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quarta-feira, 4 de abril de 2018

Pesquisadoras falam sobre mulheres e pesquisa científica

Suely Amarante e Irene Kalil
IFF/Fiocruz
08/03/2018

Segundo um estudo publicado em 2017 pela Elsevier, maior editora científica do mundo, nos últimos 20 anos a proporção de mulheres que publicam artigos científicos – principal forma de avaliação na carreira acadêmica – cresceu 11% no Brasil. Os dados mostram que, dentre os países pesquisados, Brasil e Portugal são os que mais contam com autoras em trabalhos científicos (49% do total), quase a mesma quantidade que os pesquisadores homens.

Para Vânia Matos, uma das coordenadoras de Pesquisa do Instituto Nacional de Saúde de Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), muitos avanços sociais promoveram o aumento da presença feminina no ambiente acadêmico nas últimas décadas, grande parte deles deflagrados pelas próprias mulheres e suas lutas: direito ao voto, controle sobre seu corpo, educação formal, apoio social no cuidado dos filhos, equiparações salariais, entre outras. “Provavelmente a inserção das meninas na carreira científica comece em casa, na família, pela sua própria mãe falando da importância da educação para sua emancipação social e econômica. Depois com seus professores, mostrando o papel da mulher na sociedade”, defende.
Na opinião de Vânia, a maior importância do crescimento de mulheres na pesquisa seja, talvez, a possibilidade de o olhar e a narrativa femininas atuarem na diminuição da desigualdade social, estabelecida em um mundo historicamente dominado pelo masculino. Hoje, são as mulheres que se destacam nas publicações de medicina no país: uma em cada quatro estudos publicados na área por pesquisadores brasileiros tem uma cientista como principal autora. Segundo Vânia, iniciativas como o Programa Mulher e Ciência (acesse a página), lançado em 2005 e fruto de grupo interministerial composto pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Educação (MEC), contribuíram, sem dúvida, para o incremento da participação de mulheres no campo das ciências e das tecnologias.
A também coordenadora de Pesquisa do IFF/Fiocruz Maria Elisabeth Lopes Moreira entende, no entanto, que, ainda que haja uma predominância de mulheres nos cursos de graduação em saúde, o mesmo não ocorre nas funções de direção dos órgãos de fomento. “Persiste a predominância de homens nesses cargos, assim como coordenando a maioria dos estudos financiados. Na área da criança, esse panorama é ainda mais dramático, sendo poucos os estudos financiados que têm à frente da equipe mulheres pesquisadoras”, conclui ela.
Martha Moreira, uma das coordenadoras de Ensino do Instituto, também concorda que, embora, numericamente, a área da saúde seja dominada pelas mulheres, ainda persiste um desequilíbrio no acesso às bolsas de produtividade e também com relação à ascensão na carreira. Ela ressalta, entretanto, que não apenas a quantidade de publicações é importante para as mulheres, pois a certeza do trabalho bem feito e o reconhecimento por ele recebido também geram satisfação. “Além disso, somos muito mais que o trabalho. Somos mulheres em ação: na vida e no mundo”, conclui a pesquisadora. 

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