Priscilla de Sá
Jornalista, psicóloga, coach, palestrante, especialista em liderança feminina e mãe
Publicado: 30/12/2014
2014 acabou, mas eu não posso deixar de apontar as duas figuras públicas femininas que, no meu entender, mais se destacaram pelas atitudes em relação às mulheres. Uma positiva e a outra negativamente.
Primeiro, a que mandou bem:
Emma Watson conquistou, aos 24 anos, uma alcunha bem mais interessante que a de "eterna bruxinha da saga Harry Potter". Durante o discurso de divulgação da campanha #HeForShe, promovida pela ONU, ela defendeu um feminismo sem regras, que inclui e liberta a todos - mulheres e homens - e se consagrou como o novo nome na defesa da eqüidade de gêneros.
Percebi que, apesar de admirarem as feministas clássicas, muitas jovens não se identificavam com Virgínia Woolf ou Betty Friedan. Nem mesmo com Leila Diniz. Carentes de referências mais próximas, elas encontraram, em Emma, a porta-voz competente, independente, estudiosa e fashion de um feminismo descomplicado, que dá vontade de seguir.
Agora, a que mandou (muito) mal:
Elizabeth Lauten. (Quem?). Elizabeth Lauten, assessora de um legislador republicano do Tennessee, tuítou sobre as filhas do casal Obama: "Queridas Malia e Sasha, sei que ambas estão nesses terríveis anos da adolescência, mas são parte da família presidencial, tentem mostrar um pouquinho de classe (...) Vistam-se de maneira respeitosa, não como em um bar".
Ao que parece, Sasha e Malia, de 13 e 16 anos, usavam minissaia e faziam cara de nojo, durante a cerimônia de Ação de Graças, na Casa Branca.
E daí? Quem nunca vestiu o que bem entendeu e fez careta num evento chato com a família?
Estamos acostumados a ver republicanos sendo republicanos, mas até agora não encontrei explicação para o desserviço ao feminino, prestado por essa senhora. Por que razão ela não teria suportado ver adolescentes negras podendo ser adolescentes negras na Casa Branca?
Espero que, depois do pedido de demissão, Lauten tenha procurado ajuda profissional. Quem teve uma adolescência bacana (e tem uma adultice bacana) não perde tempo implicando com teens.
P.S.: Em 2015, desejo que mais e mais mulheres entendam que não precisam ser consertadas, ajustadas, decifradas. E que acreditemos, com todas as nossas células, que perfeição é ser o que somos, de verdade.