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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Livros de colorir para desestressar adultos

Como uma atividade considerada infantil virou uma febre antiestreesse na Europa

MARINA RIBEIRO

18/12/2014 

Página do livro "Jardim secreto" (editora Sextante) (Foto: Sidinei Lopes/ÉPOCA)
Página do livro "Jardim secreto" (editora Sextante)
 (Foto: Sidinei Lopes/ÉPOCA)
Um estojo repleto de lápis de cor, estampado com uma flor sorridente, acompanha um livro de quase cem páginas. Poucas são as palavras, mas linhas pretas intrincadas em oposição ao fundo branco formam desenhos complexos. Páginas e páginas de desenhos esperando por cores. E quem carrega o material não é uma criança.

Livros de colorir para adultos foram uma das maiores novidades editoriais do ano na Europa. Somente na editora britânica Michael O'Mara, que conta com 19 títulos do gênero em seu catálogo, foram vendidos 250 mil exemplares até agora no Reino Unido. Segundo o gerente de vendas internacionais da editora, Pinelopi Pourpoutidou, 35 países já adquiriram direitos para reproduzir os livros. “Eles estão até vendendo mais do que livros de culinária na França!”, afirma empolgado. 

Segundo Pourpoutidou, a ideia de publicar produtos para adultos surgiu com os seguidos elogios dos pais que aproveitavam a gama de livros para crianças que a casa editorial publica sob o selo Buster Books. Decidiram então, publicar algo para eles com algumas modificações. “Os desenhos têm de ser mais complexos do que os livros para as crianças e os livros são projetados para serem bonitos e desejáveis.”
Antiestresse
Mais do que adultos interessados em arte ou em reviver a infância, os livros passaram a atender um público ainda maior: adultos estressados. Para isso, a grande sacada parece ter sido colocar as palavras “antiestresse” e “arte terapia” na capa.

O maior hit da Michael O'Mara, o livro The creative colouring book for grown-ups, foi  traduzido para o português e lançado em Portugal em junho (Arte-terapia Anti-Stress), na esperança de repetir, no sexto maior consumidor de antidepressivos do mundo, o sucesso já alcançado em outros mercados europeus. “Apesar de a moda ter se firmado em vários países, em Portugal ainda não obtivemos os resultados desejados”, afirmou Sara Nabais, do departamento de internacional da Editorial Presença, a editora portuguesa responsável pela tradução. A expectativa é que as vendas aumentem à medida que mais editoras lancem títulos e o gênero se torne mais comum.

Pourpoutidou aposta nisso. “Colorir é tão relaxante que, uma vez que as pessoas experimentam, elas são fisgadas.” Foi o que aconteceu com a estudante de letras e blogueira de literatura Camille Labanca, de 22 anos. Ela recebeu o livro Jardim secreto (Editora Sextante), que acaba de ser publicado no Brasil. Foi cativada pelo “antiestresse” estampado e se entregou à pintura. “Recebi numa sexta. Na segunda, metade do livro já estava pintada. Não sei se pintar é sempre uma técnica antiestresse, mas definitivamente funciona”, disse a carioca que está sempre buscando formas saudáveis de lidar com a ansiedade.

Coisa de criança
O hobby, é claro, não passa despercebido. “A primeira coisa que as pessoas pensam é que voltei aos cinco anos. É natural isso. Se eu visse uma pessoa na rua pintando com lápis de cor um livro com contornos para serem preenchidos, eu pensaria também. E fiz artes visuais”, diz Camille. As pessoas só entendem o hábito quando Camille conta que a pintura tem um efeito calmante. 

A terapeuta ocupacional Ana Leite, autora do site Reab.me,  afirma que o que podem parecer tarefas infantilizadas, são também próprias para adultos. “Em tempos em que o meio digital é tão presente na vida pessoal e de trabalho dos adultos, uma atividade manual não relacionada a tecnologia pode ser a alternativa leve e que proporciona bem estar.”

Mel Elliott, autora de alguns livros famosos nas redes por apresentar celebridades a serem coloridas (da modelo Cara Delevingne ao ator Benedict Cumberbatch), afirma que não há nada de infantil na prática. “Ninguém diria isso para tricô, bordado ou outros passatempos relaxantes.”
A arteterapeuta Deolinda Fabietti, especializada em cuidado do adulto, afirma que a pintura pode ser um canal para se expressar, ajudando a exercitar a criatividade e a alcançar maior autoconhecimento. “A arte atinge esse bem estar e traz um momento de relaxamento, que pode conduzir a um contato com seus conflitos e maneiras de lidar com eles”, diz.
Para Ana Leite, a pintura em livros pode ajudar aqueles que se cobram demais a relaxar. “Pintar quadros é uma atividade que o autor da obra, por mais simples que possa ser, tem um nível de cobrança e requer uma preocupação com harmonia e proporções que não encontramos com o ato de rabiscar, que ocorre de uma forma livre e mais espontânea”, afirma.
Não é terapia
Apesar dos benefícios, é importante saber que não se trata de uma terapia. “O título pode gerar essa confusão, mas não é qualquer passatempo que tem os benefícios terapêuticos”, diz Deolinda. Segundo a arte terapeuta, o estímulo gerado pelos livros pode criar reações interessantes como sudorese, dormência nas pernas ou sensações de tristeza ou prazer exacerbadas, que merecem ser observadas e podem ser depois trabalhados com um terapeuta certificado.

Caso decida testar pintar, confira algumas dicas da arte terapeuta para que o momento seja bem aproveitado:

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