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domingo, 26 de fevereiro de 2012
80 anos do direito de voto feminino no Brasil, por José Eustáquio Diniz Alves
(José Eustáquio Diniz Alves*, para
Agência Patrícia Galvão) No dia 24 de fevereiro de 2012, o Brasil
comemora os 80 anos do direito de voto feminino. As mulheres passaram a ter o
direito de voto assegurado pelo Decreto nº 21.076, de 24/02/1932, assinado pelo
presidente Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Esta
conquista, porém, não foi gratuita.
A luta pelos direitos políticos das mulheres começou ainda no século XVIII.
No início da Revolução Francesa, o Marquês de Condorcet – matemático, filósofo e
iluminista – foi uma das primeiras vozes a defender o direito das mulheres. Nos
debates da Assembleia Nacional, em 1790, ele protestou contra os políticos que
excluíam as mulheres do direito ao voto universal, dizendo o seguinte: “Ou
nenhum indivíduo da espécie humana tem verdadeiros direitos, ou todos têm os
mesmos; e aquele que vota contra o direito do outro, seja qual for sua religião,
cor ou sexo, desde logo abjurou os seus”.
As ondas revolucionárias francesas chegaram na Inglaterra e os escritores
progressistas Mary Wollstonecraft – no livro A Vindication of the Rights of
Woman (1792) – e William Godwin – no livro An Enquiry Concerning
Political Justice (1793) – também defenderam os direitos das mulheres e a
construção de uma sociedade democrática, justa, próspera e livre.
Mas a luta pelo direito de voto feminino só se tranformou no movimento
sufragista após os escritos de Helen Taylor e John Stuart Mill. O grande
economista inglês escreveu o livro The Subjection of Women (1861, e
publicado em 1869) em que mostra que a subjugação legal das mulheres é uma
discriminação, devendo ser substituída pela igualdade total de direitos.
Com base no pensamento destes escritores pioneiros, o movimento sufragista
nasceu para estender o direito de voto (sufrágio) às mulheres. Em 1893, a Nova
Zelândia se tornou o primeiro país a garantir o sufrágio feminino, graças ao
movimento liderado por Kate Sheppard. Outro marco neste processo foi a fundação,
em 1897, da “União Nacional pelo Sufrágio Feminino”, por Millicent Fawcett, na
Inglaterra. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, as mulheres conquistaram o
direito de voto no Reino Unido, em 1918, e nos Estados Unidos, em 1919.
No
Brasil, uma líder fundamental foi Bertha Maria Julia Lutz (1894-1976). Bertha
Lutz conheceu os movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos nas
primeiras décadas do século XX e foi uma das principais responsáveis pela
organização do movimento sufragista no Brasil. Ajudou a criar, em 1919, a Liga
para a Emancipação Intelectual da Mulher, que foi o embrião da Federação
Brasileira pelo Progresso Feminino, criada em 1922 (centenário da Independência
do Brasil). Representou o Brasil na assembleia geral da Liga das Mulheres
Eleitoras, realizada nos EUA, onde foi eleita vice-presidente da Sociedade
Pan-Americana. Após a Revolução de 1930 e dez anos depois da criação da
Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, o movimento sufragista conseguiu a
grande vitória no dia 24/02/1932.
A primeira mulher eleita deputada federal foi Carlota Pereira de
Queirós (1892-1982), que tomou posse em 1934 e participou dos trabalhos da
Assembleia Nacional Constituinte. Com a implantação do Estado Novo, em novembro
de 1937, houve o fechamento do Legislativo brasileiro e grande recuo das
liberdades democráticas. Na retomada do processo de democratização, em 1946,
nenhuma mulher foi eleita para a Câmara. Até 1982, o número de mulheres eleitas
para o Legislativo brasileiro poderia ser contado nos dedos da mão.
Somente com o processo de redemocratização, da Nova República, o número de
mulheres começou a aumentar. Foram eleitas 26 deputadas federais em 1986, 32 em
1994, 42 em 2002 e 45 deputadas em 2006 e 2010. Mas este número representa
apenas 9% dos 513 deputados da Câmara Federal. No ranking internacional
da Inter-Parliamentary Union (IPU), o Brasil se encontra atualmente no 142º
lugar. Em todo o continente americano, o Brasil perde na participação feminina
no Parlamento para quase todos os países, empata com o Panamá e está à frente
apenas do Haiti e Belize. No mundo, o Brasil perde até para países como Iraque e
Afeganistão, além de estar a uma grande distância de outros países de lingua
portuguesa como Angola, Moçambique e Timor Leste.
Portanto, as mulheres brasileiras conquistaram o direito de voto em
1932, mas ainda não conseguiram ser representadas adequadamente no Poder
Legislativo. Até 1998 as mulheres eram minoria do eleitorado. A partir do ano
2000, passaram a ser maioria e, nas últimas eleições, em 2010, já superavam os
homens em 5 milhões de pessoas aptas a votar. Este superávit feminino tende a
crescer nas próximas eleições. Contudo existem dúvidas sobre a possibilidade de
as mulheres conseguirem apoio dos partidos para disputar as eleições em
igualdade de condições.
Nas eleições de 2010, a grande novidade foi a eleição da primeira mulher para
a chefia da República. Neste aspecto, o Brasil deu um grande salto na equidade
de gênero, sendo uns dos 20 países do mundo que possui mulher na chefia do Poder
Executivo. Com a alternância de gênero no Palácio do Planalto, o número de
ministras cresceu e aumentou a presença de mulheres na presidência de empresas e
órgãos públicos, como no IBGE e na Petrobrás.
Nos municípios, as mulheres são, atualmente, menos de 10% das chefias das
prefeituras. Nas Câmaras Municipais as mulheres são cerca de 12% dos vereadores.
Mas, em 2012, quando se comemoram os 80 anos do direito de voto feminino, haverá
eleicões municipais. A Lei de Cotas determina que os partidos inscrevam pelo
menos 30% de candidatos de cada sexo e dê apoio financeiro e espaço no programa
eleitoral gratuito para o sexo minoritário na disputa. Os estudos acadêmicos
mostram que, se houver igualdade de condições na concorrência eleitoral, a
desigualdade de gênero nas eleições municipais poderá ser reduzida.
As mulheres brasileiras já possuem nível de escolaridade maior do que o dos
homens, possuem maior esperança de vida e são maioria da População
Economicamente Ativa (PEA) com mais de 11 anos de estudo. Elas já avançaram
muito em termos sociais e não merecem esperar mais 80 anos para conseguir
igualdade na participação política.
*José Eustáquio Diniz Alves é doutor em
Demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas
Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE); apresenta seus
pontos de vista em caráter pessoal.
Contato com o autor:
(21) 2142.4689 / 2142.4696 / 9966.6432 -
jed_alves@yahoo.com.br
Relatório “Igualdade de Gênero e Desenvolvimento” é lançado pelo Banco Mundial no dia 6 de março em Brasília
Lançamento ocorerrá no auditório Nereu
Ramos do Congresso Nacional e é aberto ao público, mediante inscrição. Versão
online já está disponível.
O Banco Mundial e a Procuradoria da Mulher da
Câmara dos Deputados lançam em Brasília, no dia 6 de março, o Relatório sobre o
Desenvolvimento Mundial 2012 “Igualdade de Gênero e Desenvolvimento”. O
lançamento será realizado no Auditório Nereu Ramos do Congresso Nacional, das
14h às 18h. Os interessados em participar devem enviar e-mail com os respectivos
nomes para Iara Hein (ihein@worldbank.org).
O evento será realizado no âmbito da Semana da Mulher 2012, que tem o tema “80 Anos da Conquista do Voto Feminino – Mulher no Poder”. O relatório destaca que uma maior igualdade de gênero pode aumentar a produtividade e melhorar os resultados de desenvolvimento para a próxima geração.
Para ler o relatório completo em inglês, clique aqui.
Para ler o relatório completo em português, clique aqui.
O evento será realizado no âmbito da Semana da Mulher 2012, que tem o tema “80 Anos da Conquista do Voto Feminino – Mulher no Poder”. O relatório destaca que uma maior igualdade de gênero pode aumentar a produtividade e melhorar os resultados de desenvolvimento para a próxima geração.
Para ler o relatório completo em inglês, clique aqui.
Para ler o relatório completo em português, clique aqui.
Clínicas britânicas fazem abortos quando mãe rejeita sexo do bebê
Prática é ilegal para escolha do sexo; número de abortos cresceu 8% em dez anos
Efe
Algumas clínicas particulares britânicas aceitam fazer abortos em mulheres que não querem ter o bebê depois de descobrirem o sexo, principalmente no caso de fetos femininos, afirmou nesta quinta-feira, 23, o jornal britânico "The Daily Telegraph".
Em uma reportagem feita por meio de gravações com câmera escondida, o jornal relatou como alguns médicos de hospitais particulares consentem fazer abortos motivados unicamente pelo sexo do bebê, prática ilegal no Reino Unido.
Em declarações ao "Telegraph", o ministro da Saúde, o conservador Andrew Lansley, expressou sua preocupação com essa denúncia e disse que começou uma investigação urgente sobre o assunto.
Os repórteres do jornal visitaram, acompanhados de grávidas, as consultas ginecológicas de nove centros de saúde particulares do Reino Unido, nas quais as mulheres tentaram marcar uma operação de aborto por não estarem satisfeitas com o sexo do feto.
Em três das clínicas, os médicos concordaram em fazer a operação a um preço que varia entre 240 a 760 euros e, em uma delas foi oferecida inclusive a falsificação dos papéis do procedimento.
Em um caso, uma mulher, grávida de oito semanas, explicou a uma médica de uma clínica de Manchester, no norte da Inglaterra, que queria interromper sua gravidez porque ia ter uma menina, o que foi consentido pela especialista.
Em outro, uma mulher grávida de um feto masculino de 18 semanas conseguiu marcar um aborto em uma clínica londrina sob o pretexto de que queria uma menina, pois já tinha um menino.
Uma lei britânica de 1967 estabelece a interrupção de gestações de até 24 semanas se a saúde física ou mental da mãe estiver em risco, mas nunca para escolher o sexo do bebê.
Em 2010, na Inglaterra e Gales foram feitas 189.574 operações de aborto, 8% a mais do que há dez anos.
Em 2007, um estudo da Universidade de Oxford indicou que entre 1969 e 2005 aumentaram os casos de escolha do sexo do bebê por meio de abortos, principalmente nos nascimentos de meninas entre a comunidade hindu que vive no Reino Unido.
Índice de mortalidade materna de 2011 pode ser o menor dos últimos dez anos
Segundo dados do Ministério da Saúde, foram registradas 705 mortes, ante 870 no mesmo período de 2010, o que representa uma redução de 19%
Agência Brasil
No primeiro semestre do ano passado, foram registradas 705 mortes maternas, ante 870 no mesmo período de 2010, uma redução de 19%, segundo dados divulgados nesta quinta, 23, pelo Ministério da Saúde. O cálculo de todo o ano de 2011 ainda está em fase de conclusão.
Arquivo/AE
Segundo o governo, a prioridade agora é melhorar a qualidade do atendimento para manter queda
O governo federal prevê para 2011 a maior queda da mortalidade materna dos últimos dez anos. Considera-se morte materna aquela que ocorre devido a complicações durante a gestação ou até 42 dias após o fim da gravidez e quando provocada por problemas de saúde como hipertensão ou desprendimento prematuro da placenta, ou por doenças preexistentes que se agravam na gestação, a exemplo das cardíacas, do câncer e do lúpus. Estão fora do cálculo as mortes de grávidas por causa externas, como acidentes de carro.
De 1990 a 2010, a taxa de mortalidade materna no Brasil caiu de 141 para 68 mulheres para 100 mil nascidos vivos. A queda ocorreu com mais intensidade até o início dos anos 2000. Desde então, o ritmo tem sido mais lento. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, explicou que a redução é resultado da ampliação do acesso ao pré-natal. Atualmente, 98% dos partos são feitos em hospitais e 89% por médicos. A prioridade agora é melhorar a qualidade do atendimento para manter a tendência de queda.
“Estamos na fase da qualidade do pré-natal e de melhoria da assistência ao parto, fundamentais para que se impacte ainda mais na redução da mortalidade materna”, disse Padilha.
Apesar de ter acompanhamento médico, a jovem Edilane Gonçalves, de 19 anos, reclama do atendimento que vem recebendo.
"Na realidade, não gosto muito da forma com que os médicos dão as explicações. Eu não gosto porque eles não explicam direito grande parte das dúvidas que eu tenho. Sem falar que, muitas vezes, os médicos tratam a gente com ignorância. Outro dia eu desmaiei, por estar em jejum para fazer um exame de sangue, e nenhuma enfermeira ou médico veio me socorrer. O vigilante do posto é que veio me ajudar”, disse a jovem, que faz o pré-natal em um posto de saúde próximo a Ceilândia, cidade do Distrito Federal.
A Meta do Milênio das Nações Unidas estabelece taxa de 35 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos até 2015. Para alcançá-la, o Brasil precisa reduzir a taxa atual pela metade. Para o ministro Padilha, o desafio é viável. Na avaliação de especialistas de saúde, entretanto, é improvável que o país consiga cumprir o compromisso.
A hipertensão arterial é a primeira entre as cinco principais causas de mortes na gravidez, correspondendo a 13,8 casos para cada grupo de 100 mil nascidos vivos – apesar de ter sido registrada queda de 66% em dez anos. Em seguida, aparecem hemorragia, infecções pós-parto, aborto e doenças no aparelho circulatório.
O Nordeste e o Sudeste concentram o maior número de mortes maternas. Das 1.617 mortes notificadas em 2010, 1.106 ocorreram nas duas regiões. No Norte, foram 193, no Sul, 184, e no Centro-Oeste, 131.
A partir de abril, o governo iniciará o pagamento de R$ 50 para ajudar as gestantes no deslocamento até as maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS). O valor será pago por meio de um cartão magnético da Caixa Econômica Federal.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Chefe é condenado a pagar R$ 60 mil por obrigar funcionária a usar jeans apertado
A ex-funcionária alega que ele fazia comentários inapropriados sobre o seu corpo e que o chefe chegou a se matricular na aula de ciclismo para ‘observá-la’
Época NEGÓCIOS Online
O código de conduta de como se vestir no trabalho - "dresscode" corporativo - para mulheres segue geralmente a composição de blusa e calça discretas. Nada de decote, saia curta ou algo muito justo.
Mas não era essa a ordem dada a uma funcionária britânica de 22 anos, que trabalhava na loja online Market4Home, no Reino Unido. O seu chefe, Matthew Flynn, obrigava a jovem a trabalhar de jeans justos. O assédio sexual foi levado à justiça, que decidiu compensar a ex-funcionária com £21,7 mil (o equivalente a quase R$ 60 mil).
Segundo relatos ouvidos na corte, Flynn fazia comentários sugestivos sobre os seios e nádegas da jovem diariamente. “Tudo começou com comentários sobre meu bumbum enquanto eu recolhia pacotes”, contou ela ao tabloide britânico “Daily Mail”.
“Durante meus dez meses trabalhando na empresa, quase todos os dias eu ouvia um comentário inapropriado sobre o meu corpo e sobre coisas que ele iria fazer comigo”, disse a ex-funcionária, que não quis se identificar.
O então chefe chegou a obrigá-la a usar uma calça jeans que ele mesmo havia comprado. “Você não pode vestir qualquer outro jeans para trabalhar a partir de agora, porque agora eu tenho algo bonito para olhar”, teria dito.
Flynn chegou a se inscrever nas aulas de ciclismo que a garota frequentava, apenas para se aproximar dela e observá-la. “Ele geralmente dizia na frente dos meus colegas: ‘Eu vou observar o seu bumbum hoje à noite”.
A garota, que mora em Devon, no Reino Unido, acrescentou que ele também costumava dizer o quanto ela era bonita e que fazia os mesmos comentários sobre as mulheres que passavam em frente à janela da empresa. “Ele parecia obcecado por mulheres jovens e bonitas”.
Apesar de afirmar que execrava os comentários sexistas, a mulher chegou a ser promovida a gerente e recebeu a promessa de que poderia ganhar muito mais dinheiro se os negócios da empresa deslanchassem.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
O que aprendi sobre o amor
Marie Claire Brasil
Quatro mulheres, de 20, 30, 40 e 50 anos, escreveram no jornal virtual The Huffington Post o que elas sabem sobre relacionamentos. Segue um resumo dos melhores momentos:
MICHELLE CACCIATORE
25 anos, é escritora, mora em Nova York e contribui para várias revistas e TVs.
Os 25 anos são paradoxais. Ainda estamos jovens e temos muito o que aprender. Mesmo assim, muitos fazem coisas impressionantes – empresas, livros, filhos. Mas é um momento em que as coisas começam a mudar: você não quer ser a última a sair do bar e o sono é mais importante do que era aos 22. Para mim, tem sido o tempo de fazer um inventário da minha vida amorosa. Aqui está o que aprendi até agora:
Você sabe as respostas às suas perguntas
Li pelo menos cinco artigos ao longo dos anos aconselhando-me a “seguir a minha voz interior.” Pensei que fosse um clichê new-age e nunca prestei atenção. Então percebi que para a maioria das decisões erradas que fiz nos relacionamentos, sabia desde o início que não eram as melhores. Passei horas em jantares com amigos debatendo se eu deveria terminar com um cara, mesmo que inconscientemente já sabia a resposta. Aquela voz interna está realmente lá, e diz o que você precisa fazer, mesmo se você não queira saber.
Se alguém está bisbilhotando e-mails, telefone, Facebook, não deveriam estar juntos
A mídia social tem destruído a noção de que existem coisas que não precisamos saber. Na última década, tornou-se possível ver não só a foto do seu namorado numa balada adolescente como saber o que ele fez nas últimas férias no Havaí. Se qualquer um de vocês sente a necessidade de bisbilhotar, algo está errado. Descobri isso anos atrás, quando meu ex olhou todas as minhas mensagens no facebook, enquanto eu estava no chuveiro. Depois daquela noite, nunca mais pensei nele da mesma forma, um limite havia sido ultrapassado, e não havia como voltar atrás. Todo mundo merece privacidade – a questão é se alguém merece a sua confiança.
Intimidade é a comunicação
A maior lição que homem que eu amava me ensinou foi ter intimidade com um espaço seguro para falar sobre como cada um se sente. Pode ser dos medos, sonhos ou inseguranças. Você nunca deve ficar quieta porque não quero balançar o barco. Aqueles que amam de verdade, falam e ouvem.
Você não pode mudar ou salvar alguém, então pare de tentar
Claro, as pessoas podem evoluir, mas apenas se quiserem. Se ele não está motivado sobre sua carreira, você não será capaz de motivá-lo. Se bebe demais, vai continuar a fazê-lo. Esta é uma das lições mais duras de aprender. Lembre-se que você tem que querer a pessoa que você conheceu desde o primeiro dia, porque a chance de ser a mesma ao longo do tempo é grande.
Não tenha culpa de romper
Todas nós já tivemos o coração partido. E às vezes, nós partimos de alguém – é a vida. Seja honesta consigo mesma e com pessoa com quem você não quer ficar com mais.
Vale a pena
Gostaria de observar que tenho ignorado toda lição desta lista, e que seria uma ilusão supor que nunca vou quebrar uma delas novamente. Quando se trata de algo tão ilusório como o amor, é difícil saber quando se está indo pelo caminho certo, ou se todos os altos e baixos vão levar a alguém.
JIL DI DONATO
30 anos, professora adjunta de Inglês do Fashion Institute of Technology em Nova York
Ao sentar para escrever esta história – com os 30 se aproximando entrei num padrão auto-depreciativo de humor. “Tenho um distúrbio de aprendizagem”, digitei. As mulheres são programadas para pensar que o tempo não está do seu lado. As mais inteligentes, no entanto, sabem que está. Deixe-me explicar. Um ano e meio depois que o namorado com quem estava havia seis, me deixou no meio da noite por outra mulher, finalmente consigo olhar para trás e contar minhas bênçãos. O tempo me mostrou que nem todas as lembranças são felizes. Aqui vai um breve resumo do que eu aprendi:
Estar em um relacionamento não significa necessariamente ser feliz
Houve momentos em minha vida em que tentei me convencer de que a minha relação era tudo o que desejava que fosse. Mas aprendi que há uma diferença entre estar confortável e ser feliz. E descobri que os melhores relacionamentos envolvem momentos de desconforto real – mas também de alegria real. Portanto, prefiro colocar energia em algo autêntico.
O começo deve ser fácil
Se logo nos primeiros encontros ele está fazendo você ficar angustiada, não liga, ou está muito ocupado para responder às suas mensagens ou mesmo se arranja desculpas bobas, as chances de piorar são grandes.
Sexo não é um barômetro preciso
Se o sexo é incrível e o cara faz você se sentir sexy, bonita e como se você fosse a única garota no mundo, você corre o risco de confundir conexão sexual com intimidade emocional. Acontece com muitas mulheres – e eu me incluo aqui. Um relacionamento que vale a pena inclui bom sexo, claro, mas também confiança e a capacidade de rirem juntos.
Se ele parecer não estar disponível, acredite
Ele é charmoso, sexy, diz as coisas certas, mas não está disponível. Mulheres adoram homens indisponíveis por uma série de razões – um psicólogo pode explicar melhor do que eu. Agora, nos meus 30, sou muito boa em detectar um deles. A parte mais difícil é resistir. A única maneira de lidar com esse cara é para apagar suas informações de contato, bloqueá-lo do seu Facebook, e parar de aparecer em sua barra de favoritos. Quanto mais cedo você admitir a verdade, melhor. Há vários homens disponíveis por aí, mas você nunca vai vê-los enquanto estiver focada no “Sr. nunca vai acontecer”.
O casamento não é uma realização
Ao contrário da geração anterior, as mulheres de 30 hoje não pensam em casamento como uma realização. Se acontecer de conhecer alguém e se apaixonar, ótimo. Mas não é o objetivo. Não estou dizendo que o casamento não seja importante. Mesmo meus amigos divorciados dizem que não se arrependem dos seus casamentos – especialmente quando tem filhos. Mas eles não precisam ficar casados para serem felizes.
Homens mais jovens valem a pena
Há muita conversa sobre a química da mulher de 30 com homem de 20 e poucos anos. Isso pode não ser cientificamente comprovada, por isso, convido você a experimentar por si mesma.
TESSA BLAKE
40 anos, escreve para filmes e televisão com o marido, Ian Williams
Eu amo envelhecer. Apesar de os meus joelhos rangerem mais ultimamente, sou uma pessoa mais feliz. Também sou muito apaixonada pelo cara com quem estou há quase 12 anos. Ian e eu nos conhecemos quando éramos adolescentes,ficamos amigos aos 20 e nos casamos aos 30. Somos muito felizes. Não sei se fizemos tudo certo, mas aqui está um pouco do que eu descobri ao longo do caminho:
Às vezes o amor não é um sentimento…. é uma escolha
É uma emoção difícil de manejar, causando estragos e felicidade na mesma medida. Mas você tem que optar pelo amor. Ao fazer uma xícara de café para o seu companheiro quando ele está atrasado e procurar não se importar quando ele flertar com uma garota.
Sacrifício. Mas não muito
Garanta o jogo de basquete semanal ou aula de ioga. Dos dois. E mesmo que signifique fazer malabarismos com os filhos, dê a vocês dois uma tarde livre para fazer nada. E, de vez em quando, faça um esforço para mostrar que se preocupa com os interesses do seu parceiro.
Sexo sem compromisso
Tive muita dificuldade para engravidar – lutamos anos para isso acontecer. Durante esse tempo, o sexo era muitas coisas – mecânico, explosivo, aterrorizante, cura promissora. Agora que tudo passou, voltamos ao bom e velho sexo, improdutivo. E isso é divertido.
Corajoso, divertido e gentil
Nos meus 20 anos, fazia lista das qualidades que queria em um parceiro. Responsável, trabalhador e inteligente eram algumas.
Engraçado, corajoso, amável..Ian incorpora todas essas qualidades e eu me esforço para ser digna delas.
Mas a maior coisa que eu sei sobre o amor em meus 40 anos…
…é que não sei muito. Só sei o que funcionou para mim e mesmo assim tudo está em movimento. Há um ditado budista que pergunta: “Por que é que os humanos preferem a areia movediça da certeza, em vez do solo firme da mudança?”
RACHEL A. SUSSMAN
50 anos, terapeuta, especialista em relacionamentos
Acho que os relacionamentos melhoram com a idade. Se eu soubesse em meus 20 anos o que eu sei agora, teria evitado muito sofrimento. Mas é assim mesmo – adquirimos sabedoria ao longo da vida. Eis aqui o que sei sobre o amor hoje:
Não ficaria com quem me maltratou
Fiquei muito tempo com homens que não eram bons comigo. Felizmente, uma separação em particular foi uma motivação para eu me acordar e mudar meu jeito. Percebi que tinha algumas questões que precisavam de atenção. Atirei-me para a terapia e fiz mudanças importantes na minha vida. Depois disso, nunca deixei ninguém me maltratar novamente.
Você tem que amar a si mesmo primeiro.
Isso pode parecer banal, mas é absolutamente verdadeiro. Se você quiser ter um relacionamento saudável (e, francamente, por que alguém estaria em um relacionamento que não é saudável?), você tem que elevar sua autoestima. Essa mentalidade atrai homens melhores e você não vai ter coragem de se envolver em um relacionamento furado.
Não espere um homem para ser completa
Muitas vezes eu sinto que as mulheres esperam muito dos relacionamentos amorosos. Nós pensamos diferente dos homens e nos emocionamos de forma distinta. Amor, amizade e integridade emocional pode (e deve) vir de uma variedade de fontes – não só do seu namorado. Se você colocar tudo nele, vai se frustrar e até mesmo por o relacionamento a perder.
Agradeça
Esta é uma boa lição e fico feliz em compartilhar. Todos nós gostamos de ser valorizado. Tento agradecer ao meu marido todos os dias. Sou grata quando ele faz um sanduíche para mim, por exemplo. John Gottman, um pesquisador fabuloso, afirma que um casal saudável precisa de cinco interações positivas para uma interação negativa. Dizer obrigado é certamente positivo.
Diga sim ao sexo
Assim como tudo na vida, seu desejo sexual terá altos e baixos. Isso é perfeitamente normal. No entanto, um grande erro que muitos casais de longa data fazem é ficar com preguiça de transar. O sexo pode ajudar a manter um relacionamento vivo e a falta dele pode dar fim a uma relação. Faça sua parte para se sentir sexy e ficar sexy. Eu trabalho fora de seis a sete dias por semana. Tenho 52 anos, e ainda me sinto extremamente sexy.
Assuma a responsabilidade.
Esta foi uma dura lição que aprendi. Quando eu era jovem ficava na defensiva durante uma discussão.Tinha de estar sempre certa. Mas percebi que meu comportamento era ineficaz. Entendi que era fechada a críticas porque minha formação foi muito dura. Nenhum de nós é perfeito. Estamos todos evoluindo e mudando. Quando alguém que amamos aponta um comportamento que precisa mudar, essa é uma boa oportunidade para crescer.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Regulação de Mídia e Direitos das Crianças e Adolescentes - edição atualizada
Data
| 2012 |
O presente documento é uma contribuição da ANDI e da Rede ANDI América Latina para o atual momento de debates e construção coletiva, baseado na compreensão de que um ecossistema midiático saudável deve, necessariamente, contar com aportes de, pelo menos, dois outros grupos sociais além do Estado: as empresas de comunicação (a quem cabe desenvolver modelos dinâmicos de autorregulação, diretamente vinculados às suas políticas de Responsabilidade Social Corporativa) e as organizações da sociedade civil (que devem assumir, de forma independente e técnica, uma função de monitoramento tanto das ações regulatórias dos Estados como das propostas de autorregulação).
A publicação reúne um diagnóstico dos marcos regulatórios e dos projetos de lei que existem em 14 países da América Latina com foco na proteção e promoção dos direitos de meninos, meninas e adolescentes no setor das comunicações.
|
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Livro ensina a fugir dos relacionamentos destrutivos
MARTHA MENDONÇA
Responda, leitora:
- Você parou de exercer alguma de suas atividades favoritas por causa do seu parceiro?
- Você diria que se sente esgotada, em vez de energizada, depois de interagir com aquele que é o homem da sua vida?
- Em público, ele se comporta de forma diferente do que faz quando vocês estão sozinhos?
- Ele frequentemente a acusa de estar flertando, de não estar onde você disse que estaria ou de envolvimento em atividades suspeitas?
- Você o flagra em mentiras que ele não admite, nem quando você tem provas?
- Ele se comporta de maneiras que a fazem sentir que ele é um adolescente e você é sua mãe?
- Seu parceiro costuma transformar discussões sobre assuntos importantes para VOCÊ em discussões ques só têm a ver com ELE?
- Ele concorda com várias condições de seu relacionamento, depois as ignora completamente, sem qualquer explicação razoável?
- Ele a tem depreciado ou criticado com frequencia, e depois insistido que estava “só brincando”?
- Você se vê muitas vezes tendo que dar desculpas por ele ou pela forma como ele se comporta?
- Você se vê frequentemente dizendo a si mesma “mas ele me ama…”, de modo a justificar os comportamentos dele que a magoam?
Essas e outras perguntas fazem parte de um teste do livro Ele não serve pra você – um guia para livrar-se de relacionamentos destrutivos, que será lançado no fim do mês pela Editora Rocco. A autora é Beth Wilson, americana especialista na área de aconselhamento, best-seller e campeã de audiência na internet. Ela o escreveu com a consultoria da psicóloga novaiorquina Maureen Therese Hannah. O alvo do livro são as mulheres que se deixam levar por seus sonhos de encontrar o amor e muitas vezes não conseguem desembarcar de relacionamentos problemáticos, que podem acabar com suas vidas.
A autora fala de como essa armadilha da relação doentia se arma sutilmente em torno dessa mulher. O medo de perder o parceiro é a chave de tudo – daí a ênfase em elevar a autoestima. Ela descreve as formas de controle desses homens, ataca a mitologia romântica e estimula a atenção aos próprios instintos.
Começar a ler o livro me fez lembrar de uma amiga que ficou casada cinco anos e saiu acabada deste relacionamento, em todos os aspectos. Ela não tinha o distanciamento necessário para perceber. Mas nós, amigos, de fora, odiávamos vê-la presa, deprimida, mal cuidada. Este homem não parava de colocá-la para baixo – inclusive em público. Quem estava por perto morria de vergonha e de raiva por ela. Mas se alguma vez alguém levantou a voz para defendê-la, ela própria pediu que parasse. Suas observações, seus gostos, sua maneira de ser, tudo ele criticava. Chegava a impedir que ela comesse docinhos em festas. Dizia que ela ia ficar cheia de celulites. Tudo da forma mais agressiva possível. Ela tentou se separar algumas vezes, mas aí ele se humilhava, pedia para voltar. Engordou, teve que tomar anti-depressivos, o cabelo caiu por causa do sistema nervoso. Foram cinco anos terríveis. Sorte que não tiveram filhos. Ela nunca o abandonou. Foi ele que arrumou outra (com quem já tinha um caso de mais de um ano) e acabou com o casamento. Minha amiga sofreu. Mas foi melhor assim. Aos poucos ela se reergueu e hoje está bem, com outro namorado – e o aprendizado do que não deve aceitar em um homem.
Num dos capítulos, Beth dá pistas dos tipos de homem de quem se deve fugir:
O narcisista
O foco é sempre neles e em suas necessidades e, mesmo quando a atenção se volta para outros, não permanece lá por muito tempo. (…) Os narcisistas são naturalmente abusivos no sentido psicológico e emocional porque quase não têm espaço para acomodar os outros. (…) São cronicamente atrasados (porque qualquer coisa que estejam fazendo é prioridade), esquecem de aniversários, julgam pessoas rapidamente. Quando sentem que você não está lhe dando total atenção, reagem com tiradas que induzem à culpa.
O “cara legal”
Uma vez uma amiga me ligou para perguntar se era normal que um cara sempre estendesse a mão para outra mulher, algumas que mal conhecia. Será que ele era apenas “legal demais”? Dois meses depois ela telefonou para contar que ele estava fazendo sexo com outras mulheres – tendo mentido a respeito. “Ajudar mulheres” era seu método de invadir suas vidas e, por fim, suas calças.
O predador
Cruel, coração frio, isento de empatia. (…) Os predadores são especialistas habilidosos em imitar uma ligação psicológica e emocional, e até mesmo espiritual. (…) Mas essas falhas podem ser imperceptíveis quando você está encantada por ele. Normalmente trabalham duro e estudam muito para atingir suas metas. (…) Mas só enxergam os que estão ao redor exclusivamente com relação às próprias necessidades e frequentemente afligem as outras pessoas por seu ganho próprio. (…) Mudam de humor rapidamente: se enfurecem e depois são subitamente meigos. Mentem sobre remorso.
O viciado
Você tenta lidar com isso de modo que os vizinhos não o vejam bêbado no jardim. Tenta esconder o dinheiro. Tenta ser uma esposa e uma mãe melhor para reduzir o estresse, e ainda pensa que você pode ser a causa disso tudo. (…)
O vicado em sexo
Ele oscila entre querê-la e se mostrar indiferente na cama? Fica no computador, escondido, à noite? Flerta em festas, quando acha que você não está olhando ou trata você como se fosse invisível quando é apresentado a uma mulher atraente? Sutilmente faz comentários depreciativos sobre seu corpo, seu peso, sua aparência, para mantê-la retraída? (…) E depois dirá que você está exagerando e que “todos os homens precisam ver pornografia” ou “todos os homens têm casos extraconjugais quando não estão satisfeitos em casa; qual o problema?” Também podem ser muito possessivos, já que para eles é inconcebível que outros homens não a estejam cobiçando, da mesma forma como ele cobiça outras mulheres.
E você, já teve um relacionamento destrutivo?
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Distrito Federal é líder em ligações para o 180
São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais são os estados que lideram o ranking de ligações para a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, em números absolutos, em 2011, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira, l5, pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). Se considerada a população feminina, o Distrito Federal aparece em primeiro lugar, com 13.558 ligações.
Violência física (lesão corporal leve) é tipo de relato mais freqüente (16.985) no serviço registrado no ano passado: o Rio de Janeiro somou 3.968; a Bahia, 2.481 casos; e a capital do País, 922 casos.
CENÁRIO - Denúncias de violência física contra mulheres corresponderam a 61,28% das 74.984 ligações feitas relacionadas à violência na Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, no ano passado. O serviço totalizou 667.116 ligações – uma média de 1.828 por dia, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira, 7, pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).
O PERFIL – O Ligue 180 é majoritariamente (98,97%) procurado por mulheres adultas, em período economicamente produtivo e biologicamente reprodutivo, a maioria entre 30 e 39 anos.
De acordo com o perfil das mulheres que recorrem ao serviço, 31,19% têm idades entre 20 e 29 anos; 32,08% entre 30 e 39 anos; 17,88% 40 e 49 anos e 8,64% entre 50 e 59 anos. Também foram registradas ligações feitas por homens: 3.402.
Os dados do balanço do ano mostram que 59,51% das vítimas não dependem financeiramente do agressor, evidenciando que essas mulheres têm dependência afetiva com os agressores.
Outro aspecto importante no quesito econômico dá conta que 8,45% das vítimas que contataram a Central são beneficiárias de programas de transferência de renda.
De volta à agenda
Menicucci ressoará as vozes das mulheres que abortam ilegalmente, diz antropóloga
DEBORA DINIZ*
Nova ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres trata aborto como questão de saúde pública
O aborto é uma questão de saúde pública. Essa é uma tese acadêmica dos anos 1980, quando os primeiros estudos mostraram a relação entre a morte das mulheres e o aborto inseguro. As mulheres morriam por perfuração uterina com agulhas de crochê ou sondas, envenenadas por chumbinho ou gravemente adoecidas sem assistência médica. Neste momento, essa é mais do que uma tese de acadêmicas e feministas: é a posição da nova ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci. As recentes declarações da ministra traçaram a fronteira entre sua posição como uma liderança intelectual do movimento feminista no Brasil e a posição do governo, o que não enfraquece sua convicção política de que o direito ao aborto deve ser inalienável às mulheres. O direito ao aborto estará na agenda política nacional e Menicucci ressoará as vozes das mulheres que abortam ilegalmente todos os anos.
O que fundamenta a tese da ministra de que "o aborto é uma questão de saúde pública"? Sabemos muito mais sobre como as mulheres fazem aborto, seus métodos e riscos, do que nos anos 1980, quando a tese da saúde pública ganhou força. A magnitude do aborto é uma forma simples de traduzir a tese da ministra: uma em cada cinco mulheres aos 40 anos já fez pelo menos um aborto. Ainda jovens, milhões de mulheres ultrapassam a fronteira da legalidade para abortar. Elas são jovens no início da vida reprodutiva que se deparam com uma gravidez não planejada. Muitas delas já são mães, autoridades no tormento sublime do cuidado de filhos. Entre a proibição legal, o castigo e o medo, as mulheres colocam suas vidas em risco e saem à procura de ervas, medicamentos ou clínicas para realizar o aborto na clandestinidade. A partir desse momento, elas passam a reanimar a vasta cultura do aborto, que se reproduz à margem da proteção do Estado.
Há uma cultura feminina do aborto no Brasil. Ela é vivida e contada por mulheres: as mães protegem suas filhas, e as amigas se reconfortam mutuamente, em uma vasta rede de mulheres que cuidam umas das outras. Elas são mulheres muito diferentes - classes, cores e regiões as demarcam como singulares, mas todas ativam o universo clandestino das práticas e métodos do aborto. A decisão de abortar demarca um rito existencial na vida de uma mulher, porém diferente do descrito pela narrativa religiosa da culpa ou do pecado. É o rito de viver uma experiência clandestina. Os traços de uma prática clandestina estão presentes: há risco, medo, violência e castigo. Nesse mundo feminino, os homens transitam como companheiros, médicos à margem da legalidade ou vendedores de Cytotec. Eles são também os inquisidores que as esperam nos hospitais públicos, nas delegacias ou nos tribunais. Não é uma cultura secreta, mas clandestina e resistente à força penal do Estado.
Não é só na magnitude do aborto que a tese da saúde pública se evidencia, mas na experiência individual de cada mulher para abortar. O atraso menstrual demarca o início do rito corporal. Há uma intensa negociação consigo mesma sobre o significado do atraso - uma alteração hormonal sem sentido ou uma gravidez. Os chás, ervas e líquidos entram em cena para investigar os sinais do corpo. Boldo, buchinha, "mal-com-tudo", sena, em chás isolados ou combinados a coca-cola, Anador, Sonrisal, são alguns dos líquidos mais comuns. Elas esperam a menstruação dar seus sinais. A espera é angustiante e não pode se estender, pois os riscos aumentam com as semanas de atraso menstrual. O segundo momento do rito é quando os homens de sua rede de cuidados entram em cena sob a supervisão de outras mulheres. Se ela opta por um aborto com medicamentos, caberá a ele comprar o Cytotec. Se for a uma clínica clandestina, os custos serão uma responsabilidade masculina. Muitas delas terminam o aborto em um hospital público.
Uma mulher só conhecerá os efeitos dessa combinação de chás, ervas e líquidos em seu próprio corpo. A literatura médica desconhece tanto seus poderes abortivos quanto os riscos à saúde de um chá de "mal-com-tudo" com coca-cola e aspirina, ingerido em jejum após uma noite de espera no sereno. Ela só saberá a procedência do Cytotec a partir dos efeitos em seu útero. As dores, o sangramento e a espera pelo aborto serão vividos diferentemente pelas mulheres, mas de uma maneira absurdamente solitária. Elas temem os hospitais, angustiam-se em pensar nos médicos e nas enfermeiras. Se há um trauma pós-aborto, ele não está na experiência de ter abortado, mas na de ter sido lançada, em uma ala de mulheres com recém-nascidos nos braços após uma curetagem. As mulheres temem ser julgadas, maltratadas e esquecidas pelos serviços de saúde. Por isso, aguentam as dores por horas intermináveis na tentativa de finalizar o aborto em casa. Essa é outra evidência de por que o aborto é uma questão de saúde pública: uma em cada duas mulheres finaliza o aborto em hospitais públicos.
A nova ministra conhece todas essas razões que fundamentam a tese do aborto como uma questão de saúde pública. Ela é autora de algumas delas. Fez pesquisa em hospitais com programas de aborto legal com mulheres vítimas de violência sexual. Seus estudos inspiraram uma geração de pesquisadoras, inclusive a mim. De professora a ministra, há uma diferença significativa de lugares e posições. Mas duas origens a nova ministra não poderá esquecer. A de feminista que conhece a experiência das mulheres que abortam, os seus medos e riscos. A de professora que conhece a legitimidade da pesquisa acadêmica para as políticas públicas do Estado. O aborto é uma questão de saúde pública e quem diz isso não é só a nova ministra, mas as mulheres e a ciência.
* DEBORA DINIZ É ANTROPÓLOGA, PROFESSORA DA UnB E PESQUISADORA DA ANIS - INSTITUTO DE BIOÉTICA, DIREITOS HUMANOS E GÊNERO
ONU critica legislação brasileira e cobra país por mortes em abortos de risco
Entidade destacou o fato de 200 mil mulheres morrerem em cirurgias clandestinas anualmente
Jamil Chade, de O Estado de S.Paulo
GENEBRA - O governo de Dilma Rousseff foi colocado nesta sexta-feira, 17, contra a parede pelos peritos da ONU, que acusam o Executivo de falta de ação sobre a morte de 200 mil mulheres por ano por conta de abortos inseguros e pedem que o País supere suas diferenças políticas e de opinião para salvar essas vítimas.
A entidade realizou seu exame sobre a situação das mulheres no Brasil e não poupou críticas ao governo. "O que é que vocês vão fazer com esse problema político enorme que tem?", cobrou durante a plenária a perita suíça Patricia Schulz.
Para os especialistas da ONU, a criminalização do aborto está ligada à alta taxa de mortes por ano.
Pressionada domesticamente pela CNBB e parte do Congresso, a ministra da Secretaria de Políticas para a Mulher, Eleonora Menicucci, em suas cinco horas de debates em Genebra, não concedeu mais de dois minutos para tratar do assunto. Um dia antes da reunião, a nova ministra disse que não abria mão de suas convicções pessoais em relação ao aborto. Mas garantiu que apresentaria à ONU as "diretrizes do governo".
Nesta sexta-feira, ao ser pressionada pelos peritos, limitou-se a dizer que o tema não era do Palácio do Planalto. "Essa é uma questão que não diz respeito ao Executivo, mas sim ao Congresso. Há um projeto de lei em tramitação e sabemos da responsabilidade de prevenir mortes femininas e maternas ", se limitou a dizer. No início de março, a entidade publicará suas recomendações ao Brasil, a partir do que escutou.
A ministra admitiu que o aborto estava entre as cinco principais causas de mortes de mulheres no Brasil, enquanto uma representante do Ministério da Saúde indicou que existem em funcionamento 60 serviços credenciados para realizar abortos dentro da lei e que essa rede será ampliada.
A resposta não convenceu os especialistas, que apontam que a divisão na sociedade brasileira sobre como tratar do aborto não pode ser motivo para permitir que as mortes continuem ocorrendo.
Os peritos da ONU insistem que não são a favor ou contra o aborto. Mas alertam que, seja qual for a lei em vigor no Brasil, a realidade é que milhares de mulheres estão morrendo a cada ano por conta dessas práticas e o estado precisa fazer algo. "As mulheres vão abortar. Essa é a realidade", disse Magaly Arocha, uma das peritas. "O comitê da ONU não pode defender o aborto. Mas queremos que o estado garanta que mulheres possam velar por suas vidas", disse.
A tentativa de Eleonora de jogar a responsabilidade para o Congresso não foi bem recebida. "Perdão. Mas não estou entendendo. Não está claro para mim qual a posição do governo. Não está claro se o Executivo e o Congresso vão na mesma direção. O que queremos saber é a posição do estado brasileiro, que é quem está sendo avaliado ", cobrou Arocha.
Schulz foi ainda mais enfática. Ela lembrou que, em 2007, a ONU já cobrou do Brasil que a criminalização do aborto fosse revisada pelo governo. "Mas lamentavelmente não vimos progressos e os esforços fracassaram", declarou. "Essa é uma questão muito preocupante. São 200 mil mortes por ano e essa alta taxa tem uma relação direta com a criminalização do aborto", disse.
"O código penal brasileiro é muito restritivo e, mesmo em casos legais, médicos temem conduzir os procedimentos", afirmou, acusando a polícia de também maltratar vítimas de abusos sexuais.
Schulz, uma das especialistas europeias de maior renome no campo dos direitos das mulheres, também destacou que, apesar de haver a possibilidade de abortos legais no Brasil por risco de vida da mãe e por estupro, o número de casos registrados chega a apenas 3 mil por ano. "Enquanto isso, existem 1 milhão de casos ilegais e 250 mil mulheres sendo internadas por complicações", alertou. "O que é que o governo está fazendo para humanizar essa situação ?", cobrou, lembrando que a camada mais pobre das mulheres é a que mais sofre. "A classe média e rica sempre vai encontrar boas soluções", disse.
Projeto. Outra critica levantada pela ONU foi em relação ao Estatuto do Nascituro, que tramita na Câmara. "Uma mulher não pode ser apenas o barco onde o feto cresce", disse Shulz. "Não se pode dar total prioridade ao bebê e deixar de lado a saúde da mulher", declarou.
"Se o Congresso aprovar isso, lamentavelmente estaremos fazendo um tremendo retrocesso nos direitos reprodutivos", declarou Arocha.
Mais uma vez, Eleonora optou por uma resposta vaga. "O projeto do Estatuto não saiu da secretaria. Saiu do Parlamento", disse, passando a palavra para a representante do Ministério da Saúde. Para o órgão, o governo já deu sete pareceres contra o projeto de lei. Mas admite que ainda assim o Estatuto tramita no Congresso.
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