As Nações Unidas promoveram este mês em sua sede em Nova York uma exposição de fotos e documentos sobre o papel das mulheres na Organização. Denominada HERstory, a mostra teve entre seus destaques a atuação da cientista e diplomata brasileira Bertha Lutz, cujo trabalho foi importante para garantir a menção à igualdade de gênero na Carta da ONU em 1945.
As Nações Unidas promoveram este mês em sua sede em Nova York uma exposição de fotos e documentos sobre o papel das mulheres na Organização. Denominada HERstory, a mostra teve entre seus destaques a atuação da cientista e diplomata brasileira Bertha Lutz, cujo trabalho foi importante para garantir a menção à igualdade de gênero na Carta da ONU em 1945.
A abertura da exposição, em meados de dezembro (13), teve a participação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e de seu sucessor, António Guterres. A mostra foi organizada pelo Grupo de Amigos pela Paridade de Gênero, composto por 66 Estados-membros e que tem como objetivo buscar a paridade de gênero em altos cargos das Nações Unidas.
“Por meio dessa exposição, o grupo conseguiu capturar tanto o impacto das mulheres nos mais altos níveis da ONU como no histórico impulso à igualdade de gênero no mercado de trabalho e na tomada de decisão que vai além desses halls”, disse Peter Thomson, presidente da Assembleia Geral da ONU.
A mostra “HERstory: uma celebração da liderança das mulheres nas Nações Unidas” enfatizou o papel de mulheres pioneiras na ONU — como a primeira mulher a ser nomeada subsecretária-geral, Louise Frechette, e a primeira mulher a ser nomeada representante especial do secretário-geral para uma operação de paz, Margaret Anstee.
Veja abaixo fotos de mulheres que tiveram papel essencial na construção das Nações Unidas.
Carta da ONU
A cientista e diplomata brasileira Bertha Lutz esteve entre as poucas mulheres presentes — 3% de um total de 160 pessoas — na cerimônia de assinatura do documento fundador das Nações Unidas, em San Francisco em 1945. Além de Lutz, assinaram a carta Minerva Bernardino (República Dominicana), Virginia Gildersleeve (EUA) e Wu Yi-fang (China).
Segundo estudos de pesquisadoras da Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS, na sigla em inglês), da Universidade de Londres, Lutz e Bernardino tiveram papel importante na inclusão da igualdade de gênero na carta fundadora das Nações Unidas.
Já a australiana Jessie Street demandou que a Carta incluísse explicitamente em seu texto o fato de todas as posições na ONU serem igualmente abertas homens e mulheres. “Onde as regras são silenciosas, as mulheres frequentemente não são consideradas”, declarou Jessie na ocasião.
A francesa Marie-Hélène Lefaucheux, por sua vez, esteve por trás de propostas como a Declaração sobre a Participação de Mulheres na ONU.
Mulheres na liderança
Desde 1950, as mulheres tiveram proeminentes papéis na Organização. Em 1951, Anna Figueroa Gajardo (Chile) foi a primeira mulher a presidir um importante comitê da ONU.
Dois anos depois, Vijaya Lakshmi Pandit (Índia) foi a primeira mulher a ser eleita presidente da Assembleia Geral e, em 1958, Agda Rössel (Suécia) foi a primeira mulher representante permanente de seu país na ONU.
Em 1972, Helvi Sipilä (Finlândia) tornou-se a primeira secretária-geral adjunta da ONU e, no mesmo ano, Jeanne Martin Cissé (Guiné) se tornou a primeira mulher a presidir do Conselho de Segurança. Em 1996, Louise Fréchette se tornou a primeira vice-secretária-geral da organização.
Mulheres na defesa dos direitos humanos
Eleanor Roosevelt (Estados Unidos) foi a primeira presidente da Comissão de Direitos Humanos, em 1949. Por conta da insistência de Minerva Bernardino (República Dominicana), o Artigo II da Declaração Universal dos Direitos Humanos usa linguagem explícita em defesa dos direitos das mulheres.
Em 1997, a irlandesa Mary Robinson foi a primeira mulher a servir como Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos. A uruguaia Laura Dupuy Lasserre tornou-se a primeira mulher a atuar como presidente do Conselho de Direitos Humanos em 2011.
Em 1966, Angie E. Brooks-Randolf (Libéria) se tornou a primeira mulher a presidir o Conselho de Tutela das Nações Unidas. Mais de 30 anos depois, em 1998, Gro Harlem Brundtland (Noruega) se tornou a primeira mulher no cargo de diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em 1992, Margaret Joan Anstee (Reino Unido) foi nomeada a primeira representante especial do secretário-geral em Angola. Dezessete anos depois, a ONU mobilizou da Índia para a Libéria sua primeira força composta totalmente por mulheres, em 2007.
Em 2010, Ann-Marie Orler (Suécia) se tornou a primeira assessora de uma força policial das Nações Unidas.
A norueguesa Kristin Lund foi a primeira mulher nomeada a comandante de uma Força de Paz da ONU, em 2014, no Chipre. “É importante ter uma abordagem holística para qualquer tipo de conflito e foi muito importante o fato de a ONU ter indicado uma mulher como comandante”, disse Lund na ocasião de sua nomeação.
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