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O jogo mais difícil que as mulheres têm disputado no esporte não é contra as adversárias das quadras, dos campos ou das piscinas - e, sim, contra aquele que parece seu eterno "adversário", o sexismo.
Levantamento da BBC Sport mostra diferenças em premiações no esporte entre homens e mulheres |
Se fosse uma competição oficial, daria para dizer que as mulheres têm zero vitórias, sete empates e três derrotas para os homens com relação às premiações que eles recebem nos esportes.
Após uma investigação minuciosa feita pela BBC, que envolveu pesquisas sobre 56 esportes em nível global, descobriu-se que, das 35 modalidades que dão prêmios monetários a atletas em competições, 10 delas são marcadas pela desigualdade entre homens e mulheres.
Além do futebol – onde essa diferença é ainda mais acentuada -, esportes como golfe, críquete e squash também registram uma brecha considerável nas premiações para homens e mulheres.
Diferenças
A Copa do Mundo de futebol é um dos grandes exemplos disso. Enquanto a Alemanha, campeã mundial com todos os méritos no torneio realizado pela Fifa neste ano, no Brasil, ganhou US$ 34 milhões (aproximadamente R$ 84 milhões) pelo feito, o Japão, campeão mundial do mesmo torneio feminino também organizado pela Fifa em 2011, ganhou US$ 1 milhão (R$ 2,4 milhões).
Mais drástica ainda é a diferença entre as premiações femininas e masculinas para o Campeonato Inglês. Na última temporada, a Premier League ofereceu US$ 39 milhões (R$ 96 milhões) ao campeão Manchester City, mas, na Superliga feminina inglesa, não houve qualquer prêmio monetário às campeãs do Liverpool.
No Brasil, a situação é parecida. No ano passado, o Cruzeiro recebeu um total de R$ 9 milhões por ter conquistado o principal título nacional. Já o Centro Olímpico, campeão do torneio nacional feminino, não recebeu premiação monetária pelo feito. A Copa do Brasil também premia os times masculinos com R$ 3 milhões, mas o campeão feminino da mesma competição não recebe dinheiro pelo título.
As diferenças de premiações no golfe são menores, mas ainda significativas. Michelle Wie recebeu mais de US$ 700 mil (R$ 1,7 milhão) por ganhar o Aberto dos Estados Unidos, pouco menos da metade do cheque dado a Martin Kaymer, que recebeu US$ 1,6 milhões (R$ 4 milhões) por ter vencido o torneio masculino.
Seleção alemã ganhou R$ 84 milhões pelo título mundial; Japão, campeão feminino, ganhou R$ 2,4 milhões |
Luta
Apesar das desigualdades persistirem até hoje, a situação das mulheres no esporte mundial já foi muito pior e começou a mudar a partir de 1973, quando o US Open de tênis resolveu dividir igualmente os prêmios entre homens e mulheres depois de uma campanha impulsionada por uma das melhores tenistas da época, a americana Billie Jean King e outras oito jogadoras.
Stacey Allaster, diretora executiva da Associação de Tênis Feminino (WTA, pelas siglas em inglês) disse que "a WTA está no lugar que está hoje graças a líderes como Billie Jean King, que defendeu a igualdade e conseguiu isso em 1973. E foi Venus Williams que nos permitiu o mesmo em Wimbledon, em 2007".
Entre os esportes pioneiros na igualdade de gêneros, além do tênis, encontram-se o atletismo, a patinação, o tiro e o vôlei, enquanto nos últimos anos, esportes como mergulho, vela, e alguns eventos de ciclismo também estabeleceram o fim das diferenças nas premiações.
"Ainda é, no entanto, decepcionante que, em 2014, as mulheres tenham de estar lutando por igualdade de prêmios nos esportes de elite", lamentou Ruth Holdaway, diretora executiva da instituição de caridade britânica para mulheres nos esportes.
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