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sábado, 13 de dezembro de 2014

Dois tipos de homens

Uns procuram a mulher da vida deles todos os dias. Outros esperam por ela, enquanto se divertem

IVAN MARTINS
10/12/2014

Nem só os gênios e profetas estão sujeitos a iluminações súbitas. Às vezes, gente normal como você e eu enxerga, repentinamente, a resposta a um problema com que vinha se debatendo há anos. Aconteceu comigo outro dia, numa mesa de bar. Em meio a uma conversa masculina cheia de ironias, sobre as vantagens e desvantagens de namorar, percebi que havia fundamentalmente duas maneiras de olhar para os relacionamentos. Em cada uma delas, havia um tipo essencial de homem: os que esperam e os que procuram.

Homens que gostam de namorar estão no mundo ativamente em busca da mulher da vida deles. Qualquer uma que atravesse seu caminho é candidata ao posto. Cada relacionamento que estabelecem é parte dessa busca. Eles não têm problema em criar laços ou manter relações. É isso é o que sabem fazer. Sua missão existencial é viver os relacionamentos de forma íntima e duradoura, como se fosse, cada um, um casamento. Dessa maneira são felizes. Vivem um afeto após o outro como se fosse único, em busca do grande amor. São românticos.

O outro tipo de homem não procura. Ele espera. Acredita que um dia aparecerá uma mulher que mereça mudar a sua vida. Enquanto isso não acontece, não tem nenhuma pressa. Diverte-se, descobre, seduz e se deixa seduzir. Impõe limites claros, embora subjetivos, à duração e intensidade dos relacionamentos. Com ele, as coisas não viram casamento sem querer. Nem namoros, na verdade. Ele gosta demais de mulher para se entregar facilmente a qualquer uma. É um romântico à espera da criatura irrecusável.

Não sei o que leva cada tipo de homem a ser como é. Minha teoria – infundada cientificamente – é que tem algo a ver com a importância relativa da mãe e do pai na vida de cada um. Homens com pais presentes, de personalidade forte, tendem a lidar com as mulheres de forma mais tranquila e menos urgente. São os que esperam. Homens que cresceram sob forte influência feminina parecem ter pressa em criar laços e estabelecer relações estáveis com as mulheres. São os que procuram. Por que as coisas são assim, e não ao contrário, é explicação que cabe aos psicanalistas.

Na vida real, nem sempre a tipologia sentimental é clara. Às vezes, um homem que espera estará procurando, enquanto um homem que naturalmente procura estará desinteressado de relacionamentos. São momentos que não alteram a trajetória essencial de cada um. Ao longo da vida, um homem que procura tenderá a ter menos mulheres e um número maior de relacionamentos estáveis – enquanto o homem que espera terá mais mulheres e um número menor de namoradas ou casamentos, independentemente de ser feio ou bonito, de ter uma conversa melhor ou pior. É a natureza dele que se impõe ao mundo.

Talvez seja útil para as mulheres observar os homens em quem estão interessadas sob a ótica dos dois tipos. Pode ajudar a entender a atenção ou desatenção que recebe.

Se um cara do tipo que que procura dá sinais precoces de estar interessado num relacionamento, isso não significa necessariamente que esteja apaixonado. É apenas o jeito dele de lidar com o sexo oposto. Estabilidade e confiança é o que ele tem a oferecer. Da mesma forma, o assédio sufocante de um homem do tipo que espera não quer dizer que ele deseje um relacionamento. Ele mostra interesse, mas isso não significa atenção no dia seguinte ou na próxima semana. Ao conhecer esses tipos, as mulheres podem escolher do que gostam, de acordo com suas próprias inclinações. É provável que, por baixo das convenções sociais, também as mulheres se dividam em tipos emocionais distintos quando se trata de relacionamentos. Algumas são aventureiras e desapegadas, outras são namoradeiras e casadoiras. Todas, como os homens, românticas à procura de um final feliz para si mesmas.

Homens e mulheres de todos os tipos talvez devessem considerar que o grande amor dos românticos não nasce em árvores. Nem cai como maçã nas nossas cabeças. A mulher ou o homem da sua vida não é uma fatalidade cósmica. É resultado de uma escolha. Num dado momento, a gente decide, no silêncio do nosso coração e da nossa mente, que é chegado o momento de amar e de se vincular. Quando nos permitimos isso, a pessoa aparece – para tipos que esperam, para tipos que procuram, para aventureiras e casadoiras. A escolha, no fundo, é sempre nossa. E isso é mais romântico do que parece.

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