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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

“Já não é só a microcefalia que importa”, lembra Celina Turchi

A epidemiologista brasileira Celina Turchi entrou, nesta segunda-feira (19), para a lista dos dez cientistas mais influentes do mundo em 2016 segundo a revista Nature. O reconhecimento se deu graças ao seu trabalho, que permitiu associar a microcefalia à infecção pelo vírus zika.
“Incluímos Celina Turchi na lista dos 10 da Nature deste ano pelo seu papel no estabelecimento da associação entre as infecções pelo vírus do zika e a microcefalia, na qual os bebês nascem com cabeças e cérebros anormalmente pequenos", disse o editor da revista Richard Monastersky.
Para realizar o estudo, Celina entrou em contato com cientistas de todo o mundo. Ela formou uma força-tarefa de epidemiologistas, especialistas em doenças infecciosas, pediatras, neurologistas e biólogos especializados em reprodução.
Em entrevista à agência de notícias Lusa, Turchi atribuiu a indicação da Nature a todo o grupo de pesquisadores: “Sinto que estou só representando um grupo de cientistas e profissionais de saúde do Brasil", disse.
O estudo continua em curso e deverá incluir 200 casos de recém-nascidos com microcefalia e 400 sem a doença, o que permitirá quantificar o risco com maior precisão e investigar o papel de outros fatores na epidemia de microcefalia.
“Neste momento, estamos testando se também há interferências de outros anticorpos. Se mães previamente infectadas por dengue poderiam facilitar o aparecimento de microcefalia causada pelo Zika. E temos outros estudos em andamento. Estamos acompanhando mulheres grávidas para ver em que momento da infecção é maior a probabilidade de que as crianças nasçam com anormalidades, seja com microcefalia ou seja em espectro mais amplo", disse Turchi à Lusa.
A investigadora também enfatizou que “já não é só a microcefalia que importa", mas sim aquilo que os cientistas chamam "síndrome da Zika congênita", que inclui um espectro muito mais amplo de anormalidades.
“Mesmo crianças com perímetro cefálico normal podem ter sido acometidas e podem ter alterações neurológicas ou outras", lembrou.
Sobre a importância das descobertas sobre o Zika, Turchi afirmou que, “do ponto de vista do conhecimento, houve um passo gigantesco. Pensar que em menos de um ano se estabelece o vínculo causal com uma doença e se levanta a hipótese e se consegue estabelecer o vínculo de associação entre a infecção congênita e a doença. É um novo capítulo da medicina", disse e lamentou que, no entanto, a mesma rapidez não exista na saúde pública.
“Do ponto de vista das ações e aporte de recursos, ainda não temos a preparação suficiente para respostas imediatas. Do ponto de vista da sociedade, ainda é precário. A microcefalia é uma carga social e para os serviços de saúde", lastimou, lembrando a incapacidade provocada pela doença nas crianças, o peso para as famílias e o aumento da procura dos serviços de saúde.

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