades de liderança feminina. O projeto recebe apoio do Fundo das Nações Unidas para o Fim da Violência contra a Mulher.

22/12/2016




Curso em Brasília discute papel das Nações Unidas na defesa dos direitos LGBTI

 27/12/2016

Em Brasília, a campanha Livres & Iguais das Nações Unidas promoveu em dezembro um curso inédito sobre o papel da ONU na promoção dos direitos humanos de pessoas LGBTI. Tendo como público-alvo ativistas do Distrito Federal e outros interessados no tema, a iniciativa abordou normativas internacionais que garantem a proteção e inclusão de gays, lésbicas, bissexuais e trans.

Em Brasília, a campanha Livres & Iguais das Nações Unidas promoveu em dezembro um curso inédito sobre o papel da ONU na promoção dos direitos humanos de pessoas LGBTI. Tendo como público-alvo ativistas do Distrito Federal e outros interessados no tema, a iniciativa abordou normativas internacionais que garantem a proteção e inclusão de gays, lésbicas, bissexuais e trans.

Concluído em dezembro (16), o curso discutiu a implementação do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, dos quais o Brasil faz parte. A adoção de ambos os documentos pela ONU completou 50 anos em 2016.

Condições de trabalho decentes e riscos específicos das pessoas LGBTI vivendo em situação de deslocamento forçado também foram debatidos ao longo das atividades.

Segundo a Livres & Iguais, o objetivo da iniciativa era fortalecer a rede de organizações LGBTI do Distrito Federal e incentivar o uso de diretivas internacionais e da jurisprudência das Nações Unidas no ativismo.

Para Melissa Massayuri, ativista trans de Brasília que participou da formação e ganhou um certificado especial por seu desempenho, as palestras serviram para agregar argumentos à mobilização que ela já desenvolvia em defesa da população LGBTI.

“Aliado ao conhecimento que aprendi aqui, me sinto muito mais forte, agora vou mais além. Consigo agora ter todos os argumentos necessários”, afirmou. “Agora eu posso dizer, além de ser protagonista, eu também sou formada pela ONU.”

A Livres & Iguais é a campanha da ONU que promove a igualdade de direitos da população LGBTI. Iniciativa global, liderada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), a campanha foi lançada em 2013 e começou a ser implementada no Brasil em 2014. Dentre os eixos estabelecidos pelo ACNUDH para a campanha, está o trabalho com a sociedade civil para dar apoio e legitimidade ao enfrentamento da discriminação.


Exposição em NY lembra papel das mulheres na história da ONU

As Nações Unidas promoveram este mês em sua sede em Nova York uma exposição de fotos e documentos sobre o papel das mulheres na Organização. Denominada HERstory, a mostra teve entre seus destaques a atuação da cientista e diplomata brasileira Bertha Lutz, cujo trabalho foi importante para garantir a menção à igualdade de gênero na Carta da ONU em 1945.
As Nações Unidas promoveram este mês em sua sede em Nova York uma exposição de fotos e documentos sobre o papel das mulheres na Organização. Denominada HERstory, a mostra teve entre seus destaques a atuação da cientista e diplomata brasileira Bertha Lutz, cujo trabalho foi importante para garantir a menção à igualdade de gênero na Carta da ONU em 1945.
A abertura da exposição, em meados de dezembro (13), teve a participação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e de seu sucessor, António Guterres. A mostra foi organizada pelo Grupo de Amigos pela Paridade de Gênero, composto por 66 Estados-membros e que tem como objetivo buscar a paridade de gênero em altos cargos das Nações Unidas.
“Por meio dessa exposição, o grupo conseguiu capturar tanto o impacto das mulheres nos mais altos níveis da ONU como no histórico impulso à igualdade de gênero no mercado de trabalho e na tomada de decisão que vai além desses halls”, disse Peter Thomson, presidente da Assembleia Geral da ONU.
A mostra “HERstory: uma celebração da liderança das mulheres nas Nações Unidas” enfatizou o papel de mulheres pioneiras na ONU — como a primeira mulher a ser nomeada subsecretária-geral, Louise Frechette, e a primeira mulher a ser nomeada representante especial do secretário-geral para uma operação de paz, Margaret Anstee.
Veja abaixo fotos de mulheres que tiveram papel essencial na construção das Nações Unidas.

Carta da ONU

A cientista e diplomata brasileira Bertha Lutz esteve entre as poucas mulheres presentes — 3% de um total de 160 pessoas — na cerimônia de assinatura do documento fundador das Nações Unidas, em San Francisco em 1945. Além de Lutz, assinaram a carta Minerva Bernardino (República Dominicana), Virginia Gildersleeve (EUA) e Wu Yi-fang (China).
Segundo estudos de pesquisadoras da Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS, na sigla em inglês), da Universidade de Londres, Lutz e Bernardino tiveram papel importante na inclusão da igualdade de gênero na carta fundadora das Nações Unidas.
Já a australiana Jessie Street demandou que a Carta incluísse explicitamente em seu texto o fato de todas as posições na ONU serem igualmente abertas homens e mulheres. “Onde as regras são silenciosas, as mulheres frequentemente não são consideradas”, declarou Jessie na ocasião.
A francesa Marie-Hélène Lefaucheux, por sua vez, esteve por trás de propostas como a Declaração sobre a Participação de Mulheres na ONU.

Mulheres na liderança

Desde 1950, as mulheres tiveram proeminentes papéis na Organização. Em 1951, Anna Figueroa Gajardo (Chile) foi a primeira mulher a presidir um importante comitê da ONU.
Dois anos depois, Vijaya Lakshmi Pandit (Índia) foi a primeira mulher a ser eleita presidente da Assembleia Geral e, em 1958, Agda Rössel (Suécia) foi a primeira mulher representante permanente de seu país na ONU.
Em 1972, Helvi Sipilä (Finlândia) tornou-se a primeira secretária-geral adjunta da ONU e, no mesmo ano, Jeanne Martin Cissé (Guiné) se tornou a primeira mulher a presidir do Conselho de Segurança. Em 1996, Louise Fréchette se tornou a primeira vice-secretária-geral da organização.

Mulheres na defesa dos direitos humanos

Eleanor Roosevelt (Estados Unidos) foi a primeira presidente da Comissão de Direitos Humanos, em 1949. Por conta da insistência de Minerva Bernardino (República Dominicana), o Artigo II da Declaração Universal dos Direitos Humanos usa linguagem explícita em defesa dos direitos das mulheres.
Eleanor Roosevelt (Estados Unidos) foi a primeira presidente da Comissão de Direitos Humanos, em 1949. Foto: ONU
Eleanor Roosevelt (Estados Unidos) foi a primeira presidente da Comissão de Direitos Humanos, em 1949. Foto: ONU
Em 1997, a irlandesa Mary Robinson foi a primeira mulher a servir como Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos. A uruguaia Laura Dupuy Lasserre tornou-se a primeira mulher a atuar como presidente do Conselho de Direitos Humanos em 2011.
Em 1966, Angie E. Brooks-Randolf (Libéria) se tornou a primeira mulher a presidir o Conselho de Tutela das Nações Unidas. Mais de 30 anos depois, em 1998, Gro Harlem Brundtland (Noruega) se tornou a primeira mulher no cargo de diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 1992, Margaret Joan Anstee (Reino Unido) foi nomeada a primeira representante especial do secretário-geral em Angola. Dezessete anos depois, a ONU mobilizou da Índia para a Libéria sua primeira força composta totalmente por mulheres, em 2007.
Em 2010, Ann-Marie Orler (Suécia) se tornou a primeira assessora de uma força policial das Nações Unidas.
A norueguesa Kristin Lund foi a primeira mulher nomeada a comandante de uma Força de Paz da ONU, em 2014, no Chipre. “É importante ter uma abordagem holística para qualquer tipo de conflito e foi muito importante o fato de a ONU ter indicado uma mulher como comandante”, disse Lund na ocasião de sua nomeação.
Em 1992, Margaret Joan Anstee (Reino Unido) foi nomeada a primeira representante especial do secretário-geral em Angola. Foto: ONU
Em 1992, Margaret Joan Anstee (Reino Unido) foi nomeada a primeira representante especial do secretário-geral em Angola. Foto: ONU